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Jeito para negócios e um pouco de celulite turbinam Anitta

"Eu planejo cada passo da minha carreira", diz Anitta. E la aprendeu inglês e espanhol para ir muito além da fronteira do Brasil

Anitta: a Shakira do Brasil? (Facebook Anitta/Reprodução)

Anitta: a Shakira do Brasil? (Facebook Anitta/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 8 de março de 2018 às 06h00.

Última atualização em 2 de abril de 2018 às 12h00.

No ano passado, a estrela pop brasileira Anitta apresentou a seus assessores uma ideia radical para exportar o som sedutor das ruas do Rio de Janeiro para capitais de todo o planeta.

Seis meses após anunciar o projeto "xeque-mate", Anitta parece estar seguindo o rumo de Shakira, Marc Anthony e outros cantores que fizeram sucesso além das fronteiras da América Latina. Não é por acaso e ela é a primeira a reconhecer isso.

"Eu planejo cada passo da minha carreira", diz a jovem de 24 anos, que aprendeu inglês e espanhol com o intuito de ir além do mercado brasileiro de língua portuguesa e é sua própria manager no Brasil, negociando pessoalmente campanhas de marketing e shows.

O país tem fama de ser um centro de diversidade musical graças ao samba, à bossa nova e ao movimento tropicalista, gêneros que refletem sua história como um caldeirão de culturas africanas, europeias e indígenas. Mas os músicos nacionais sempre tiveram dificuldade para se tornar conhecidos fora do Brasil, que representa apenas 1 por cento do mercado mundial da música, de US$ 16 bilhões. Conseguir o sucesso internacional é o único caminho para os outros 99 por cento.

Para expandir seus horizontes, Anitta teve a ideia de lançar uma música por mês, ao longo de quatro meses, em três idiomas e em estilos musicais diferentes, para mostrar a sua versatilidade. "Uma música tinha que ser diferente da outra", diz Iñigo Zabala, chefe da divisão latina da Warner Music Group, que representa a cantora. "Isso foi parte da estratégia."

Da bossa nova ao funk

Em setembro, ela lançou "Will I See You?", uma bossa nova com o compositor e músico americano Poo Bear, mais conhecido por ser um colaborador frequente de Justin Bieber. Um mês depois veio "Is That for Me?", uma música eletrônica com o DJ sueco Alesso. Em novembro, Anitta lançou "Downtown", em espanhol, com o cantor colombiano de reggaeton J Balvin. Ela coroou a sequência com um funk carioca, gênero de ritmo marcado reminiscente dos primórdios do rap.

Nessa música, "Vai, Malandra", Anitta se apropria de uma figura muito brasileira, a do malandro, mas a usa no feminino. A primeira cena do clipe, que mostra o bumbum de Anitta sem retoques, conquistou inclusive alguns de seus detratores.

"Os millennials valorizam demais a diversidade", disse Maurício Morgado, professor de marketing da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. "O fato dela tratar isso de forma transparente, essa atitude ‘minha bunda é assim mesmo,’ faz parte da linguagem desta geração."

As muitas versões de Anitta ressoaram na América Latina e no exterior. Embora ela ainda não tenha conseguido emplacar um sucesso no topo das paradas nos EUA, suas duas primeiras músicas em inglês acumularam quase 100 milhões de visualizações no YouTube. "Downtown" foi um sucesso na América Latina e continua entre as 20 mais ouvidas na maioria dos países quatro meses depois do lançamento. E "Vai, Malandra", que ficou em 1º lugar no Spotify durante semanas, foi a primeira música brasileira a ficar entre as 25 mais ouvidas das paradas globais do serviço de streaming.

Anitta já sentiu o gosto dos palcos internacionais quando foi convidada a cantar na abertura da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, junto com Caetano Veloso e Gilberto Gil, dois gigantes da música brasileira.

No momento em que lhe convidaram, Anitta sabia que era mais um passo para quebrar paradigmas. "Foi um sucesso", diz ela.

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