Por que a palavra "mas" pode tornar sua frase mais impactante
Na Língua Portuguesa, as oposições estão em dois tipos de orações: as adversativas (ligadas por "mas", por exemplo) e as concessivas (com uso de "embora")
Felipe Giacomelli
Publicado em 31 de março de 2020 às 15h15.
Última atualização em 31 de março de 2020 às 15h15.
Em dias ainda tão nebulosos, com tantas impensadas declarações políticas, os conectivos vão muito além de Gramática:
"Abominamos a tortura, mas naquele momento vivíamos na Guerra Fria."
Na Língua Portuguesa, as oposições são representadas por dois tipos de orações: as adversativas e as concessivas.
Sob o ponto de vista sintático, as adversativas são ligadas - de maneira habitual - pelos conectivos "mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto".
Refletindo sobre a Semântica (sentido da expressão), as estruturas adversativas apresentam oposição acentuada, garantindo à oração conectada por "mas" e seus semelhantes maior destaque:
"Ele argumenta bem, mas é agressivo."
"Ele fala pouco, mas é convincente."
"A tortura é abominável, mas vivíamos na guerra."
Já as orações adverbiais concessivas, além de serem subordinadas, são ligadas - de maneira habitual - pelos conectivos "apesar de que, embora, mesmo que, posto que, ainda que" e outros. É também presença constante o subjuntivo verbal.
Sob a ótica do discurso e da argumentação, uma oração subordinada adverbial concessiva tem oposição menos acentuada em relação às coordenadas adversativas:
"Embora seja agressivo, ele argumenta bem."
"Apesar de ser convincente, ele fala pouco."
Caso fosse a intenção de quem argumenta, a mudança de adversativa para concessiva garantiria mais suavidade ao discurso e, consequentemente, mais elegância:
"Mesmo que se viva uma guerra fria, abominamos a tortura."
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Diogo Arrais
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Professor de Língua Portuguesa
Fundador do ARRAIS CURSOS