Profissionais que não desenvolvem consciência crítica não assumem nem defendem posições, não opinam quando perguntadas e se escondem atrás de falsas postura educadas, para não fazer um julgamento sobre um fato ou sobre uma atitude. (Darko Kovacevic/Dreamstime.com)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2015 às 18h12.
Tenho passado grande parte da vida entrevistando e avaliando profissionais de todas as idades, sexo e nacionalidade nos 40 anos de exercício na nobre atividade de headhunter.
Nessa missão de toda uma vida, acompanho a evolução de carreira de executivos e executivas, e neles observo a evolução do conhecimento instalado, o crescimento de competências resultantes do enfrentamento de desafios e o aproveitamento das redes de relacionamento gerado por experiências profissionais e pessoais compartilhadas.
Ao longo desse tempo, tenho notado também as competências que frequentemente faltam aos brasileiros. Uma delas, rara de encontrar e não é de hoje, vou chamar de consciência crítica.
Essa habilidade permite às pessoas que a têm tomar posições firmes diante dos dilemas da vida, fazer julgamentos precisos e dar opiniões claras quando necessário.
Não me refiro aqui àquela falsa força das pessoas que dizem o que pensam com contundência, sem nem medir os danos que uma frase mal colocada pode causar. A consciência crítica é fruto de uma rara combinação de conhecimento e sabedoria — duas coisas diferentes. Talvez, por isso, seja difícil de encontrar.
O conhecimento são os recursos que temos e usamos para fazer um diagnóstico. Precisamos separar fatos de opiniões, usar modelos mentais que facilitem a organização de informações e ser cuidadosos com os detalhes. Antes de fazer uma crítica, precisamos desse diagnóstico bem-feito.
A sabedoria contribui para a elaboração da síntese, que é a conclusão de nosso raciocínio e a maneira como expressaremos a crítica consistente e, de preferência, construtiva.
Minhas observações do cotidiano de profissionais brasileiros mostram que, muitas vezes, exatamente por não ter desenvolvido sua consciência crítica, a pessoa não assume nem defende posições, não opina quando perguntada e se esconde atrás de uma falsa postura educada, para não fazer um julgamento sobre um fato ou sobre uma atitude.
Concordo que um traço forte da cultura brasileira é a busca da harmonia, mas ela não pode e não deve ocupar o espaço de posições firmes, de posturas íntegras e do prazer de assumir e defender uma causa. O pior arrependimento vem sempre da omissão e raramente da ação.