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Brasil paga preço de perder "boom" latino, diz Nélida Piñon

A escritora diz que o país perdeu o "boom" latino da década de 1970 e, somado a outros motivos, paga o preço de ser um país periférico na literatura mundial

Nélida Piñon: "a criação brasileira é de primeira, mas o reconhecimento nos faz um país periférico" (Elisa Cabot/Wikimedia Commons/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2014 às 07h42.

Rio de Janeiro - Para a escritora e imortal da Academia Brasileira de Letras Nélida Piñon, o Brasil perdeu o "boom" latino-americano da década de 1970 e, por isso, somado a outras circunstâncias, paga o preço de ser um país "periférico" na literatura mundial.

"A criação brasileira é de primeira, mas o reconhecimento nos faz um país periférico", afirmou a escritora à Agência Efe, por ocasião da publicação de seu novo livro, "A Camisa do Marido", que será lançado nesta quarta-feira no Rio de Janeiro.

Nélida se sente lisonjeada por ter sido incluída na lista de escritores que situaram a América Latina no mapa literário mundial, mas é taxativa ao ressaltar que nem ela "nem nenhum brasileiro fez parte do boom".

A romancista, filha de imigrantes galegos, explicou que, em parte, a literatura espanhola alcançou um lugar preeminente no mundo por conta do exílio dos intelectuais após a Guerra Civil no país.

Além disso, houve o "exílio voluntário" de muitos latino-americanos que se mudaram para a Europa, segundo ela, na busca de reconhecimento para suas obras e de ampliar seus horizontes intelectuais.

"O reconhecimento teria sido muito difícil em seus países. Mario Vargas Llosa não podia ficar em seu país. Não podia ficar no Peru, pois isso teria dificultado sua ascensão. Nesses lugares (do exílio) as obras não só foram reconhecidas, como ele cresceu como ser pensante", comentou.

No caso dos escritores brasileiros, segundo ela, nenhum deles ficou na Europa e "todos voltaram correndo" com a anistia decretada em 1979, seis anos antes do fim da ditadura. Em sua opinião, isso dificultou a difusão de suas obras para além de seu país.

"É muito interessante a fascinação por nossa pátria, mas isso tem um preço. Foi o que escolhemos e agora não há reconhecimento", argumentou.

Nélida também lamenta a falta de apoio financeiro das autoridades brasileiras, o que leva os escritores a terem "que viver na estrada" para financiar o trabalho, e acabam assim com menos tempo para criar.

"Se você quer se formar intelectualmente, tem que pagar com seu dinheiro e encontrar brechas em seu tempo para escrever de madrugada. Agora melhorou um pouco, mas o meu início foi dificilíssimo. Você pode dizer tranquilamente que não deve nada ao Estado brasileiro, mas sim o contrário, o Estado brasileiro que te deve tudo", opinou.

Aos 77 anos, a autora defende o escritor que deixa sua obra para o país como um legado, "como um patrimônio", e reforça que "um país sem literatura é um país medíocre".

"Penso que sempre tive que trabalhar demais em coisas que não são de criação. O escritor brasileiro se empenha demais nas coisas que depois não vão perdurar e tem menos tempo para sua obra. É uma pena", afirmou.

Sobre sua volta aos contos, já que seu último livro do gênero foi lançado em 2001, a ganhadora do Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras em 2005 explicou que "A Camisa do Marido" tem nove textos, que em sua maioria abordam dramas familiares com questões como inveja, paixão, vingança, solidão e tragédia.

"A família é um microcosmos, tudo está dentro: os dramas, os desesperos", comentou a autora, revelando que gosta de personagens imperfeitos, os que "desafiam" sua visão cosmopolita de mundo.

"Não quero um personagem que pega um garfo perfeitamente como se estivesse em um jantar. Posso usar esse aspecto, mas gosto dos personagens que se afinam com a grosseria, com a escatologia, como se fosse um ser medieval", ressaltou.

Três dos nove contos de seu novo livro são homenagens: um é dedicado ao imperador espanhol Carlos V, outro mostra o escritor português Luís de Camões passando miséria em sua velhice e o terceiro é uma versão de um episódio de Dom Quixote.

Nélida pretende voltar a escrever contos, porque, como diz, "disciplina muito" e obriga a condensar os sentimentos e "colocá-los de certo modo em uma cápsula" devido ao tamanho limitado do texto.

Nesse sentido, defende que "o grande contador de histórias" deve tratar "qualquer página sua como se fosse um ourives".

"Muita gente pensa que o romance pode ser pretexto para estender uma narrativa que, na verdade, já acabou e que poderia ser enxuto. Eu não. Acho que cada frase que você escreve tem que ter uma razão de ser. Não suporto a banalidade das frases inúteis", concluiu.

São Paulo - A maneira como você percebe e compreende o mundo pode ser o principal entrave para que seus planos (sabe aqueles que você jurou de pé junto que cumpriria em 2014?) não saiam nunca do papel.  Para que você saia deste labirinto de pensamentos automáticos, selecionamos, com a ajuda de alguns especialistas, 13 livros que apresentam a carreira , a vida e o mundo de uma maneira pouco convencional.  Na seleção, há desde obras do filósofo Sören Kierkegaard até a autobiografia do cineasta John Huston. Confira.
  • 2. The 5 Essentials

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  • Veja também

    A chave para o sucesso está em você. A frase repetida por autores de autoajuda por aí, neste livro, ganha argumentos práticos elencados pelo neurocientista cognitivo Bob Deutsch.

    Com base em entrevistas feitas com pessoas que, aparentemente, atingiram o ápice do próprio potencial, Deutsch elenca os cinco fatores essenciais para uma vida plena.

