Tombo: desempenho do Brasil piora e diretor da QS vê a queda como uma tendência (ginosphotos/Thinkstock)
Camila Pati
Publicado em 28 de fevereiro de 2018 às 10h30.
Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 12h06.
São Paulo – Pelo quarto ano seguido, o desempenho do Brasil no QS World University Rankings by Subject, anunciado hoje pela QS (Quacquarelli Symonds), piorou.
O ranking traz as melhores faculdades por área (departamento) de estudo e é um dos mais respeitados pelo mercado de ensino superior. O país perdeu a liderança na América Latina para o México.
Nesta edição, o Brasil teve 13 departamentos de universidades que entraram para top 50 nas 48 áreas analisadas, dois a menos do que em 2017. Dez desses 13 departamentos são da USP, que domina a lista.
Ben Sowter, diretor de pesquisa da QS demonstrou preocupação que vai além do resultado pontual obtido pelas universidades brasileiras nesta edição.
“O problema não é a queda na performance do Brasil esse ano, já que flutuações como essa são comuns. O problema é que vemos uma tendência cada vez mais difícil de reverter”, diz Sowter, por e-mail ao Site Exame.
Ele vê também o Brasil em apuros na área de engenharia. A QS ranqueia universidades em cinco diferentes campos: engenharia química, engenharia civil, engenharia elétrica, engenharia mecânica e engenharia de minas.
“Identificamos quedas significativas na área de engenharia e o corte de 44% no orçamento destinado à Ciência e Tecnologia torna essa situação ainda mais difícil de ser superada”, diz o diretor da QS.
Instituições brasileiras aparecem 27 vezes nas cinco áreas, mas em apenas caso teve melhora: a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, passou da posição 301-350 para 251-300.
Publicado desde 2011, o ranking usa a mesma metodologia desde 2015. Não é a primeira vez que o México leva a melhor do que o Brasil na lista. “Na edição de 2016 do ranking, o México possuía um departamento a mais do que o Brasil entre os top 50. Nos últimos quatro anos, vimos as duas nações competirem pela liderança”, diz Sowter.
A área de odontologia é destaque positivo, com cursos em três universidades. “Talvez a melhor notícia é que o Brasil ainda possui ótimos departamentos de odontologia”, diz o diretor da QS. Três dos 50 melhores do mundo, são daqui.
As maiores forças para o Brasil no ensino superior, no entanto, são agricultura e silvicultura (16 universidades ranqueadas), medicina (15 universidades ranqueadas) e ciência da computação (10 universidades ranqueadas). Ao todo, as universidades brasileiras aparecem 211 vezes nos rankings e estão presentes em 43 das 48 áreas analisadas.
Outro fato a se comemorar é que a USP não perdeu nenhuma área no ranking na comparação com a última edição.
Áreas (departamentos) de estudo | Posição em 2017 | Posição em 2018 | Universidade |
---|---|---|---|
Antropologia | 42 | 46 | Universidade de São Paulo |
Antropologia | 49 | 50= | Universidade Federal do Rio de Janeiro |
Arquitetura | 35 | 28 | Universidade de São Paulo |
Arte e Design | 42= | 31= | Universidade de São Paulo |
Línguas Modernas | 51-100 | 42= | Universidade de São Paulo |
Engenharia de minas | 25 | 33 | Universidade de São Paulo |
Agricultura & Silvicultura | 35= | 36 | Universidade de São Paulo |
Odontologia | 18 | 15= | Universidade de São Paulo |
Odontologia | 27 | 31 | Universidade Estadual de Campinas |
Odontologia | 33= | 37 | Universidade Estadual Paulista " Júlio de Mesquita Filho" |
Veterinária | 38 | 47 | Universidade de São Paulo |
Direito | 50= | 50 | Universidade de São Paulo |
Esportes | 31= | 20 | Universidade de São Paulo |