A rainha Elizabeth II e o príncipe Philip, duque de Edimburgo, em foto de 12 de outubro de 2018, após uma cerimônia em Windsor. (James Pheby/AFP)
Julia Storch
Publicado em 15 de abril de 2021 às 09h24.
Última atualização em 15 de abril de 2021 às 09h27.
A rainha Elizabeth II, com quase 95 anos, enfrenta agora o declínio de seu reinado, que quebrou todos os recordes de longevidade, sem seu mais fiel conselheiro e confidente pessoal: seu marido, o falecido príncipe Philip.
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Vários especialistas reais asseguram que era o duque de Edimburgo, que faria 100 anos em junho, que conduzia com mão-de-ferro uma família marcada por crises, ajudando a rainha a suportar os escândalos que sacodem a monarquia. Sua morte deixou "um enorme vazio na vida" da monarca, disse seu terceiro filho, o príncipe Andrew.
Desde a semana passada, os principais membros da família real foram acompanhar a rainha, a começar por seus filhos. Segundo o caçula, Edward, Elizabeth II está "resistindo", apesar da imensurável comoção da perda.
"Continuará trabalhando como sempre"
A morte do patriarca voltou a colocar na atualidade as especulações recorrentes sobre uma possível abdicação da rainha, que fará 95 anos na semana que vem, a favor do seu filho mais velho, o príncipe Charles, que já tem 72 anos.
Segundo o jornal The Times, a soberana decidiu, por exemplo, deixar de receber as famosas caixas vermelhas que contêm documentos do governo durante as duas semanas de luto real. Mas na opinião da especialista sobre a família real Penny Junor, "há zero possibilidade de que a rainha abdique".
"Aos 21 anos, prometeu servir ao seu país pelo resto da vida, fosse longa ou curta", lembrou à AFP, referindo-se a um famoso discurso de 1947, quando ainda era princesa. "Enquanto tiver boa saúde física e mental, continuará trabalhando como sempre", avalia Junor.
E tudo indica que é o que está fazendo. A soberana manteve sua audiência com o primeiro-ministro, Boris Johnson, no dia seguinte à morte do marido. E na terça-feira, quatro dias depois, participou de seu primeiro ato oficial pela aposentadoria do mais alto funcionário da casa real.
A atitude de Elizabeth II contrasta com a da última rainha britânica, Victoria, que, depois da morte do marido, Albert, em 1861, praticamente não fez aparições públicas e vestiu preto durante quatro décadas. Seu recolhimento lhe rendeu o apelido de "viúva de Windsor" e impulsionou a popularidade do movimento republicano.
Apoio em Charles
Para compensar a ausência de Philip, que a acompanhou desde sua coroação, em 1952, a monarca deverá se apoiar mais no príncipe-herdeiro, Charles, e na esposa dele, Camilla, assim como em seu neto, William, segundo na ordem de sucessão, e na esposa deste, Katherine.
Charles já assumiu mais funções nos últimos anos, inclusive a de representar a coroa no exterior. Espera-se que acompanhe sua mãe na abertura oficial do Parlamento, em 11 de maio.
Após a morte de Philip, a simpatia dos britânicos pela rainha continua sendo muito alta. Sua presença e longevidade à frente do Reino Unido contribuiu para afastar as inclinações republicanas.
Agora que sucede seu pai como o homem de mais idade da família real, o príncipe Charles e a monarca terão que enfrentar juntos questões prementes que agitam "a firma", expressão irônica para se referir a uma família que funciona como uma empresa.
O reaparecimento de Andrew, afastado da vida pública após o escândalo provocado por sua amizade com o falecido financista americano Jeffrey Epstein, acusado de pedofilia, provocou indignação em alguns setores, enquanto a justiça americana continua tentando interrogá-lo a respeito.
O palácio também está lidando com as consequências do afastamento do príncipe Harry, neto da rainha, e sua esposa, Meghan, e de suas recentes e explosivas acusações de racismo dentro da família real em uma impactante entrevista para a televisão americana.
Harry e seu irmão, William, se reunirão no sábado no funeral do avô e o país se pergunta se a dor compartilhada poderia levar a uma reconciliação.