Representação feminina nos conselhos de administração é timidamente superior à registrada em 2005, quando as mulheres ocupavam 5,1% dos altos cargos (ThinkStock)
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2015 às 12h39.
São Paulo - As mulheres ocupam apenas 6,4% dos conselhos de administração das 100 maiores empresas da América Latina, de acordo com um estudo divulgado nesta sexta-feira no Global Summit of Women, fórum que reúne em São Paulo mil participantes de mais de 60 países.
Segundo o estudo elaborado pela organização Corporação Internacional de Mulheres Direções (CWDI), a representação feminina nos conselhos de administração é timidamente superior à registrada em 2005, quando as mulheres ocupavam 5,1% dos altos cargos.
Na escala mundial, a Europa lidera a lista de regiões que tem mulheres nos conselhos de administração com 20%, seguida da América do Norte (19,2%) e da região de Ásia-Pacífico (9,4%).
Conforme denunciou a presidente do CWDI, Irene Natividad, 47% das 100 principais empresas da América Latina não têm uma só mulher em seus conselhos administrativos, como é o caso das brasileiras AmBev, Itaú Unibanco e Vale; e das mexicanas América Móvil, Cemex e Televisa.
"As empresas latino-americanas estão ficando para trás na questão de promoção de mulheres a cargos de direção", ressaltou a também presidente do Global Summit of Women, conhecido como o "Davos das Mulheres".
Entre os países da América Latina, a Colômbia lidera, com 13,4%, o número dos cargos de direção de grandes empresas ocupados por mulheres, um número que representa mais do que o dobro da região.
O Brasil, com 42 companhias na lista das 100 maiores empresas da América Latina, possui uma média de 6,3% de presença feminina, enquanto o Chile tem 3,2%, a porcentagem mais baixa da região.
"Apesar de o número ser baixo, existem medidas práticas que os países podem tomar para aumentar a presença de mulheres nas salas de reunião", comentou a presidente do CWDI, uma organização de mulheres empresárias, com sede em Washington (Estados Unidos), dedicada a promover a igualdade de gênero nas corporações.
Neste sentido, Irene ressaltou a proposta do governo brasileiro, ainda em debate, de implantar uma lei de cotas para exigir que pelo menos 40% dos diretores das empresas estatais sejam mulheres.
Caso o projeto de lei seja aprovado no Brasil, o país se transformará na primeira economia da América Latina a adotar um mandato para mulheres nos conselhos, uma estratégia já feita atualmente por outros países fora da região.
De acordo com o CWDI, pesquisas realizadas em praticamente todas as partes do mundo demonstraram que as empresas com maior rentabilidade e sucesso financeiro são aquelas com a maior presença de mulheres em cargos de liderança.
"É importante introduzir mais mulheres nos conselhos de administração para dar continuidade ao crescimento econômico da América Latina e à competitividade global da região", conclui o relatório.