Por que 36% das empresas brasileiras não possuem avaliação de desempenho
Segundo pesquisa da Falconi, falta de maturidade dos negócios e de práticas de RH são entraves para empresas realizarem a gestão de performance dos funcionários
Repórter de Carreira
Publicado em 3 de maio de 2023 às 16h30.
Última atualização em 3 de maio de 2023 às 16h46.
Não é de hoje que os processos de avaliação de desempenho estão na berlinda. Há alguns anos, quando algumas empresas como Deloitte, Adobe, Microsoft e IBM declararam que estavam mudando a forma como avaliavam seus funcionários para que o processo se tornasse mais ágil e conectado com as necessidades dos negócios, muita gente acreditou que isso representaria o fim da gestão de performance como conhecemos.
Afinal, em um contexto em que inovações podem aparecer e dominar o mercado em questão de dias , faz sentido gastar centenas de horas estabelecendo metas que serão revistas uma ou duas vezes por ano?
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Bom, segundo uma nova pesquisa realizada pela Falconi, que ouviu 400 empresas de diversos portes e segmentos, a resposta é sim. Segundo a pesquisa, 64% das empresas ouvidas têm um processo formal de gestão de performance. Entre as 36% que não têm a prática estruturada, 74% reconhecem a importância e pretendem implementá-la em até dois anos. Os motivos? Aumentar o reconhecimento, engajamento e contribuir para atingir resultados e promoção de equipes de alta performance.
“O modelo de gestão de performance vem se transformando ao longo do tempo, ficando cada vez mais ágil, colaborativo, com foco agora e no futuro, a depender da maturidade da organização no processo. Mas, está longe de deixar de ser utilizado pelas organizações”, diz Fernando Ladeira, diretor da Falconi para soluções de gente.
Falta de gestão é desafio na hora de criar processos de avaliação de desempenho
De acordo com o estudo, apresentado nesta quarta-feira, 3, durante o evento de inovação Web Summit Rio , os principais motivos pelos quais as empresas ainda não implementaram um processo formal de avaliação de desempenho envolvem a baixa maturidade dos negócios e dos processos de RH.
Isso porque entre os motivos citados estão: ausência de processo desenhado (59%), falta de desdobramento de metas para mensurar a performance individual (40%) e complexidade para abranger toda a empresa de uma só vez no processo (25%).
Esse desafio também fica claro quando, entre os 36% que dizem não possuir uma gestão de performance estruturada, 11% afirmam que esse processo já aconteceu, mas houve descontinuidade por dificuldades na implementação.
Não à toa, segundo a pesquisa, as empresas com mais funcionários e maior faturamento também são aquelas com processos de avaliação mais estruturados e menos subjetivos: 72% das companhias com mais de 1 mil funcionários e ganhos acima de R$ 300 milhões já fazem o processo há mais de três anos.
Em contraste, 48% das empresas com menos de 100 funcionários e faturamento abaixo dos R$ 300 milhões têm entre um e dois anos de execução.
Quais os benefícios de contar com um processo de avaliação de desempenho?
Ainda de acordo com o levantamento, seguindo uma tendência de digitalização dos processos de gestão de pessoas, três a cada quatro empresas que têm um processo de gestão de performance adotaram o uso de alguma plataforma tecnológica para otimizar a atividade.
Entre os benefícios citados pelas empresas que adotaram o processo está o direcionamento e estímulo para o desenvolvimento de competências dos funcionários (79%), a identificação de talentos, pessoas chave e empregados críticos (77%) e a promoção de cultura de feedback (70%).
Para Ladeira, da Falconi, o formato ideal de avaliação de desempenho vai variar de acordo com as necessidades de cada empresa— e não há um modelo único que atenda a todas elas. Mesmo assim, o executivo aponta que ter um olhar a longo prazo é denominador comum importante.
"Éimportante dedicar maior tempo e esforço nas discussões sobre desenvolvimento de carreira do que na realização da avaliação e da calibração de resultados. Além disso, considerar a avaliação de potencial, que trata sobre o futuro, em vez de somente resultados e competências que dialogam mais com o passado", afirma.