Carreira

Como aproveitar ao máximo o MBA no exterior

A experiência de um programa de MBA fora do país vai além das aulas; veja como usufruir desta oportunidade

Alunos da turma de 2013 do MBA de Kellogg: um MBA no exterior vai além do conteúdo acadêmico das aulas (Divulgação)

Alunos da turma de 2013 do MBA de Kellogg: um MBA no exterior vai além do conteúdo acadêmico das aulas (Divulgação)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 6 de julho de 2012 às 16h30.

São Paulo – Quanto custa o primeiro ano de aulas MBA em Harvard (incluindo custo de vida e outros possíveis gastos)? Cerca de 87 mil dólares. Em Stanford? Mais de 90 mil dólares. No MIT e em Wharton, 87,9 mil dólares e 93 mil dólares, respectivamente.

Mas, de acordo com especialistas e ex-alunos dos programas de MBA mais badalados do mundo, a grande vantagem destes cursos não está nas salas de aulas. Mas, sim, fora delas.

“Em determinado estágio da carreira, você terá que conhecer muita gente. Os futuros líderes de muitos setores ao redor do mundo estão nos principais MBAs. Esse é um diferencial”, afirma Gustavo Furtado, CEO da Tricae e ex-aluno da Kellogg Management School.

Confira quais as oportunidades para isso e como aproveitá-las

Clubes de interesse

Uma das principais estratégias para fortalecer seu networking e, de quebra, aprender mais durante o período do MBA são os clubes de interesse, que pipocam pelos campi das escolas de negócios estrangeiras. “Há clubes de brasileiros, de investidores, de sobrevivência em situações extremas, esportes e outras afinidades”, enumera Ricardo Betti, sócio da MBA Empresarial.

Ele mesmo fundou um clube do tipo enquanto fazia MBA na Sloan School of Business, ligada ao MIT. “Criei um yearbook para um projeto de marketing. A ideia acabou virando um clube, que foi um tremendo sucesso”, conta.

Mas, antes de sair se inscrevendo em todos os clubes que ver pela frente, lembre-se: o MBA não se resume a este tipo de experiência. Afinal, beber água de um hidrante, nem sempre mata a sede.

O ideal, de acordo com o especialista, é participar de dois ou três clubes deste tipo. E ser engajado, de fato, em cada um deles. Não vale só entrar no clube para contar na entrevista, depois. É preciso, de fato, se envolver.


Frequente festas e outros eventos sociais

Um dos slogans do MIT é “Work hard, play hard” (“trabalhe duro, divirta-se muito”, numa tradução livre). A proposta faz sentido. “Primeiro, porque ninguém é de ferro e você precisa relaxar um pouco. Segundo, porque sempre são ocasiões para conhecer seus colegas sob um outro ângulo. Você faz amizades para o resto da vida”, afirma Betti.

Não se enclauruse em panelas

Erro fatal para todo estudante que migra para um curso de MBA no exterior? Enclausurar-se em panelas. Principalmente, aquelas formadas apenas por conterrâneos. Quem aposta nessa estratégia confortável (é claro) perde em não experimentar vivências com pessoas de outras culturas e expandir os próprios horizontes. “Não fique fechado na panela da comunidade brasileira. Procure um meio termo”, aconselha Furtado.

Aproxime-se das empresas

De feiras de carreiras a palestras com profissionais convidados, faça de tudo para aproveitar as oportunidades para ficar colado nas empresas. E, sim, elas estão muito interessadas em se aproximar de você.

Uma das experiências mais interessantes neste aspecto é o Shadow Day. Nele, os estudantes são convidados para acompanhar o dia a dia do funcionário de alguma companhia que tem parceria com a escola.

Participe de campeonatos

Como é típico da cultura americana e, com o intuito de simular dentro do campus a rotina típica do mundo dos negócios, concursos de diferentes tipos são comuns nas escolas de negócios fora do Brasil.

Maurício Betti, que é filho do sócio da MBA empresarial, experimentou bem essa realidade já no seu primeiro ano na escola de negócios do MIT. Ficou entre os 30 finalistas do campeonato de empreendedorismo $100K do MIT e foi escolhido para representar a escola em um campeonato regional de cases entre escolas de negócios.

“Na final do MIT $100K, os investidores avaliavam o projeto e mostravam o que necessitava de melhorias”, conta. Mas as vantagens deste tipo de experiência não se restringem a todo aprendizado que você pode ter.


No caso do concurso de empreendedorismo, por exemplo, os estudantes devem desenvolver um projeto com estudantes de outras escolas do MIT. Na vida corporativa real, quem ocupa cargos estratégicos, geralmente, tem que lidar com pessoas de diferentes áreas e com habilidades distintas.

Além de simular esse tipo de vivência de um líder, experiências desse tipo fortalecem a rede de contatos – essencial para todo bom líder – e viram uma vitrine do seu trabalho para o mercado. “Assim, você não precisa saber a resposta para tudo. Porque quando não souber terá como recorrer aos ‘papas’ no assunto”, afirma Furtado.

Além (muito além) do campus

As escolas de negócios americanas oferecem diversas opções de intercâmbio em instituições fora dos Estados Unidos. “Muita gente não vai porque pensa ‘estou pagando uma grana para ficar nesta universidade para ficar uma temporada em outra não tão conceituada’”, lembra Furtado, que estudou 2 meses na China, enquanto fazia o MBA em Kellogg.

Erro crasso. “Além de ampliar sua rede de conhecidos para outra escola, se um dia você for fazer negócios naquele país, consegue aliar interesses”, diz.

Além do “cargo” de esposo e esposa

Algo muito comum entre os estrangeiros que vão fazer um MBA nos Estados Unidos é ir junto com seus respectivos cônjuges. Em boa parte destes casos, muitos deles se casam tendo em vista as questões de visto para o parceiro.

Norton Lara e Miriam Waismann são um exemplo disso. Eles já viviam juntos, mas decidiram se casar no papel por conta do MBA de Norton. “Eu brincava que o Tio Sam estava casando mais gente do que Santo Antônio”, afirma Norton Lara, consultor da Spencer Stuart e ex-aluno do MBA de Kellogg.

Sorte de Norton. “Minha experiência acadêmica foi excelente, mas comum. Eu me integrei muito melhor com os estudantes e com a universidade por causa da minha esposa. Até hoje sou conhecido como o ‘Miriam´s husband’ ou esposo da Miriam”, conta.

Não é para menos. Logo no primeiro ano, Miriam foi escolhida como uma das presidentes no grupo de esposas Joint Ventures. Ela foi a primeira estrangeira a assumir o posto. Depois, começou a trabalhar dentro da própria universidade.

“Eu nunca ficava parada em um lugar, sempre arranjava alguma coisa para fazer”, conta Miriam. “A dica é ficar aberto para todas as novas experiências. Seu esposa ou esposa continuará estudando, você tem que arrumar um jeito de se virar sozinho e fazer amigos”.

Acompanhe tudo sobre:carreira-e-salariosComportamentoCursos de MBAEducação executivaPós-graduaçãovagas-de-emprego

Mais de Carreira

RH estratégico: descubra por que as empresas estão apostando nesta nova cultura

Flexibilidade e futuro: como o trabalho Gig está redefinindo carreiras no Brasil?

Os países mais procurados por brasileiros para estudar e trabalhar, segundo a Belta

24 milhões de empregos até 2030: mercado trilionário cresce, mas com poucos talentos qualificados

Mais na Exame