Viagem de brasileiro tem muita compra e pouca cultura
Quando viaja ao exterior, o brasileiro ainda passa mais tempo em lojas do que aproveitando as oportunidades de aumentar seu capital cultural
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2013 às 19h45.
São Paulo - Este ano, minhas férias estão sendo um pouco mais especiais do que costumam ser. Dei-me de presente um passeio pela Espanha. Conheci a pequena Santiago de Compostela, na Galícia, ao norte, onde fiquei hospedada num hotel com mais de 500 anos, bem próximo à Catedral de Santiago, centro milenar de peregrinação.
Escrevi esta coluna no trem que me levou de Barcelona até Madri. Na capital espanhola, visitei o Museu do Prado, onde conheci australianos, americanos, franceses e japoneses. Coincidência ou não, não encontrei brasileiros. E assim foi por toda a viagem e por quase todos os museus, lugares históricos, exposições de arte e apresentações musicais que vi. Isso me chamou a atenção.
Comecei, então, a perceber que só encontrava brasileiros quando ia às compras — aliás, um exercício de paciência. Por mais de uma vez, perdi a calma com vendedores que, tão logo percebiam que era brasileira, insistiam em tentar me enfiar goela abaixo tudo o que havia para vender na loja.
Uma amiga querida, que reside na Espanha, acabou por explicar que, por causa da sede insaciável dos brasileiros por compras, os comerciantes pensam que somos todos iguais e tentam qualquer malabarismo para vender seus produtos. Mas voltemos aos hábitos dos brasileiros.
Fico abismada como algumas pessoas ainda desfrutam da ascensão social e da maior capacidade de consumo de forma equivocada. Num mundo tão globalizado como o nosso, jamais perca a oportunidade de conhecer e absorver um pouco da cultura dos países pelos quais a vida lhe der a oportunidade de conhecer.
De repente, seu futuro par ou até mesmo o chefe vem de um deles. Você certamente vai ganhar pontos ao mostrar que tem conhecimento além da sua área técnica. Vai também ficar bem com o colega de trabalho estrangeiro ao fazê-lo se sentir mais em casa e deixá-lo mais à vontade.
Confesso que comprei algumas coisas também. Boas coisas que, no Brasil, custam os olhos da cara. Mas o que mais encheu minha bagagem não pesa, não paga impostos nem ocupa espaço. Amei encher meus olhos e meu espírito com história e com cultura. Volto dessas férias descansada e muito mais rica. Pense um pouco e reflita se você está consumindo o que mais o enriquece.
São Paulo - Este ano, minhas férias estão sendo um pouco mais especiais do que costumam ser. Dei-me de presente um passeio pela Espanha. Conheci a pequena Santiago de Compostela, na Galícia, ao norte, onde fiquei hospedada num hotel com mais de 500 anos, bem próximo à Catedral de Santiago, centro milenar de peregrinação.
Escrevi esta coluna no trem que me levou de Barcelona até Madri. Na capital espanhola, visitei o Museu do Prado, onde conheci australianos, americanos, franceses e japoneses. Coincidência ou não, não encontrei brasileiros. E assim foi por toda a viagem e por quase todos os museus, lugares históricos, exposições de arte e apresentações musicais que vi. Isso me chamou a atenção.
Comecei, então, a perceber que só encontrava brasileiros quando ia às compras — aliás, um exercício de paciência. Por mais de uma vez, perdi a calma com vendedores que, tão logo percebiam que era brasileira, insistiam em tentar me enfiar goela abaixo tudo o que havia para vender na loja.
Uma amiga querida, que reside na Espanha, acabou por explicar que, por causa da sede insaciável dos brasileiros por compras, os comerciantes pensam que somos todos iguais e tentam qualquer malabarismo para vender seus produtos. Mas voltemos aos hábitos dos brasileiros.
Fico abismada como algumas pessoas ainda desfrutam da ascensão social e da maior capacidade de consumo de forma equivocada. Num mundo tão globalizado como o nosso, jamais perca a oportunidade de conhecer e absorver um pouco da cultura dos países pelos quais a vida lhe der a oportunidade de conhecer.
De repente, seu futuro par ou até mesmo o chefe vem de um deles. Você certamente vai ganhar pontos ao mostrar que tem conhecimento além da sua área técnica. Vai também ficar bem com o colega de trabalho estrangeiro ao fazê-lo se sentir mais em casa e deixá-lo mais à vontade.
Confesso que comprei algumas coisas também. Boas coisas que, no Brasil, custam os olhos da cara. Mas o que mais encheu minha bagagem não pesa, não paga impostos nem ocupa espaço. Amei encher meus olhos e meu espírito com história e com cultura. Volto dessas férias descansada e muito mais rica. Pense um pouco e reflita se você está consumindo o que mais o enriquece.