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Entre Jobs, Bezos e Zuckerberg, as mulheres se sentam à mesa das empresas de tecnologia

Em artigo, a cofundadora e CEO da Sólides Mônica Hauck argumenta que mulheres estiveram à frente de muitos feitos do ecossistema de tecnologia — e devem conquistar mais espaços

Mônica Hauck, da Sólides: "As mulheres estão chegando, agora não mais para servir boas ideias de bandeja e se retirarem. Estamos com fome de inovação e a certeza de que, à esta mesa, também pertencemos" (Divulgação/Divulgação)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 9 de março de 2023 às 14h10.

Última atualização em 9 de março de 2023 às 14h13.

Los Altos, 1976. Seattle, 1994. Boston, 2004. Para nós, amantes da tecnologia , essas são datas memoráveis. São anos e locais oficiais da criação de três das maiores empresas de tecnologia do mundo, que mudaram a sociedade em questão de comportamento, perspectiva, ambições e até carreira.

Apple, Amazon e Facebook (hoje, Meta) são a prova de que boas ideias tornam-se bilhões de dólares nas mãos das pessoas certas (precisamente 10, entre fundadores e co-fundadores das três empresas).

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O que foi criado por mulheres

Foi por meio da linguagem binária dos computadores, a programação, que as empresas de Jobs, Bezos e Zuckerberg transformaram a sociedade e movimentaram bilhões de dólares.

O que muitos desconhecem é que essa linguagem foi desenvolvida por uma mulher : Ada Lovelace é considerada a primeira pessoaprogramadora de computadores do mundo.

O Wi-Fi, tecnologia que permitiu a expansão em proporções globais de diversos produtos e serviços, também foi idealizado por uma mulher, Hedy Lamarr.

Antes da SpaceX, de Elon Musk, sonhar em levar um grupo de milionários para passear no espaço, Katherine Johnson, uma mulher negra, liderou dentro da NASA um grupo de matemáticas, também mulheres negras, que foram responsáveis por realizar os cálculos que levaram o primeiro astronauta americano a orbitar ao redor da Terra, no ano de 1962.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a criptoanalista Joan Clarke, trabalhando ao lado de uma equipe 70% feminina, ajudou a decodificar os códigos usados pelos nazistas e salvou a vida de milhares de pessoas.

Apesar de o ecossistema da tecnologia ser composto majoritariamente por homens, é fato que as mulheres construíram boa parte da base da tecnologia, da computação e da internet.

Onde estão as mulheres nas empresas brasileiras

Um levantamento feito pela Cortex no final de 2022, com dados de mais de 7 milhões de empresas brasileiras de todos os tamanhos, mostrou que:

Outro estudo, realizado pela UNESCO em 2018 sobre a Diferença Global de Gênero (Global Gender Gap), aponta que as mulheres não estão se beneficiando totalmente das oportunidades direcionadas a especialistas altamente qualificados em áreas tecnológicas, como Inteligência Artificial, onde apenas uma em cada cinco profissionais são mulheres.

Apesar de os números serem baixos, o levantamento mais recente do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgado em março deste ano, mostra que a presença de mulheres no setor de tecnologia aumentou 60% nos últimos cinco anos.

A história nos mostra o quanto o desenvolvimento tecnológico feito por mulheres foi e é fundamental para que a área tenha atingido o nível de avanço que conhecemos atualmente, e ainda há espaço para o crescimento da presença feminina na tecnologia.

Por isso, incentivar mais meninas, adolescentes e jovens a se destacarem nas áreas STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) é fundamental para que, futuramente, mais mulheres venham a fundar os próximos grandes conglomerados de tecnologia, que movimentarão bilhões de dólares e gerarão milhares de empregos globalmente.

Desde o início da civilização, o avanço da tecnologia vem mudando as regras da sociedade, a interação entre as pessoas e apontando novos caminhos para o futuro.

O interesse pela descoberta, invenção ou desenvolvimento de novas tecnologias faz parte da natureza cultural humana e não possui gênero.

Como aumentar a participação feminina

Homens e mulheres partilham da mesma capacidade criativa e inventiva para serem os próximos, ou próximas, gênios da linguagem binária.

O que nos afasta de alcançar todo esse potencial é a estrutura que, de forma equivocada, coloca a tecnologia e as ciências exatas como práticas naturalmente masculinas, assim como as características de liderança, assertividade, determinação, persistência, negociação, capacidade de atravessar crises, entre outras.

A credibilidade e o dinheiro investidos em uma empresa de tecnologia fundada por mulheres vão muito além da própria empresa, alcançam muitas outras e aumentam a confiança que cada empresária e executiva tem em si mesma para seguir o exemplo e também tirar sua boa ideia do papel.

Representatividade importa e os dados confirmam. De acordo com uma pesquisa da consultoria McKinsey, a diversidade aumenta em 152% o número de ideias inovadoras de uma equipe. Segundo estudo da Deloitte, 93% das empresas veem a diversidade de gênero como um fator que gera valor aos negócios e incrementa o desempenho geral da companhia.

Além disso, organizações que contam com mulheres na liderança têm 14% mais chances de superar a concorrência. O que empresas de tecnologia, com ambições que vão transformar o jogo, mais precisam? Apresentar ideias inovadoras, garantir um bom desempenho e superar a concorrência que, eventualmente, vai entrar no mercado para conquistar espaços.

E por falar em conquistar espaços: Musk, Bezos e Zuckerberg já podem colocar mais pratos e cadeiras à mesa farta da tecnologia.

As mulheres estão chegando, agora não mais para servir boas ideias de bandeja e se retirarem. Estamos com fome de inovação e a certeza de que, à esta mesa, também pertencemos.

*Mônica Hauck é cofundadora e CEO e fundadora da Sólides, empresa de tecnologia para gestão de pessoas de pequenas e médias empresas. Está na lista dos “100 CEOs das startups de maior destaque do Brasil”, organizada pelo Distrito e, em 2022, foi eleita “Empresária Destaque” do Prêmio Top of Mind Brasil de RH. A mineira, de 42 anos, é formada em História e pós-graduada em Culturas Políticas pela UFMG, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV e formação em Inovação e Empreendedorismo pela Universidade de Stanford (EUA).

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