Literatura: em sua obra, Steiner em numerosas ocasiões lidou com o paradoxo do poder moral que a literatura detém (Kryssia Campos/Getty Images)
EFE
Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 15h35.
Nova York — O crítico literário, ensaísta e filósofo franco-americano George Steiner morreu nesta segunda-feira aos 90 anos de idade.
Steiner morreu em casa, na cidade de Cambridge, no Reino Unido, e foi um dos críticos literários mais conhecidos da revista "The New Yorker", onde trabalhou de 1966 a 1997, mas também se destacou por seus ensaios e pelo trabalho como professor.
Em sua obra, Steiner em numerosas ocasiões lidou com o paradoxo do poder moral que a literatura detém, que, no entanto, não tinha nenhuma capacidade de ação diante de eventos como o Holocausto.
"Sabemos doravante que um homem pode ler Goethe e Rilke à noite, desfrutar de trechos de Bach e Schubert, e na manhã seguinte, ocupar-se de seu trabalho cotidiano em Auschwitz (o campo de extermínio nazista que matou milhões de judeus)", disse Steiner em uma de suas frases mais famosas.
Durante a carreira, Steiner foi uma personalidade polêmica, que atraia seguidores por sua erudição e brilhantes argumentos, mas que alvo de críticos que o acusavam de ser pretensioso e impreciso.
Em suas memórias, o próprio escritor lamentou ter se dedicado a vários campos ao mesmo tempo e pela "ausência de qualquer escola ou movimento" para guiar seus pensamentos.
Steiner nasceu em Paris, em 1929, em uma família de judeus. Depois de ser educado em francês, inglês e alemão, foi com seus pais para Nova York em 1940, no auge do antissemitismo na Europa.
Depois de formar-se na Universidade de Chicago em 1948 e concluir um mestrado pela Universidade de Harvard dois anos depois, Steiner trabalhou como editor da revista "The Economist" de 1952 a 1956, tempo em que obteve doutorado pela Universidade de Oxford.
Ao longo da vida, ele trabalhou como professor nas universidades de Genebra, Nova York e Harvard.