Documentário descobre soldado perdido há 44 anos no Vietnã
O filme conta a história do sargento do exército John Harley Robertson, que foi considerado morto após seu helicóptero ter sido derrubado enquanto realizava uma missão secreta
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2013 às 07h17.
Toronto - Durante 44 anos, os Estados Unidos acreditaram que o sargento do exército John Harley Robertson tinha morrido em 1968 em uma ação no Laos, mas agora o documentário "Unclaimed", que estreou no festival Hot Docs, revelou que ele viveu todo este tempo esquecido no Vietnã.
Robertson, que tem agora 76 anos, foi um soldado da unidade de Green Berets, forças especiais do exército, casado e com duas filhas, cujo helicóptero foi derrubado pela guerrilha vietnamita em 20 de maio de 1968 enquanto realizava uma missão secreta no Laos.
O exército americano, que estava em guerra contra as linhas de abastecimento da guerrilha Frente Nacional para a Libertação do Vietnã, foi incapaz de lançar uma missão de busca de sobreviventes. Robertson foi declarado desaparecido em ação e finalmente, em 1976, oficialmente dado como morto em combate.
Seu nome é um dos mais de 60 mil inscritos no monumento de Washington que presta homenagem aos soldados americanos mortos na Guerra do Vietnã.
Mas segundo o diretor canadense Michael Jorgensen, que realizou na noite de terça-feira a estreia mundial de "Unclaimed" em Toronto, Robertson não morreu no ataque a seu helicóptero, mas durante os últimos 44 anos viveu quase sem memória de seu passado e esquecido pelos Estados Unidos em uma remota área rural do Vietnã.
Segundo o documentário, após sobreviver ao ataque e ferido, Robertson foi capturado por guerrilheiros vietnamitas que o acusaram de ser um espião da CIA e o torturaram sistematicamente durante quatro anos.
"Me fecharam, no alto da floresta, em uma jaula. A tortura e a fome faziam com que perdesse a consciência regularmente. O soldado norte-vietnamita me batia na cabeça com um pedaço de madeira, gritando 'americano'. E me batia outra vez mais forte. Pensei que morreria. Nunca disse nada, apesar da tortura", diz Robertson no filme.
Apesar de meses de cativeiro e maus-tratos, que o deixaram com uma condição física e mental crítica, Robertson escapou. Durante um tempo, se escondeu na floresta até que foi descoberto pela viúva de um soldado vietnamita leal ao governo apoiado pelos Estados Unidos.
A mulher, enfermeira de profissão, o protegeu e cuidou de seus ferimentos. Robertson assumiu a identidade de seu marido morto, Dan Tan Ngoc, se declarou vietnamita de origem francesa e teve quatro filhos com sua nova esposa.
Segundo o diretor do filme, Robertson sente "uma incrível lealdade" à mulher que o salvou de uma provável morte.
Durante décadas, Robertson viveu a vida de um camponês vietnamita até que, em 2008, Tom Faunce, um veterano americano dedicado a buscar centenas de soldados americanos desaparecidos durante a Guerra do Vietnã, o localizou.
No entanto, Robertson mostrava os primeiros traços de demência e tinha esquecido inclusive o idioma inglês.
"É a síndrome da segunda linguagem", explica o psicólogo da Universidade de Alberta (Canadá) Martin Mrazik, entrevistado no documentário por Jorgensen.
Após entrevistar Robertson, Faunce teve certeza de que o camponês vietnamita era na realidade o soldado das forças especiais americanas esquecido por todos no interior do Vietnã.
Faunce convenceu Jorgensen, e os dois começaram a investigar a história de Robertson. Um dos soldados que conheceu Robertson, Ed Mahoney, viajou com Faunce e Jorgenson ao Vietnã e reconheceu imediatamente seu antigo companheiro.
O diretor e o ativista americano conseguiram fazer com que Robertson extraísse um molar para analisá-lo e provar que seu proprietário tinha crescido nos Estados Unidos.
Em 2010, Robertson foi à embaixada dos Estados Unidos no Vietnã para tentar obter sua identificação através de suas impressões digitais. A resposta que Faunce recebeu das autoridades americanas é que "não há suficientes provas que demonstrem que ele é John Hartley Robertson".
O único exame que serve como prova é o que permite comparar seu DNA com o de parentes vivos. Mas as duas filhas americanas de Robertson se negaram a passar pelo teste.
Segundo Jorgensen, embora uma das filhas de Robertson tenha aceitado inicialmente realizar o exame, pouco após se reunir com o general das forças especiais dos Estados Unidos Ed Reeder, mudou de opinião.
A outra possibilidade é um teste de DNA da única irmã viva de Robertson, Jean Robertson-Holley, de 80 anos de idade.
