Ele apostou em uma área de bem-estar dentro da empresa e vai faturar R$ 52 milhões neste ano
A empresa de talentos em tecnologia Môre criou um time dedicado a elevar as soft skills dos profissionais e clientes — e a ideia é inspirada num livro
Repórter
Publicado em 18 de dezembro de 2023 às 11h43.
Última atualização em 18 de dezembro de 2023 às 13h09.
A pandemia colocou o tema de bem-estar no discurso das empresas ao redor do planeta. Muitas ficam só no discurso. Outras estão dispostas a colocar o assunto em outras esferas. É o caso da Môre, uma empresa de São Paulo cujo negócio é o de alocar profissionais de tecnologia com formações disputadíssimas no mercado de trabalho, como designer de user experience ou cientista de inteligência artificial.
Em março deste ano, a Môre decidiu apostar em uma nova área: o “Departamento do Bem-estar”. A função do time é o de auxiliar os 224 funcionários e até clientes a lidar com os conflitos inerentes ao ambiente corporativo e ajudar o time a desenvolver habilidades comportamentais e socioambientais – as chamadas soft skills -, como empatia, proatividade, comunicação, criatividade, organização, entre outros.
A dinâmica da área lembra a de um coaching. Em sessões virtuais, os funcionários e clientes podem relatar inquietudes profissionais e pessoais, desde crises de ansiedade à orientação para conseguir um novo cargo.
“Criamos esse departamento para atender a todos que fazem parte da Môre, por isso o atendimento é online para chegar inclusive em quem está de home office,” afirma Gabriela Oliveira, psicóloga organizacional da Môre, que reforça que os atendimentos precisam ser agendados até para quem está em cargos de liderança.
Funcionário mais feliz é dinheiro no bolso
A nova área reforça o DNA da Môre, que a cada ano busca promover o bem-estar do começo ao fim da jornada do funcionário.
O processo seletivo, por exemplo, costuma ser mais ágil, evoluindo não apenas a assertividade, mas também a redução da ansiedade dos candidatos. Quando chega na fase de integração dos novos funcionários, a empresa acompanha de perto os primeiros 30 e 100 dias para evitar lacunas ou inseguranças durante o onboarding. O famoso feedback 360, que auxilia no acompanhamento e desenvolvimento individual do funcionário, também acontece a cada 6 meses de aniversário na empresa. No desligamento, a companhia estende o benefício de saúde por 3 meses e faz uma pesquisa de satisfação para entender como melhorar cada vez mais com o time.
Investir nessas iniciativas de bem-estar faz parte da estratégia de negócios da companhia, porque um funcionário mais feliz e saudável costuma ser mais produtivo e engajado com o trabalho, afirma Léo Xavier, fundador e CEO da Môre.
“Muitos devem pensar que bem-estar e performance são coisas antagônicas, mas nós acreditamos no contrário, de que o bem-estar no trabalho se reflete no dia a dia e acaba impulsionando as capacidades, então, para nós bem-estar é performance.”
O livro que inspirou a nova área
Foi com esse pensamento que Xavier teve a ideia de criar o departamento após a leitura de "Por trás da Felicidade", best seller do americano Shawn Achor. Ele é um dos cânones da chamada psicologia positiva, corrente terapêutica que preconiza uma atenção especial às razões de felicidade nas pessoas.
"Quero que as pessoas sejam felizes no mercado, e sei que isso não é impossível. As pessoas buscam cada vez mais por isso", diz Xavier.
A obra de Achor foi pioneira em elucidar como colocar o tema da felicidade nas empresas. O autor defende metas orientadas ao que brilha o olho dos funcionários e a manutenção de rituais contra distrações no escritório — uma draga da produtividade e, por consequência, um acelerador de frustrações corporativas.
Desde a criação do departamento, a Môre vem colhendo bons números na seara dos recursos humanos. Antes, em média 4,5% dos funcionários pediam as contas todos os meses. Agora, a média é de 0,8%. O “boca a boca” em cima da iniciativa melhorou a imagem da Môre no mercado. "O nosso banco de cadastro de talentos saltou de 5.000 contatos para mais de 15.000 em 12 meses", diz Xavier. O resultado financeiro também vai muito bem. Em 2023, a empresa projeta receita de 52 milhões de reais, o dobro do ano passado, e em 2024 a expectativa é de R$ 65 milhões.
Empresa faz parte do ranking Negócios em Expansão 2023
A Môre foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023 , levantamento da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), com suporte técnico da PwC Brasil.
A empresa ficou na 26ª colocação na categoria de 30 a 150 milhões de reais, com um crescimento de receita líquida de 89,77%. Em 2021, a receita líquida foi de R$ 22,3 milhões. Em 2022, subiu para R$ 42,4 milhões.
O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país. Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.
Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país. Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%.
Veja os resultados: