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Diferença salarial entre homens e mulheres segue crescendo no Brasil e no mundo, diz pesquisa

Estudo contou com mais de 30 mil entrevistados em 17 países e explorou a percepção dos funcionários em relação à atualidade e ao futuro do trabalho

Para o próximo ano, os homens esperam ver seus salários aumentar 8,5%, enquanto as mulheres preveem aumentos salariais de apenas 8%, segundo relatório People at Work 2023: A Global Workforce View do ADP Research Institute (Getty Images/Divulgação)

Para o próximo ano, os homens esperam ver seus salários aumentar 8,5%, enquanto as mulheres preveem aumentos salariais de apenas 8%, segundo relatório People at Work 2023: A Global Workforce View do ADP Research Institute (Getty Images/Divulgação)

Publicado em 1 de setembro de 2023 às 06h11.

Última atualização em 1 de setembro de 2023 às 10h47.

Apesar de políticas públicas e campanhas para valorizar a força de trabalho de um profissional (independente do seu gênero, idade, raça e demais diversidades), a igualdade salarial ainda é uma realidade distante para profissionais de muito países. Os aumentos salariais que as mulheres afirmam ter recebido no ano passado, por exemplo, não acompanharam os dos homens e a situação deve se repetir em 2023 em escala global, segundo o relatório People at Work 2023: A Global Workforce View do ADP Research Institute.

As promoções salariais na média global foram de 6,7% para os homens, em comparação com apenas 6% para as mulheres. Para o próximo ano, os homens esperam ver seus salários aumentar 8,5%, enquanto as mulheres preveem aumentos salariais de apenas 8%.

O estudo, que explorou a percepção dos funcionários em relação à atualidade e ao futuro do trabalho, contou com mais de 30 mil entrevistados em 17 países, sendo mais de 5 mil na América Latina, entre 28 de outubro e 18 de novembro de 2022.

O que esperar do mercado global quando o assunto é igualdade salarial?

Segundo o Fórum Econômico Mundial, levaremos cerca de 250 anos para alcançar a equidade salarial no mercado de trabalho, afirma Claudio Maggieri, gerente geral para a América Latina na ADP.

“Igualdade salarial ainda é um tema estrutural em nossas sociedades que permeia os mercados de trabalho global. Uma das crenças é que os homens ainda são os principais provedores dos lares. De acordo com estudos da ONU Mulher, globalmente, apenas 38% dos lares são formados por um casal tradicional de “pais & mães” e filhos, enquanto 62% dos lares são formados por diferentes configurações, sendo que 2/3 desses são mantidos apenas por mulheres, ou seja, de fato aproximadamente metade dos lares no mundo são providos apenas por mulheres.”

E o que esperar do mercado brasileiro?

No Brasil, o cenário muda um pouco. Os homens afirmam ter recebido aumentos salariais de 6,9% em 2022, enquanto as mulheres dizem ter recebido 6,6%. Para os próximos 12 meses, a expectativa do estudo é de que tanto os homens quanto as mulheres esperam um aumento salarial de 10%.

"Essa expectativa de igualdade salarial entre homens e mulheres pode preceder à aprovação da lei. A lei, evidentemente, vai dar mais garantias e permitir uma cobrança mais efetiva," afirma o gerente da ADP.

"O avanço ou a mudança nessa percepção, principalmente pelo lado das mulheres, se dá pelo crescente movimento de inclusão e equidade que florescem no Brasil e em outras partes do mundo, ainda que conte com resistências de parte da sociedade mais conservadora."

Qual geração é mais otimista com o aumento salarial?

O etarismo também é tratado na pesquisa global. Trabalhadores mais jovens e mais velhos também acreditam que serão negligenciados pelos empregadores no aumento salarial e distribuição de bônus no próximo ano.

  • Geração Z: segundo a pesquisa, apenas metade (50%) do grupo etário da Geração Z (18 a 24 anos) espera receber um aumento salarial em sua empresa atual nos próximos 12 meses;
  • Acima dos 55 anos: quase metade (49%) daqueles com idade igual ou superior a 55 anos esperam ser reconhecidos com alguma promoção no próximo ano.
  • Demais idades: cerca de 2/3 de todas as outras faixas etárias esperam um aumento salarial.

“Há um preconceito histórico em relação aos trabalhadores mais maduros. Mesmo tendo mais experiência, sofrem por crença instalada de que não teriam mais o vigor, motivação jovial, atualização intelectual ou afinidade com tecnologia e inovação, apesar de estudos mostrarem que essa é uma das gerações mais engajadas aos propósitos das empresas, muitos se sentem preteridos pelas oportunidades de trabalho,” diz Maggieri.

Além do preconceito, o executivo reforça que o mercado nacional precisa se atentar à expectativa de vida de sua população:

"No que diz respeito à criação de oportunidades de trabalho para geração X ou 55+, há também razões econômicas justificáveis, já que a expectativa de vida e longevidade aumentam progressivamente, o que exigirá manter profissionais com renda ativa por mais tempo ou os sistemas previdenciários entrarão em colapso cedo ou tarde, trazendo um maior custo social para todo o sistema."

Dentro da amostra, foram identificados trabalhadores temporários e permanentes, além de mais de 8.613 pessoas trabalhando exclusivamente na economia gig (modalidade de trabalho mais flexível).

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