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Sim, Marissa Mayer está certa sobre home office

Em nome da velocidade e da qualidade, a presidente do Yahoo! convocou seus funcionários a largar o home office e voltar ao escritório. Saiba até que ponto ela tem razão


	Marissa Mayer, presidente do Yahoo!: polêmica ao comunicar o fim do home office na empresa
 (Noah Berger/Reuters)

Marissa Mayer, presidente do Yahoo!: polêmica ao comunicar o fim do home office na empresa (Noah Berger/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2013 às 18h53.

São Paulo - Em menos de um ano na presidência do Yahoo!, a americana Marissa Mayer, de 37 anos, já causou pelo menos duas polêmicas. A primeira foi anunciar que estava grávida ao assumir o cargo e declarar que faria uma pausa de apenas 15 dias no lugar de uma licença-maternidade mais longa — promessa que foi cumprida.

No início de 2013, sacudiu de novo o mundo do trabalho ao convocar todos os funcionários do Yahoo! que trabalhavam remotamente para retornar à rotina na sede da empresa, em Sunnyvale, no estado americano da Califórnia.  

Em nota divulgada aos cerca de 11.500 funcionários, a vice-presidente executiva de pessoas e desenvolvimento, Jacqueline Reses, afirmou que “velocidade e qualidade são muitas vezes sacrificadas quando se trabalha de casa”.

Proibir o chamado home office parece um contrassenso numa época em que as tecnologias de comunicação e informação permitem que se trabalhe em qualquer hora e lugar. Em alguns casos, cumprir o expediente parcialmente no conforto do lar pode ser uma opção para se livrar do trânsito das grandes cidades.

Mas Marissa e os diretores do Yahoo! têm razão em aspectos importantes. Trabalhar em casa não é a mesma coisa que um dia na empresa. O primeiro ponto é a integração. “Algumas das melhores decisões e sacadas brotam nas discussões de corredor e no café”, diz o memorando de Jackie Reses. 

Na sede da construtora Tecnisa, em São Paulo, os 3 000 funcionários batem ponto. “Não há a possibilidade de trabalhar em casa e tudo é decidido em equipe”, afirma Marcelo Zappia, diretor de RH da Tecnisa. Segundo ele, não se trata de uma decisão contra o home office, e sim a favor da melhor forma de trabalho para a empresa, que, de acordo com ele, exige que todos estejam integrados.

“O fechamento de um contrato é feito por várias áreas, que precisam trabalhar juntas”, afirma Marcelo. “Um profissional trabalhando em casa atrapalharia todo o processo.” De acordo com ele, quando se trabalha remotamente perde-se em agilidade, qualidade e concentração.


“Não dá para resolver algumas questões pelo telefone”, diz. Esse não é apenas o lado da empresa. Isolado em casa, o profissional também se prejudica. “Sem a possibilidade de desenvolver projetos em parceria e criar vínculos no trabalho, não há crescimento”, diz Irene Azevedo, diretora de desenvolvimento de negócios da LHH|DBM, consultoria de outplacement, de São Paulo. Para Irene, nem mesmo a tecnologia ajuda nesse aspecto. “Reuniões virtuais não substituem a interação.” 

A advogada Cintia Terra de Freitas Cavalcante, de 28 anos, hoje coordenadora da área de contencioso do escritório Mendes Barreto & Souza Leite, de São Paulo, desistiu de um trabalho que oferecia a alternativa do home office ao ver sua produtividade e sua relação com a equipe prejudicadas.

“Gerenciar pessoas a distância é muito difícil”, diz. Nos dias em que permanecia em casa, Cintia via integrantes de seu time tomando decisões sem consultá-la. “Achavam que as questões eram simples e podiam resolvê-las sem minha orientação. E o resultado, muitas vezes, era o erro ou o atraso de projetos.”

Um estudo da Universidade Stanford mostra que as pessoas que trabalham em home office integral são 50% menos propensas do que seus pares para conseguir uma promoção.

“Você se isola, fica longe de seu chefe”, diz a advogada Cintia. Segundo ela, a alternativa de trabalhar em casa parece atraente no começo, com mais qualidade de vida e menos horas no trânsito, mas com o tempo as desvantagens chegam, como menor desempenho no trabalho e dificuldade de crescer na carreira.

Mais do que uma simples mudança de local, optar pelo home office exige uma mudança de comportamento. “Se o profissional valoriza o trabalho em equipe, gosta de se relacionar com os colegas e é muito sociável, terá dificuldades para trabalhar isolado em casa”, afirma Willian Bull, consultor do Instituto Pieron, em São Paulo.

Para ele, administrar a rotina e separar as questões pessoais das profissionais, como visitas de amigos e convívio com a família, pode ser muito estressante. Se o profissional tem filhos, isso pode ser mais complicado. Eles saberão que o pai está logo ali e isso pode dificultar a concentração.

De acordo com Willian, é preciso avaliar como será o rendimento de uma pessoa que trabalha em casa, e não apenas os custos da empresa ou a tranquilidade do profissional.

“A primeira coisa a analisar é de que maneira o indivíduo produz mais”, diz Willian, que acredita que trabalhar de forma remota não é positivo para todos. Há aqueles que não conseguem estabelecer horários e aproveitam que estão em casa para resolver problemas pessoais ou se perdem nas redes sociais.

Menos troca

Uma pesquisa da locadora de escritórios Regus feita com 24.000 profissionais de mais de 90 países, entre eles o Brasil, apontou os principais problemas do home office.

Segundo o estudo, a dificuldade para se concentrar no trabalho lidera a lista de desvantagens. Entre os brasileiros, 64% apontam as distrações familiares como o principal problema e, como reflexo, 44% deles têm dificuldade de concentração em questões do trabalho.

Quando se estabelece a cultura de home office em uma companhia, é preciso estar preparado para administrar esse trabalho, o que significa ter planilhas de controles de entrega e uma estrutura de metas bem estabelecida. Para Susana Falchi, presidente da HSD, consultoria de RH de São Paulo, com um modelo consistente é possível obter resultados satisfatórios.

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