Carreira

O que a presidente do BNDES faz para evitar (grandes) erros

Em evento comemorativo de 25 anos da Fundação Estudar, Maria Silvia Bastos, presidente do BNDES, fala sobre como lida com erros no seu dia a dia


	Maria Silvia Bastos: “Se você não for solidário ao erro, ninguém da sua equipe vai fazer nada, com medo de errar”
 (Ueslei Marcelino)

Maria Silvia Bastos: “Se você não for solidário ao erro, ninguém da sua equipe vai fazer nada, com medo de errar” (Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2016 às 20h00.

Excesso de otimismo: esse é o maior erro que um empreendedor pode cometer, na opinião de Leila Velez, cofundadora e sócia do Instituto Beleza Natural. O otimismo é importante, mas essa dose precisa ser regulada. Os erros que eu cometi foi por não conseguir dosar nos momentos certos o pé no freio versus o acelerador no máximo.

Por outro lado, ela destaca que errar é natural. O desafio do empreendedor é conviver com as consequências dos seus erros e rapidamente se refazer e não se paralisar. Às vezes você fica tanto tempo olhando para o prato quebrado que você esquece que a vida continua. É contabilizar os erros e seguir em frente, porque todo dia é um novo desafio, diz.

Maria Silvia Bastos, que fez carreira tanto no setor público quanto no privado e hoje preside o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também destaca a importância de ser solidário ao erro no contexto profissional. Se você não for solidário ao erro, ninguém da sua equipe vai fazer nada, com medo de errar, afirma.

Nos vídeos a seguir, gravados em evento comemorativo de 25 anos da Fundação Estudar, Leila e Maria Silvia compartilham algumas lições de carreira. Assista!

Tolerância ao erro

https://youtube.com/watch?v=lPFn5L5dHrI%3Flist%3DPLxemPb5ZJovNAUnzzh4MNh8GEXPwJ3Q1j

Leila Velez: Ao longo do caminho, é normal o empreendedor ter tropeços. Mas, culturalmente, no Brasil, quando você erra é massacrado. A tolerância ao fracasso é baixíssima, sendo que muitas vezes o erro é o caminho para se chegar a uma inovação e outro patamar de sucesso.

https://youtube.com/watch?v=ZqOrMmTy4xk%3Flist%3DPLxemPb5ZJovNAUnzzh4MNh8GEXPwJ3Q1j

Maria Silvia: Para minimizar a chance de grandes erros acontecerem, costumo formar um time bastante diverso. Procuro ter uma pessoa que é muito ousada, e outra que é muito conservadora. E dá muito certo.

O que te move?

https://youtube.com/watch?v=fZm5kiAxC-M%3Flist%3DPLxemPb5ZJovNAUnzzh4MNh8GEXPwJ3Q1j

Leila Velez: O que move é a transformação. Empreender é você fazer seu sonho virar o sonho de muita gente. Quando você olha para trás e vê que não é só você que depende daquele sonho, você não pode mais parar. Você é a mola que vai levar muito mais gente para frente.

https://youtube.com/watch?v=6jgKU59eoIk%3Flist%3DPLxemPb5ZJovNAUnzzh4MNh8GEXPwJ3Q1j

Maria Silvia: Em diversas ocasiões na minha vida eu me defrontei com coisas que pareciam impossíveis, mas eu nunca aceitei isso. Tem sempre uma forma de você chegar lá, mesmo que não aconteça da forma como imaginava. As pessoas têm uma tendência muito grande de desanimar diante das dificuldades. E a dificuldade me instiga muito. Realizar, conseguir fazer é minha grande motivação. Eu cresço na dificuldade e sempre empurro as pessoas para que façam mais do que elas acham que podem fazer.

Liderança feminina

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Leila Velez: Sou mulher, negra, vim de uma classe social bastante humilde. Então, muitas vezes as pessoas me perguntou se isso me ajudou ou atrapalhou. Eu acho que isso me blindou, me fez ficar mais forte e eu vejo isso como uma grande vantagem. Não podia de dar ao luxo de usar isso como muleta. Essa condição foi minha forma de mostrar que é possível independentemente do que os outros digam. Minha empresa é formada por uma ex-faxineira, um ex-taxista e dois ex-atendentes de lanchonete como sócios. Quem olhava de fora pensava: isso nunca vai dar certo.

https://youtube.com/watch?v=LU_xZFJfETE%3Flist%3DPLxemPb5ZJovNAUnzzh4MNh8GEXPwJ3Q1j

Maria Silvia Bastos: Eu tive uma experiência muito marcante na CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). Quando eu fui convidada para trabalhar lá, eu estava grávida de gêmeos, há quatro meses. Sou economista e administradora, com mestrado e doutorado em Economia. A CSN é uma empresa de engenheiros e eu, como sempre falei que sou movida a desafios, eu nunca tinha tido uma experiência no setor privado e aceitei. Na primeira vez que eu cheguei na usina eu pensei: ‘o que estou fazendo aqui?’. Só tinha homem, menos de 0,5% dos funcionários eram mulheres. Foi um choque cultural incrível. Fiquei lá por seis anos e foi uma escola. E eu usei muito o fato de ser mulher para conseguir fazer a mudança da empresa.

Planejamento e disciplina

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Leila Velez: Se você não sabe para onde você vai, qualquer caminho está bom. As oportunidades são muitas e, se você não tem clareza dos porquês, acaba não conseguindo realizar nada com profundidade e qualidade. É melhor você ter nota 10 em algumas poucas coisas do que um bando de 6,5. O planejamento te serve como guia para depois você fazer as adaptações necessárias.

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Maria Silvia: Distração faz parte da vida, mas a gente combate os excessos com planejamento. Você precisa ter horizonte. Isso não quer dizer que você não possa mudar o planejamento, mas não ter é estar sempre improvisando. Depois, você precisa ter metas concretas. E disciplina e foco. Mais importante de dizer o que você vai fazer é dizer o que você não vai fazer. A tendência é querer abraçar tudo.

Brasil: desafios e oportunidades

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Leila Velez: É muito difícil você conseguir crescer sendo tratado como se fosse um malfeitor. No Brasil, são tantas as barreiras, as dificuldades enfrentadas pelo empreendedor todos os dias. Mas a gente tem que se alimentar da oportunidade. Olhar para o nosso país com uma população gigantesca, com muita deficiência ainda na qualidade de produtos e serviços, e pensar em como a gente pode se reinventar para fazer dessas oportunidades a gasolina.

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Maria Silvia: Eu não acredito em mudança que venha do governo. O Brasil só acabou com a inflação quando a sociedade entendeu que era melhor viver sem inflação. O Brasil vai acabar com a corrupção quando a sociedade ficar intolerante a isso. Um Estado forte não é um Estado grande. Um Estado forte é aquele que fiscaliza, controla, provê os serviços essenciais. Hoje temos um Estado fraco, e a sociedade precisa querer essa mudança e trabalhar por um bem maior.

* Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal da Fundação Estudar

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