    “Você pode usar os seus próprios recursos internos para isso”, afirma Marcio Beauclair, diretor de planejamento da agência África.

    The 5 Essentials: Using Your Inborn Resources to Create a Fulfilling Life
    Bob Deutsch
  • 3. O ponto da virada

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  • O que diferencia uma ideia que viraliza de uma que cai no ostracismo do conhecimento? O que falar então de produtos que entram na moda daqueles que ficam parados nas prateleiras?

    Em “O ponto da virada”, Malcolm Gladwell investiga exatamente os fatores que conduzem produtos, ideias e até pessoas a essa condição, que ele classifica como epidemias.

    O ponto da virada
    Malcolm Gladwell
  • 4. Um livro aberto

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    A autobiografia do cineasta e ator John Huston, segundo Henrique Szklo, da Academia de Criatividade, pode servir de inspiração para guiar a vida.

    “Ele não lamentava as coisas ruins, nem festejava demais as boas. Ele tinha uma postura interessante diante da vida”, diz Szklo.

    Um livro aberto
    John Huston
  • 5. O poder do mito

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    “Ele conta a história da humanidade por meio dos rituais e mitos. Com isso, você tem um panorama da evolução do ser humano”, afirma Henrique Szklo, da Academia de Criatividade.

    O poder do mito
    Joseph Campbell
  • 6. O livro de ouro da mitologia

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    Para Homero Reis, esta é uma leitura obrigatória. “O livro apresenta o mito na sua construção mais original e como eles foram evoluindo em histórias com embrulhos diferentes, mas com o mesmo conteúdo”, afirma.

    Na prática, a obra prova que “o seu grau de inovação no mundo não é tão grande como você imagina”, diz Reis.

    O livro de ouro da mitologia
    Thomas Bulfinch
  • 7. Amar e brincar

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    A origem da cultura patriarcal europeia, a relação materna e a democracia. Na obra, estes três temas estão ligados pela biologia do amor.

    “Ele defende que os contatos entre criança e mãe estabelecem padrões de afetividade que as pessoas reproduzem no mundo adulto”, diz o consultor Homero Reis.

    Na percepção desta relação está a base para se compreender no mundo, afirma o especialista. “Quando eu não percebo, nem valorizo, gero adultos neuróticos”, diz.

    Amar e brincar
    Humberto Maturana
  • 8. O cérebro de alta performance

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    Nesta obra, o terapeuta Luiz Fernando Garcia ensina como treinar o cérebro para trabalhar ao favor de nosso resultados e decisões.

    Na obra, o autor ensina o funcionamento do órgão e, com base nisso, lança dicas práticas para conseguir encarar as demandas do dia a dia.

    O cérebro de alta performance
    Luiz Fernando Garcia
  • 9. Maestria

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    Quais as características que tornaram pessoas, aparentemente, comuns como Leonardo Da Vinci e Albert Einstein em sinônimos de genialidade? A resposta a esta pergunta é o principal foco de Robert Greene nesta obra.

    Para ele, a genialidade e a excelência estão latentes em cada pessoa. Só são necessárias as condições necessárias para que isso aflore.

    Maestria
    Robert Greene
  • 10. Temor e tremor

    10 /15(Divulgação)

    Esta é uma das obras clássicas do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard. Nela, o autor mostra a diferença entre obediência e submissão. “Vivemos em uma época em que o conceito da disciplina e obediência é colocado em péssimo lugar”, diz Reis. “Essa é uma reflexão sobre o seu papel como adulto na sociedade”.
    Temor e tremor
    Sören Kierkegaard
  • 11. Você é criativo, sim, senhor

    11 /15(Divulgação)

    “Somos feitos para adquirir padrões. Com isso, a gente entra no automático”, diz Henrique Szklo, da Academia de Criatividade. “Isso é bom por um lado, mas, por outro, é ruim”.

    Na obra, por meio de personagens fictícios, o autor ensina princípios para romper os padrões e alimentar um pensamento criativo.

    Você é criativo, sim senhor
    Henrique Szklo
  • 12. Sabedoria, a competência perdida

    12 /15(Divulgação)

    Neste livro, Homero Reis defende que a capacidade de descobrir o sentido das coisas e aprender com as próprias vivências é a base da sabedoria.

    O autor prova isso com base na história de personagens como São Franscisco de Assis, passando por Gandhi, até o empresário grego Aristóteles Onassis.

    Sabedoria, a competência perdida
    Homero Reis
  • 13. Velocity

    13 /15(Divulgação)

    “Em um mundo em que você precisa agir cada vez mais rápido, não há como pensar no conceito da velocidade”, afirma Marcio Beauclair, diretor de planejamento da agência África.

    Com a experiência de quem sente esta demanda na prática, Stefan Olander, VP de esporte digital da Nike e Ajaz Ahmed, fundador da agência AKQA, apresentam sete leis para sobreviver e se destacar em um mundo dominado pela tecnologia digital.

    Velocity: The Seven New Laws for a World Gone Digital
    Ajaz Ahmed and Stefan Olander
  • 14. Spreadable Media

    14 /15(Divulgação)

    Como se comportar e se destacar em um contexto de comunicação marcado pelo compartilhamento e não mais pela centralização? Esta é uma das respostas que o livro “Spreadable Media” fornece.
    “Hoje, não há como você não estar ligado em rede”, afirma Marcio Beauclair, diretor de planejamento da agência África.

    Spreadable Media: Creating Value and Meaning in a Networked Culture
    Henry Jenkins
  • 15. Agora, veja obras para ser mais criativo

    15 /15(Getty Images)

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