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Exposição em Tóquio que permitia roubo de obras durou dez minutos

Evento chamou atenção da polícia, mas organizadores esclareceram a situação

Tóquio: visitantes olham obras de arte em galeria na qual o roubo dos objetos era permitido (Miwa SUZUKI/AFP)

Tóquio: visitantes olham obras de arte em galeria na qual o roubo dos objetos era permitido (Miwa SUZUKI/AFP)

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AFP

Publicado em 12 de julho de 2020 às 15h00.

Última atualização em 13 de julho de 2020 às 17h54.

Uma galeria de arte de Tóquio sugeriu que os visitantes "roubassem" as obras que quisessem, e, por conseguinte, a exposição durou apenas 10 minutos. Como para muitos a cultura era o de menos, boa parte do recolhido acabou em sites de leilão. 

Os organizadores acharam que o evento seria bastante confidencial, mas as informações se espalharam rapidamente pelas mídias sociais.

Logo, quase 200 pessoas compareceram à abertura do evento, pouco antes da meia-noite da última quinta-feira, 9.

Os "malfeitores" foram tão eficazes que a exposição ficou esvaziada de suas obras em menos de dez minutos. A intenção era que durasse dez dias.

Havia tanta gente que a polícia teve que ir ao local, onde os organizadores esclareceram qualquer mal-entendido. Roubar era permitido.

Essa exposição funcionaria como um "experimento", supostamente para transformar a relação entre artistas e o público, segundo Tota Hasegawa, promotora do projeto, contou à AFP.

Yusuke Hasada, de 26 anos, conseguiu se apossar de uma nota emoldurada de 10.000 ienes (cerca de US$ 93), que fazia parte da instalação "My Money", do artista Gabin Ito.

Ele chegou uma hora antes do horário previsto para a abertura. O jovem, um dos poucos que não saiu de mãos vazias, posicionou-se estrategicamente em frente à entrada da galeria.

O prazer da transgressão

"Quando eles (os organizadores) anunciaram que abririam antes, todos atrás de mim se apressaram para entrar. Eu quase caí", relatou Hasada à AFP. "Foi aterrorizante", acrescentou.

O jovem diz que quer guardar o objeto para decorar o apartamento.

Já outros mostraram ter outros interesses: poucas horas após o "roubo", vários itens da exposição já estavam à venda nos sites de leilão, às vezes a preços de até 100.000 ienes (mais de US$ 900).

Yuka Yamauchi, uma engenheira de 35 anos, chegou quando faltavam quinze minutos para a meia-noite, a tempo de ver os outros saírem com as obras.

"Faz um tempo que não via tantas pessoas", ressalta Yamauchi. Hoje, a maioria dos habitantes de Tóquio evita aglomerações por medo de contrair o coronavírus, que na capital japonesa.

A jovem teve que se contentar com um prêmio de consolação: um pregador que provavelmente foi usado para pendurar uma das obras.

"Encontrei no chão, então guardei como lembrança", conta ela, rindo.

A possibilidade de roubar objetos atrai mais público e dá aos visitantes um certo prazer, o de transgressão, explica Minori Murata, artista que expôs carteiras com dinheiro e cartões de crédito.

A sociedade japonesa não tem o costume de desrespeitar as regras e proibições, e a incidência de criminalidade no país é muito baixa.

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