Mas depois de Faunce e Jorgensen reunirem John e Jean no Canadá em 2012, uma das cenas mais emocionantes do filme, a irmã de Robertson não teve nenhuma dúvida de que o camponês vietnamita é mesmo seu irmão.
Toronto - Durante 44 anos, os Estados Unidos acreditaram que o sargento do exército John Harley Robertson tinha morrido em 1968 em uma ação no Laos, mas agora o documentário "Unclaimed", que estreou no festival Hot Docs, revelou que ele viveu todo este tempo esquecido no Vietnã.
Robertson, que tem agora 76 anos, foi um soldado da unidade de Green Berets, forças especiais do exército, casado e com duas filhas, cujo helicóptero foi derrubado pela guerrilha vietnamita em 20 de maio de 1968 enquanto realizava uma missão secreta no Laos.
O exército americano, que estava em guerra contra as linhas de abastecimento da guerrilha Frente Nacional para a Libertação do Vietnã, foi incapaz de lançar uma missão de busca de sobreviventes. Robertson foi declarado desaparecido em ação e finalmente, em 1976, oficialmente dado como morto em combate.
Seu nome é um dos mais de 60 mil inscritos no monumento de Washington que presta homenagem aos soldados americanos mortos na Guerra do Vietnã.
Mas segundo o diretor canadense Michael Jorgensen, que realizou na noite de terça-feira a estreia mundial de "Unclaimed" em Toronto, Robertson não morreu no ataque a seu helicóptero, mas durante os últimos 44 anos viveu quase sem memória de seu passado e esquecido pelos Estados Unidos em uma remota área rural do Vietnã.
Segundo o documentário, após sobreviver ao ataque e ferido, Robertson foi capturado por guerrilheiros vietnamitas que o acusaram de ser um espião da CIA e o torturaram sistematicamente durante quatro anos.
"Me fecharam, no alto da floresta, em uma jaula. A tortura e a fome faziam com que perdesse a consciência regularmente. O soldado norte-vietnamita me batia na cabeça com um pedaço de madeira, gritando 'americano'. E me batia outra vez mais forte. Pensei que morreria. Nunca disse nada, apesar da tortura", diz Robertson no filme.
Apesar de meses de cativeiro e maus-tratos, que o deixaram com uma condição física e mental crítica, Robertson escapou. Durante um tempo, se escondeu na floresta até que foi descoberto pela viúva de um soldado vietnamita leal ao governo apoiado pelos Estados Unidos.
A mulher, enfermeira de profissão, o protegeu e cuidou de seus ferimentos. Robertson assumiu a identidade de seu marido morto, Dan Tan Ngoc, se declarou vietnamita de origem francesa e teve quatro filhos com sua nova esposa.
Segundo o diretor do filme, Robertson sente "uma incrível lealdade" à mulher que o salvou de uma provável morte.
Durante décadas, Robertson viveu a vida de um camponês vietnamita até que, em 2008, Tom Faunce, um veterano americano dedicado a buscar centenas de soldados americanos desaparecidos durante a Guerra do Vietnã, o localizou.
No entanto, Robertson mostrava os primeiros traços de demência e tinha esquecido inclusive o idioma inglês.
"É a síndrome da segunda linguagem", explica o psicólogo da Universidade de Alberta (Canadá) Martin Mrazik, entrevistado no documentário por Jorgensen.
Após entrevistar Robertson, Faunce teve certeza de que o camponês vietnamita era na realidade o soldado das forças especiais americanas esquecido por todos no interior do Vietnã.
Faunce convenceu Jorgensen, e os dois começaram a investigar a história de Robertson. Um dos soldados que conheceu Robertson, Ed Mahoney, viajou com Faunce e Jorgenson ao Vietnã e reconheceu imediatamente seu antigo companheiro.
O diretor e o ativista americano conseguiram fazer com que Robertson extraísse um molar para analisá-lo e provar que seu proprietário tinha crescido nos Estados Unidos.
Em 2010, Robertson foi à embaixada dos Estados Unidos no Vietnã para tentar obter sua identificação através de suas impressões digitais. A resposta que Faunce recebeu das autoridades americanas é que "não há suficientes provas que demonstrem que ele é John Hartley Robertson".
O único exame que serve como prova é o que permite comparar seu DNA com o de parentes vivos. Mas as duas filhas americanas de Robertson se negaram a passar pelo teste.
Segundo Jorgensen, embora uma das filhas de Robertson tenha aceitado inicialmente realizar o exame, pouco após se reunir com o general das forças especiais dos Estados Unidos Ed Reeder, mudou de opinião.
A outra possibilidade é um teste de DNA da única irmã viva de Robertson, Jean Robertson-Holley, de 80 anos de idade.
Mas depois de Faunce e Jorgensen reunirem John e Jean no Canadá em 2012, uma das cenas mais emocionantes do filme, a irmã de Robertson não teve nenhuma dúvida de que o camponês vietnamita é mesmo seu irmão.