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Geração Z e millennials sentem mais os impactos da pandemia

Pesquisa mostra que gerações mais velha, como a X e dos baby boomers, têm menos ansiedade e estão mais produtivos no trabalho

adolescentes (Carlos Alvarez/Getty Images)

adolescentes (Carlos Alvarez/Getty Images)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 27 de novembro de 2020 às 14h27.

Última atualização em 27 de novembro de 2020 às 16h57.

Os efeitos sobre a saúde mental causados pelo isolamento social e pela pandemia do coronavírus atingiram em cheio as gerações mais novas. Dados de uma pesquisa divulgada pela empresa Pulses mostram que os colaboradores da geração Z e millenials estão se sentindo mais ansiosos, estressados e desesperançosos do que os mais velhos nas empresas.

O estudo evidencia como a pandemia tem afetado a saúde mental. Nos últimos meses, 37% das empresas registraram aumento de doenças psiquiátricas.

45% da geração Z, de nascidos entre 1998 e 2010, disseram estar se sentindo mais ansiosos. Entre os Millennials, nascidos entre 1977 e 1997, esse índice foi de 36%, enquanto para os da Geração X, com nascidos entre 1965 e 1976, foi de 23%. Entre os Baby Boomers, só 15% relataram uma alta na ansiedade. 

Em relação ao estresse, os percentuais ficaram mais próximos: 10% dos mais velhos e 15% dos mais jovens relataram não conseguir manter a calma durante a pandemia. 

 

Além da ansiedade, o estudo também olhou para a questão da produtividade. Enquanto a maioria dos colaboradores responderam estar se sentindo mais produtivos em home office nos primeiros meses de pandemia, a geração Z mostrou uma percepção diferente: só 64% declararam uma produtividade maior. Para traçar um comparativo, entre os Baby Boomers, nascidos entre 1934 e 1964, esse percentual foi de 86%. 

Para o psicólogo, professor da School of Life e da Lupa - Educação Ampliada, Saulo Velasco a ansiedade na pandemia está ligada à impresibilidade e à ausência de realizações e emoções que antes eram vividas. A ansiedade também pode vir como consequência de uma falta de capacidade de autogerenciamento do tempo e das tarefas.

"Exsite um sofrimento psicológico muito grande quando as pessoas não sentem que conseguiram ter autocontrole, ter o autogerênciamento", explica.

A pesquisa, que foi feita durante 4 meses, teve a participação de 456 empresas e mais de 130 mil trabalhadores. 

Os mais velhos também tiveram menos problemas em relação à adaptação ao trabalho remoto.

Uma pesquisa da Orbit Data Science divulgada há algumas semanas mostrou que a aprovação do home office pelo brasileiro caiu ao longo da pandemia.  Entre

Em janeiro, quando o isolamento social ainda não havia sido implantado no Brasil, cerca de 70% das pessoas elogiam a prática de home office. Entre abril e junho, na pior fase da pandemia, a aprovação chegou a 45%.

Entre os desafios do trabalho remoto está a gestão do tempo e a dificuldade em colocar limites.

"No home office, nossos ambientes tem várias iscas, armadilhas e prazeres imediatos que concorrem com o foco no trabalho e as que captam a atenção são as que dão prazer mais imediato. Os benefícios que são muito demorados, como o estudo, e tem custo alto, são menos atrativos", explica o psicólogo.

Os mais velhos podem ter se adaptado melhor ao trabalho remoto porque podem ter uma noção melhor de como eliminar esses distratores. Algumas dicas são colocar o celular em modo avião quando o foco é necessário, listar as tarefas que precisa executar no dia e definir prioridades.

Para Renato Navas, executivo da Pulses, que realizou a pesquisa, esse resultado se deve à falta de maturidade, segurança e previsibilidade que só a idade e experiência geram.

“As gerações mais velhas possuem, teoricamente, mais maturidade profissional para se adaptarem a situações que exigem uma autonomia maior. A experiência ajuda a criar rotinas e processos que ajudam no trabalho, o que pode explicar essa facilidade em se sentirem mais produtivos, mesmo em um cenário de isolamento físico e de home office”, destaca.

Para o psicólogo Saulo Velasco, a interpretação faz sentido, mas é importante destacar que a maturidade não traz necessariamente uma estabilidade emocional. No caso da ansiedade nos mais jovens, ele destaca que há um fator do neurológico. Jovens, em geral, tem menos autocontrole.

Na visão da Pulse, a questão da época em que esse jovens nasceram também importa. As gerações mais novas não passaram por grandes mobilizações, como crises políticas fortes e guerras. Essas experiência do passado garantem para as gerações mais velha uma flexibilidade cognitiva e resiliência.

Outra característica dos Millennials que “atrapalha” sua saúde mental é o imediatismo, na visão de Renato Navas.

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