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Como futebol feminino tem atraído grandes patrocinadores para os times

Parcerias de diferentes áreas em clubes, entidades esportivas e transmissões aumentam a visibilidade do esporte no país

Palmeiras tem ações específicas para equipe de futebol feminino (Palmeiras/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2022 às 08h00.

Patrocínios de grandes marcas a equipes do futebol feminino e entidades esportivas não para de crescer e evidencia que a modalidade já virou uma realidade no Brasil. Nesta semana, o Palmeiras acertou contrato de patrocínio com o Cartão de Todos, válido até julho de 2023.

Em maio deste ano, o time já havia fechado com a Betfair para aumentar os investimentos na equipe. Além de estampar a parte da frente da camisa das atletas, o acordo contempla um cartão de benefícios licenciado pelo clube, nomeado como Cartão de Todos Palmeiras, a ser lançado em breve.

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"Como já diz nosso próprio nome, somos para todos. Ter um investimento focado nas mulheres, na equipe do Palmeiras, nos alegra muito. Faremos ativações, promoções e proporcionaremos experiências para que cada vez mais a modalidade seja apoiada pela torcida e tenha engajamento”, comentou Victor Oliveira, gerente de comunicação do Cartão de Todos.

No rival Corinthians, o acordo com a empresa de casa de apostas galera.bet foi ampliado em maio deste ano. A parceria, que já existia desde a disputa da Supercopa, em fevereiro, passou a valer até o final de 2023. A logomarca da empresa está estampada na região do ombro do Timão e exposta nas redes sociais, nas placas do Centro de Treinamento e nas entrevistas.

“Quando penso no futebol feminino, a primeira palavra que vem à cabeça é resiliência. Por muitos anos foi renegado e até proibido. E veja onde elas chegaram. Em uma época em que falamos tanto sobre a necessidade de igualdade em todas as esferas, apoiar essa modalidade significa dar força à mudança de postura, trazendo à tona o quanto essas meninas são profissionais, talentosas e merecedoras de seu sucesso", aponta Ricardo Bianco Rosada, CMO do galera.bet, empresa que também já era patrocinadora do Brasileirão Assaí Feminino.

“Podemos observar que há mais interesse das companhias em apoiar as equipes de futebol feminino. A modalidade está entrando no radar das grandes empresas e conseguimos assistir ao desenvolvimento dentro e fora das quatro linhas. Esse crescimento da categoria não é apenas algo momentâneo, é algo que veio para ficar”, diz Armênio Neto, especialista em geração de receitas na indústria esportiva.

No Rio Grande do Sul, o Internacional é a primeira instituição a contar com o investimento focado principalmente no futebol. Em junho deste ano, o Colorado anunciou de uma vez só parceria com a EstrelaBet para o time masculino (omoplata) e feminino (máster). “Os investidores olham para o Inter como um bom lugar para promover suas marcas, e os novos parceiros são de grande importância e comprovam a boa administração da modalidade. A escolha das empresas por nossa instituição mostra toda a nossa força e representatividade”, afirma Jorge Avancini, vice-presidente de Marketing do Colorado.

Para Fabio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports, a solidificação comercial da categoria impulsiona os investimentos dos times no esporte. “Por conta do fortalecimento do futebol feminino, observamos um grande número de companhias interessadas em apoiar a categoria. Essas parcerias conquistadas pela modalidade impulsionam o desenvolvimento do esporte dentro e fora de campo. Grande exemplo disso é a quantidade de novos acordos sendo celebrados por equipes do futebol brasileiro”, conta.

O executivo é um dos principais organizadores do Brasil Ladies Cup, torneio internacional que terá a segunda edição em novembro e já com 13 partidas confirmadas a serem transmitidas ao vivo no SporTV. Além de São Paulo (atual campeão), Flamengo, Palmeiras, Santos, Ferroviária, Internacional e Universidad de Chile, quem confirmou presença foi o Atlético de Madrid, da Espanha.

Um dos pontos altos da competição não é apenas o que acontece dentro de campo, mas também fora dele. O evento quer ser uma referência em futebol feminino ao também promover uma semana de intercâmbio de conhecimento com palestras de diversos temas, como Liderança, Gestão, Marketing e Mídia, troca de experiências por meio da clínica de futebol e ações sociais.

“É um meio importante de comunicação com o público feminino e engajamento em lutas por direitos e conquistas sociais. E existe o aumento da quantidade de atletas que podem gerar recursos para os clubes através de vendas e empréstimos, além da utilização de sua imagem”, diz o diretor-geral do futebol feminino do Internacional, Cláudio Curra. Ele entende que a fomentação do futebol feminino dentro e fora das quatro linhas pode proporcionar diversos tipos de benefícios. "O público passa a consumir mais produtos vinculados à modalidade; as cotas de transmissão crescem e as premiações, igualmente. O valor e alcance de mercado das atletas também”, avalia.

