Cartas de amor à musa: a coleção de fotos que ilustra o Calendário Pirelli 2023
O Calendário Pirelli 2023, assinado por Emma Summerton, é uma celebração à força das mulheres
Julia Storch
Publicado em 17 de janeiro de 2023 às 07h00.
O fascínio de uma suposta fragilidade que se torna força. Essa é a mensagem que as modelos escolhidas para o Calendário Pirelli 2023 transmitem nas fotos de Emma Summerton.
Para a 49aedição do The Cal, o mais celebrado calendário do mundo, a fotógrafa australiana procurou musas, figuras capazes de influenciar positivamente seu redor. E dedicou-lhes declarações de carinho e respeito em cada foto. Até no título: Cartas de amor à musa .
“As musas originalmente representavam não apenas fontes de inspiração mas também pessoas talentosas na literatura, nas ciências e nas artes”, explicou Summerton, que já assinou mais de 50 capas de revistas de moda, em entrevista à EXAME Casual.
Por isso, a artista atribuiu um papel diferente a cada uma das 14 modelos fotografadas para o calendário. Mulheres escolhidas não só pela beleza mas também pela versatilidade de seus talentos e pela dedicação a causas.
São elas Lila Moss, como vidente; Guinevere Van Seenus, a fotógrafa; Adwoa Aboah, a rainha; Karlie Kloss, a especialista em tecnologia; Sasha Pivovarova, a pintora; Lauren Wasser, a atleta; Emily Ratajkowski, a escritora; Cara Delevingne, a artista; Bella Hadid, a elfa; Kaya Wilkins, a musicista; Precious Lee, a contadora de histórias; He Cong, a sábia; Adut Akech, a caçadora de sonhos; e Ashley Graham, a ativista.
Um trabalho de 28 fotos realizadas entre Nova York e Londres, com um estilo onírico que celebra não apenas a arte mas também a imagem das mulheres, exaltando diversos pontos de vista. Cada uma delas com uma suposta fraqueza própria. Mas todas com uma enorme vontade de transformá-la em algo superior. Em uma força.
Guinevere, por exemplo, é uma modelo de 46 anos. Dona de uma beleza deslumbrante, é considerada “velha demais” para as passarelas. “Com os anos passando, as discriminações por minha idade iam aumentando. Mas nunca me senti tão bem como hoje”, disse.
A modelo Lauren Wasser quase morreu por um choque anafilático provocado por um gel de um absorvente interno usado por tempo demais. Ela teve ambas as pernas amputadas, começou a usar próteses douradas, que se tornaram sua assinatura, e hoje treina com a seleção paralímpica dos Estados Unidos, corre a Maratona de Nova York e desfila para Louis Vuitton, Adidas e H&M.
“Decidi tornar pública minha condição. De um desfecho quase mortal surgiu uma ativista que quer salvar outras mulheres”, diz. Já Adut Akech, modelo do Sudão do Sul, refugiou-se na Austrália durante a sangrenta guerra civil em seu país. “Nunca terei vergonha de coisas como crescer em um campo de refugiados. Se eu consegui chegar aonde estou, todos conseguem”, disse ela.
Para Marco Tronchetti Provera, CEO global da Pirelli, “as crises, como a atual, são momentos de grandes oportunidades. Momentos em que entendemos a necessidade de trabalhar juntos para superar os desafios. É também por isso que é necessário dar às mulheres cargos de maior responsabilidade. A contribuição delas é essencial”.
Com sua nova edição, o Calendário Pirelli se confirma como ícone da arte moderna, da elegância e da exclusividade. A obra não é comercializada, mas somente distribuída para personalidades selecionadas.
O The Cal é um marco temporal que representa não apenas a evolução da fotografia mas também as mudanças da sociedade e dos temas debatidos ao longo de um tempo cadenciado pelas próprias páginas do folhetim. Mês após mês, ano após ano.