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No Brasil, há dois fatores que mais engajam os funcionários – e nenhum deles é o salário

Existe uma diferença entre os benefícios que são declarados importantes pelos funcionários e os benefícios que impulsionam o engajamento; entenda como está esse cenário no Brasil

Brasil é o país que mais oferece benefícios na América Latina para engajar funcionários, mas o que os trabalhadores mais querem é um salário justo, aponta pesquisa  (Malte Mueller/Getty Images)

Brasil é o país que mais oferece benefícios na América Latina para engajar funcionários, mas o que os trabalhadores mais querem é um salário justo, aponta pesquisa (Malte Mueller/Getty Images)

Publicado em 23 de agosto de 2024 às 14h08.

Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 14h09.

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O salário não é o único fator que está engajando funcionários no mercado de trabalho, segundo estudo produzido pela Betterfly, empresa que analisa o perfil dos trabalhadores na América Latina.

“O setor de Recursos Humanos sofre há alguns anos o desafio de não só atrair, como reter talentos. Entender o que de fato é importante para engajar um funcionário pode contribuir para a elaboração de estratégias consistentes”, afirma Roberta Ferreira, diretora Global de Brand Experience da Betterfly.

No Brasil, o clima e os benefícios são os fatores que mais explicam o engajamento no trabalho dos funcionários, com 24% e 23%, seguido de propósito e cultura, com 22% e 18%.

“Em um país como o Brasil, que enfrenta altos índices de ansiedade e depressão, o ambiente de trabalho e a oferta de benefícios que promovem equilíbrio entre vida pessoal e profissional, como flexibilidade e cuidados com saúde física e mental, são essenciais para mitigar esses problemas”, afirma Ferreira.

A executiva da Betterfly lembra que os profissionais brasileiros são os que mais recusariam promoção no trabalho para preservar o bem-estar, segundo estudo global Talent Trends, da Michael Page, consultoria especializada em recrutamento de executivos. “De acordo com a pesquisa, 56% dos profissionais brasileiros recusariam uma promoção a fim de preservar o bem-estar”, afirma Ferreira.

Brasil é o país latinoamericano que mais oferece benefícios

O Brasil oferece mais benefícios do que a média da América Latina. Segundo a pesquisa, a nota das empresas brasileiras no quesito benefícios foi de 86 pontos, dez pontos percentuais acima da média da região.

Com relação à idade, as gerações Y e Z são destaque no estudo, sendo a geração que mais possui benefícios. “Isso pode refletir uma adaptação das empresas para atender às expectativas dos trabalhadores mais jovens, que valorizam não apenas o salário, mas também benefícios relacionados ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional, flexibilidade e desenvolvimento pessoal”, afirma a executiva.

Considerando o total de entrevistados, os funcionários se dividem de forma diferente entre os benefícios:

  • 50% recebem benefícios envolvendo proteção (seguro de vida, plano de saúde, etc),
  • 44% desenvolvimento profissional (cursos e incentivos para pós-graduação e demais especializações),
  • 42% flexibilidade (para equilíbrio de vida pessoal e profissional),
  • 38% reconhecimento (prêmios e bonificações),
  • 32% bem-estar físico (acesso a academias),
  • 30% bem-estar mental (auxílio para terapia),
  • Apenas 23% sentem que recebe remuneração adequada.

Apesar dos benefícios oferecidos pelas empresas serem relevantes para o engajamento, muitos funcionários ainda acham que seus salários não correspondem ao que consideram justo para suas funções, afirma Ferreira.

“Isso pode indicar que o mercado de trabalho, embora esteja investindo em benefícios, pode não estar acompanhando as expectativas salariais dos profissionais. A questão não parece estar ligada à qualificação dos trabalhadores, mas sim a uma possível defasagem salarial em relação às expectativas dos funcionários.”

Benefícios importantes para funcionários X benefícios que engajam  

Existe uma distinção entre os benefícios que são declarados importantes pelos funcionários e os benefícios que efetivamente impulsionam o engajamento. A pesquisa mostrou que:

  • 26% dos participantes gostariam de ser mais bem remunerados;
  • 19% gostariam de ter benefícios ligados à proteção (seguros),
  • 16% à flexibilidade (18% mais importante para mulheres do que para homens);
  • 14% gostariam de receber incentivos para cuidar da saúde mental;
  • 10% queriam ser reconhecidos no ambiente de trabalho;
  • 9% desejam ser incentivado a se desenvolver profissionalmente;
  • 6% gostariam de benefícios relacionados à saúde física.

“É fundamental haver um equilíbrio entre esses dois indicadores (engajamento e satisfação). A flexibilidade e um bom clima são importantes para impulsionar o envolvimento dos funcionários, mas fato é que maioria gostaria de receber um salário justo frente às atividades que desempenham”, afirma Ferreira.

O estudo da Betterfly foi realizado online, em junho, com mais de 100 empresas do Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru. De maneira geral, o engajamento foi medido em seis dimensões: permanência, recomendação, orgulho, prestígio, satisfação e legado. No Brasil, 417 mulheres e 383 homens responderam ao questionário, entre 18 e 65 anos.

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