Hans Schleier, diretor de marketing da Casa de Apostas e parceiro comercial da TV Bandeirantes, emissora que está transmistindo o Campeonato Brasileiro Feminino, segue linha parecida. "É fundamental fazermos parte desse processo de crescimento do futebol feminino. A categoria já é uma realidade. O investimento melhorou, os clubes estão com estruturas mais modernas e os torneios são bem desenvolvidos. Devemos acompanhar o mercado e incentivar", analisou.

Equipes emergentes também têm valorizado e garantido o seu espaço dentro da categoria. Pela primeira vez tendo disputado o Campeonato Brasileiro da Série A3, o Cuiabá tem expandido suas forças na modalidade e inclusive já possui categorias de base na modalidade feminina. A tendência é aumentar os investimentos para os próximos anos. "O futebol feminino está crescendo muito e vai crescer muito mais nos próximos anos, falo isso em âmbito nacional. Tem muitas equipes no Brasil todo aumentando os seus investimentos e apostando na categoria, nós não somos diferentes", aponta Cristiano Dresch, vice-presidente do clube.

Já o time feminino do Avaí passou a ser totalmente gerido pelo clube no início deste ano, com a eleição do presidente Júlio César Heerdt e sua chapa. Com patrocínios de Pixbet, UNIARP e WOA, a ideia da nova gestão é revitalizar o futebol feminino, modernizar seus departamentos e projetar avanços esportivos significados para as próximas temporadas.

Em outras praças, clubes tradicionais também apostam suas fichas. No Rio, o Flamengo divulgou o "Elas Jogam", iniciativa em conjunto com o Mercado Livre. O projeto consiste em uma carta que garante bolsa integral para a escola do clube, kit com brindes e produtos. A empresa argentina estampa sua marca nas costas das jogadoras do clube carioca. Já o Fluminense anunciou no primeiro semestre o fechamento do acordo com a Universidade de Vassouras (Univassouras). Com contrato válido até o fim do ano, a instituição de ensino irá expor sua marca em todos os torneios da temporada. O pacto marca o primeiro patrocínio máster da história do futebol feminino do Tricolor das Laranjeiras.

Em Minas, o Atlético-MG, que está na primeira divisão do Campeonato Brasileiro, conta com seis patrocinadores para o time feminino, sendo que dois deles, caso da Blink e Tim, são exclusivos. Pedro Melo, responsável pela área comercial do Galo, e que atua na captação e gestão de patrocínios, explica que o clube tem procurado montar times competitivos para estar sempre disputando o título dos torneios que participa, uma vez que isso também ajuda a atrair mais patrocinadores.

“Eu acredito que o futebol feminino tem crescido a cada ano e as empresas estão olhando para isso. No nosso caso, tem patrocinadores que estão no masculino e também patrocinam o feminino, porque compreendem a importância e a representatividade que as mulheres estão tendo no futebol”, acrescenta Melo.

O executivo também destaca o crescimento da modalidade no âmbito dos negócios. “O mercado está olhando mais para esse nicho. Obviamente não tanto quanto o masculino, mas já é possível notar um progresso. Neste momento, há vários clubes que possuem grandes empresas apoiando e acho que isso é uma grande demonstração de força do futebol feminino”.

Estaduais também saem fortalecidos

Dentre as competições estaduais, a visibilidade é a mesma. O Campeonato Paulista Feminino, que começa nesta quarta-feira (10), anunciou um aumento na premiação oferecida, saltando de R$ 140 mil oferecidos em 2021, para R$ 1 milhão ao vencedor nesta temporada.

Somadas todas as premiações, serão distribuídos R$ 2,6 milhões, um recorde até então. No campo das transmissões, todos os embates serão televisionados, seja por meio de streaming ou canais de TV fechada. Além de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, participarão da disputa Ferroviária, RB Bragantino, Portuguesa, São José , EC São Bernardo, Pinda e Realidade Jovem.

Responsável pelo projeto lusitano há 14 anos, Prisco Palumbo relata a evolução do campeonato e as expectativas da Portuguesa para o estadual. “Nos últimos anos, os campeonatos se reestruturam, é evidente a evolução técnica das meninas. Com o futebol feminino em alta, o interesse dos patrocinadores também cresce, o que reflete no aporte dos clubes. Para esta edição, fizemos uma preparação mais longa e esperamos que os resultados sejam mostrados dentro de campo.”

Na última edição, o Paulistão registrou o recorde de público no país. Na finalíssima entre Corinthians e São Paulo, em Itaquera, mais de 30 mil pessoas acompanharam o Majestoso, que culminou com a vitória da equipe da casa.

Já no Estadual do Rio Grande do Sul, a mesma empresa patrocinadora das Gurias Coloradas do Internacional, a EstrelaBet, anunciou que também vai ser parceira oficial do Campeonato Gaúcho Feminino, com objetivo de aumentar ainda mais o fomento ao futebol feminino no país.

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