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Alex Atala realiza enfim o sonho de ter um hotel. Mas só para membros exclusivos

O chef virou sócio do Resid Club, um membership club que prevê inaugurar cinco hotéis no Brasil nos próximos cinco anos. O primeiro será o Nas Rocas, em Búzios

Paulo Henrique Barbosa, Claudia Ribeiro e Alex Atala: sócios no Resid Club (Karine Basílio/Divulgação)

Paulo Henrique Barbosa, Claudia Ribeiro e Alex Atala: sócios no Resid Club (Karine Basílio/Divulgação)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 14 de dezembro de 2023 às 07h00.

Um hotel D.O.M. chegou a ser dado como certo. Funcionaria na Alameda Franca, em São Paulo, teria 35 andares, 145 quartos e 22 apartamentos, em um investimento de 160 milhões de reais. Mas eis que veio a pandemia e o sonho de Alex Atala teve de ser adiado.

Até agora. O chef conhecido por revolucionar a gastronomia brasileira está entrando como sócio do Resid Club & Hotels, um clube exclusivo para membros, com os empresários Paulo Henrique Barbosa, Claudia Ribeiro, Rafael Caiado e Francisco Costa Neto.

Barbosa é investidor em startups, empresas de construção civil e de gestão de empreendimentos imobiliários. Ribeiro é dona de uma agência de conteúdo de luxo. A novidade está sendo antecipada aqui pela Casual EXAME.

O negócio atuará em três frentes: o Resid Destinations, com os hotéis próprios do clube em destinos icônicos do Brasil; o Resid Exclusive Selection, uma seleção dos melhores hotéis do Brasil e do mundo, com condições exclusivas para os membros; e o Resid Experience, com experiências como workshops, visitas guiadas a exposições, degustações, entre outros.

O Hotel Nas Rocas começarpa a funcionar em 2024

A aposta será principalmente nos hotéis próprios. O primeiro será o icônico Nas Rocas, na Ilha Rasa, em Búzios, no Rio de Janeiro. O local ficou notório nos anos 1990 por atrair jetsetters como Bono Vox, Madonna, Gianni Agnelli. O hotel operou até o começo dos anos 2000.

“Estamos fazendo uma revitalização, aproveitando até o nome, lá tem muita história”, diz Barbosa, o PH. "Vamos inclusive fazer um documentário sobre a propriedade. Queremos aproveitar a área, mas com uma repaginação, sem aumentar nada de impacto. Teremos um paisagismo ambiental para preservar a beleza natural.”

O hotel deverá ser inaugurado no segundo semestre de 2024, com os primeiros bangalôs e vilas. Na sequência virá o hotel de Fernando de Noronha. No total serão cinco operações nos próximos cinco anos. Entre as opções de localização estão Parati, Foz do Iguaçu, Pantanal. “Tudo o que é mais bonito do Brasil nós pensamos em ter um Resid. Mas tudo será consequência do crescimento do clube”, conta PH.

Hotel Nas Rocas, em Búzios

Hotel Nas Rocas, em Búzios: propriedade icônica será revitalizada (Resid Club/Divulgação)

O título custará a partir de 330.000 reais

A ideia inicial do clube é ter 2.500 membros. Segundo PH, o projeto começará com 250 sócios fundadores, com comportamento de consumo parecido, interesses alinhados. Eles farão com que a base cresça adequadamente, por indicação e recomendação.

Por enquanto os sócios fizeram apenas dois eventos pequenos para apresentar a ideia para amigos, um em São Paulo e outro em Paris, e já contam com 100 formulários de intenção de compra. A taxa de adesão começará em 330.000 reais. O investimento inicial no projeto será de aproximadamente 35 milhões de reais, com captação feita pela Urca Capital Partners.

O Resid Selection, programa de indicação e parceria, contará com 34 hoteis brasileiros e 71 internacionais. Segundo PH, será uma mistura de Booking com a Leading Hotels of the World. Os membros poderão fazer reservas por uma plataforma própria e terão condições exclusivas nesses estabelecimentos associados.

A nova vida de Alex Atala como hoteleiro

“Eu tinha uma inquietude pessoal. O Brasil tem um enorme potencial de turismo e poucas iniciativas no turismo de luxo”, diz PH. "Queria algo sólido, robusto, e no longo prazo levar para fora e colocar o Brasil no radar do turismo global. Estamos no momento certo, em que os memberships clubs estão chegando por aqui.”

Ele cita como exemplos o Soho House, o Beyond the Club e a Casa Cipriani. “Quando começamos a planejar o modelo de negócios, e pensando em replicar o case do Fasano, eu pensava quem poderia trazer para esse projeto”, afirma PH. “Sempre me recomendavam o DOM. Entramos em contato com o Alex e houve um encontro de sonhos. Ele traduz o que eu pensava para o Resid, que é essa exclusividade, mas de um jeito amigável, sem ser arrogante, com toda a sua brasilidade.”

Atala conta como recebeu o convite. “Vinha construindo o Dom Hotel, veio a pandemia, acabei vendendo. Fiz um bom negócio e fiquei com um vácuo no peito, uma ambição de querer crescer”, conta. “Nunca quis ter uma rede de restaurantes, mas sempre quis entrar na hotelaria. Quando veio a proposta de entrar em hotéis pelo Brasil meu sonho falou mais alto. Quando eles falaram eu já estava pronto. Era tudo o que eu queria ouvir.”

“Deixo de ser restauranteiro para virar hoteleiro”

Para o chef, quando viajamos estamos sempre em busca de experiências. E o que sempre levamos são os sabores. “Essa possibilidade de começar o projeto na Ilha Rasa e poder sonhar com o litoral brasileiro e quem sabe a Amazônia, cuidar bem de quem vem visitar e quem vai receber, envolver a comunidade local, foi o que me entusiasmou.”

A sustentabilidade será um pilar importante do projeto. “Queremos fazer esse exercício, ter impacto ambiental positivo. O Resid não vai ser um simples resort de luxo para comer bem. Vamos entregar uma experiencia além do que você recebe ao ir a um Aman na Ásia.”

Atala vê em Gero Fasano uma inspiração. “Ele é uma referência nesse mercado, tenho muito respeito por ele”, diz. Mas aponta algumas diferenças. “Ele trabalha muito bem principalmente a identidade de São Paulo, eu tenho uma coisa mais Brasil, mais de naturez, menos urbana. Vamos na mesma direção, mas em caminhos paralelos.”

E o quanto Atala vai conseguir se dedicar ao projeto, em paralelo ao DOM e ao Dalva e Dito?. “O DOM completou 24 anos, o Dalva tem 15, eles andam bem, não são mais crianças. É quase um passo natural de dez em dez anos eu dar um grande passo. O Resid não entra como um negócio a mais, entra como o negócio principal.”

Para que não reste dúvida, Atala crava: “O que vou falar não é uma promessa, mas é mais fácil eu me livrar de um restaurante do que do Resid. Deixo de ser restauranteiro para virar hoteleiro.”

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