Na Sanofi CHC, a agenda de hoje está bloqueada: não é para marcar reuniões
A empresa quer solucionar um problema ao diminuir a quantidade de reuniões online. Entenda porque você deveria seguir seu exemplo
Luísa Granato
Publicado em 20 de agosto de 2020 às 07h30.
Última atualização em 20 de agosto de 2020 às 14h46.
O começo da pandemia (e do home office ) já está tão distante que, com cinco meses de quarentena em grande parte das empresas, a novidade das reuniões virtuais já passou faz tempo.
Enquanto os calendários de mesa foram abandonados nos escritórios, a agendas online ficaram lotadas de reuniões seguidas para conectar os times distribuídos em suas casas. Não é à toa que o Zoom, uma das mais populares ferramentas de videoconferência, sozinho registra mais de 300 milhões de participantes em reuniões por dia.
Com a equipe toda em home office desde março e sem data para retorno ao escritório, Rodolfo Hrosz, general manager da Sanofi CHC, unidade de negócios Consumer Healthcare que cuida de marcas como Dorflex e Novalgina, começou a se preocupar com a rotina mais intensa de reuniões.
“Havia o lado bom, da flexibilidade que ganhamos com o home office. Do outro lado, nos preocupamos com um número maior de reuniões e com muitos participantes. Essa rotina acabou se tornando mais pesada para os colaboradores, que têm uma reunião após a outra. Normalmente, no escritório, eles poderiam ter uma pausa para o café, por exemplo”, conta.
Há duas semanas, ele trouxe uma solução simples e eficaz: quinta-feira é um dia de agenda bloqueada para os funcionários não marcarem reuniões internas.
A ideia é deixar um dia livre na semana para que os profissionais se dediquem apenas a suas próprias agendas. Para comunicar a iniciativa, todos receberam um convite direto do executivo em seus e-mails, pedindo que reservassem a agenda para conversas com clientes ou para organizar o trabalho da semana.
“Temos dois focos com isso. Primeiro, dar maior flexibilidade e bem estar para todos. Afinal, de um zoom para o outro, muitas vezes não sobra tempo de se organizar, planejar, pensar ou criar. Acabamos amarrados em reuniões. Segundo, queremos incentivar a atenção para os clientes”, explica Hrosz.
Reuniões melhores
O executivo conta que a dedicação para melhorar a qualidade das reuniões é uma preocupação que precede a pandemia, mas a novidade do virtual trouxe seus próprios desafios.
“Estamos aprendendo e fazendo um trabalho constante para melhorar a qualidade das reuniões. Uma coisa que percebemos é que é muito fácil colocar muita gente na sala virtual. E isso não é necessariamente bom”, conta ele.
A primeira coisa a chamar atenção para a empresa foi manter o foco de quem são as pessoas essenciais a ser incluídas nos encontros, limitando os participantes que realmente pode contribuir para a discussão.
Fadiga do Zoom
Em meados de abril, profissionais pelo mundo começaram a pesquisar no Google e comentar nas redes sociais sobre o termo “Zoom Fatigue”. A “fadiga de zoom”, em português, é o cansaço relatado por quem começou a participar de videoconferências constantes.
Segundo artigo do Harvard Business Review, o maior foco que a interação online exige e os constantes estímulos e distrações da tela acabam gastando mais a energia dos trabalhadores remotos.
Para mitigar o problema, é importante evitar realizar diversas tarefas durante as reuniões e avaliar quando as conversas por vídeos poderiam ser substituídas por telefonemas ou um simples e-mail. Ter descansos entre compromissos e limitar o tempo das reuniões também ajuda.
Mais felicidade
De acordo com a pesquisadora de Harvard, Ashley Whillans, ter autonomia para administrar seu tempo é um fator de peso para diminuir o estresse. Comprometer toda a agenda para demandas alheias tem o efeito contrário --- e é um dos principais erros cometidos na gestão de tempo.
“A gente sempre acredita que vai ter mais tempo no futuro, mas não temos. E isso nos faz sentir mais estressados e ocupados. Temos de colocar barreiras claras em nossa agenda, nos comprometendo com nossas prioridades e o que funciona melhor para nós, sabendo dizer não para os outros”, explica ela.