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Filme sobre Copa dribla acusações de corrupção

O filme financiado pela Fifa dribla os problemas de corrupção que contaminaram a entidade nos últimos quatro anos


	Cena do filme United Passions: o filme não tem recebido boas críticas
 (Divulgação)

Cena do filme United Passions: o filme não tem recebido boas críticas (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2014 às 14h43.

Rio de Janeiro - A Fifa, órgão que administra o futebol, contribuiu com cerca de um quarto do orçamento de um filme sobre sua história, lançado recentemente, que dribla os problemas de corrupção que contaminaram a entidade nos últimos quatro anos.

“United Passions”, que estreou no Festival de Cinema de Cannes na semana passada, apresenta o ator Tim Roth, de Pulp Fiction, como o presidente da Fifa, Sepp Blatter, enquanto o francês Gérard Depardieu atua como o criador da Copa do Mundo, Jules Rimet.

Sam Neill estrela o papel de João Havelange, o ex-presidente que transformou a organização em uma máquina de fazer dinheiro antes de ser exposto e renunciar por receber propina de um sócio de marketing.

Frédéric Auburtin, que trabalhou em “O homem da máscara de ferro” com Leonardo DiCaprio, dirigiu o filme, que é baseado em conversas com funcionários e informações dos arquivos da organização com sede em Zurique.

Blatter, que tem 78 anos de idade e pode anunciar planos para um quinto mandato antes do início da Copa do Mundo, no mês que vem, esteve fortemente envolvido e se colocou à disposição para várias entrevistas, disse Louise Maurin, CEO da Leuviah Films, uma das produtoras, com sede em Paris.

“Quando o projeto nasceu artisticamente, eles nos deixaram fazer o que queríamos. Não houve qualquer pressão”, disse Maurin, em entrevista, em Paris.

Ela disse que a Fifa contribuiu com um quarto do orçamento do filme, de 23,5 milhões de euros (US$ 32 milhões). Com duração de um mês, a Copa do Mundo começa no dia 12 de junho em São Paulo e termina no dia 13 de julho com a final no icônico Maracanã, no Rio de Janeiro.

A Fifa efetuou mudanças nos últimos anos em um esforço para melhorar uma imagem abalada por casos de corrupção em meio a uma investigação contínua a respeito da atribuição da Copa do Mundo de 2022 ao Catar, emirado no Golfo Pérsico, em 2010.

Estão ausentes do filme figuras como o catariano Mohamed bin Hammam, ex-diretor do futebol asiático e ex-aliado de Blatter. Ele foi expulso após 15 anos no conselho por acusações de que tentou subornar votantes com envelopes recheados de dinheiro em uma tentativa de derrubar o presidente da Fifa, em 2011.

‘Filme histórico’

“Nosso filme não é uma investigação sobre a Fifa”, disse Maurin. “Nosso filme é um filme histórico sobre a história da Fifa de sua criação até agora. É uma ficção. Não é sobre negócios e corrupção”.

Blatter havia dito que deixaria o comando da entidade após sua última eleição, na qual ele acabou sendo o único candidato. Nas últimas semanas ele tem dito que será candidato novamente se as 209 associações-membros da Fifa pedirem.

Roland Buechel, membro do Parlamento suíço que trabalhou para a extinta sócia de marketing da Fifa, a ISL, disse que o filme é um exemplo dos esforços de Blatter para melhorar sua imagem, especulando que ele seja parte de um plano para ganhar o prêmio Nobel da Paz.

“Talvez o filme o ajude com isso também”, disse ele, por telefone. “É um alto preço pelo prêmio”.

O filme não tem recebido boas críticas. O jornal Guardian, do Reino Unido, previu corretamente que a película não conquistaria nenhum prêmio em Cannes, na França. O Mirror disse que a produção pode ser o pior filme sobre futebol da história.

A Fifa preferiu não revelar com que quantia contribuiu.

Os produtores tiveram acesso ao arquivo de filmes da Fifa e receberam apoio de seus departamentos de marketing e imprensa, além do escritório do secretário-geral, Jérôme Valcke, disse Maurin.

“Tivemos vários reuniões com Valcke para obter materiais para serem colocados no filme”, disse ela.

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