A receita do fracasso do brasileiro ao falar inglês
Cultura do "quebra-galho" impera no ensino de inglês na rede pública. Entenda
Camila Pati
Publicado em 27 de dezembro de 2015 às 05h00.
São Paulo – Os brasileiros, de forma geral, não falam bem inglês . Em ranking global de proficiência no idioma realizado pela empresa de educação EF Education First mostra os brasileiros em 38º lugar entre 63 países.
O baixo índice de domínio do inglês por parte da população brasileira é uma realidade construída desde a educação pública básica e dados mostram isto de forma explícita.
Estudo do Instituto Plano CDE, encomendado pelo British Council, mostra que apenas 33% dos professores de escolas públicas têm certificação de proficiência em inglês. Ou seja, se nem os professores têm, o que esperar dos alunos.
“Existe uma falta de padronização, não se exige dos professores exame de proficiência. Os testes de admissão são simples”, diz o sócio-diretor do Plano CDE, Maurício de Almeida Prado.
De acordo com ele, a pesquisa, que contou com respostas de 1.350 professores de inglês de todas as regiões do país, mostra que impera a cultura do “quebra-galho” no ensino de inglês na rede pública do Brasil.
“A maioria dos professores que lecionam inglês dá aulas também de outras matérias. Não são especialistas em inglês e muitos relataram que o ensino da disciplina não é levado a sério pela direção da escola”, diz.
Segundo o levantamento, 38% dos professores dão mais do que 30 aulas por semana. Apesar da estabilidade, os profissionais são mal remunerados. Neste sentido, a rede privada concorre (e ganha) da rede pública em atratividade de profissionais.
“Não vá repetir o aluno por causa do inglês”
Há casos em que professores disseram ter sido desestimulados a reprovar alunos por conta do mau desempenho em inglês.“Muitos relataram que o ensino de inglês nas escolas públicas não tem a importância dada a matemática ou português.
A falta de valorização do aprendizado de inglês está na lei brasileira. “O ensino específico de inglês não é obrigatório, apenas o de uma língua estrangeira e não há definição de grade horária mínima”, diz Prado.
Também está na gestão do ensino, segundo a pesquisa da Plano CDE. “O professor de inglês é o mais solitário, não tem com quem praticar ou discutir o plano de aula, porque muitas vezes nem o coordenador pedagógico da escola fala o idioma. Não há troca, como ocorre entre os professores de outras disciplinas”, diz Prado.
A desvalorização da disciplina de inglês também está nas avaliações oficiais do Ministério da Educação (MEC). “De 180 questões no Enem, apenas 5 são de inglês”, afirma o diretor do Instituto Plano CDE.
Segundo Prado fica clara a má gestão dos recursos empregados para o ensino de inglês na rede pública. “ É um dinheiro que já é gasto com isso, mas é mal gasto”, diz.
Enquanto isso... no mercado de trabalho
Se por um lado, não se dá importância ao aprendizado de inglês na rede pública de ensino, o domínio do idioma é essencial aos olhos do mercado de trabalho. Profissionais em nível de coordenadoria fluentes no idioma conquistam salários até 62% mais altos do que colegas que não falam inglês, segundo pesquisa divulgada pela Catho.
“A questão da importância do inglês no mercado de trabalho é óbvia. Mas há ainda outro fator que é o fato de o falante de inglês tem mais acesso a conteúdos qualificados não traduzidos de cursos e textos na internet, por exemplo”, diz ele, lembrando também que a falta de domínio do inglês por parte dos brasileiros tem sido um entrave para o sucesso do programa Ciência Sem Fronteiras. Houve casos de bolsistas que tiveram de voltar ao Brasil justamente porque foram reprovados em testes de proficiência no idioma.
Nível hierárquico | Diretoria |
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Salário médio para quem tem grau superior incompleto | R$ 12.956,23 |
Salário médio para quem tem grau superior completo | R$ 13.134,88 |
Salário médio para quem tem pós/MBA | R$ 16.097,39 |
Salário médio para quem tem mestrado/doutorado | R$ 16.901,84 |
Quanto ganham a mais profissionais fluentes em inglês | 49% |
Nível hierárquico | Gerência |
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Salário médio para quem tem grau superior incompleto | R$ 4.190,96 |
Salário médio para quem tem grau superior completo | R$ 5.493,69 |
Salário médio para quem tem pós/MBA | R$ 7.657,30 |
Salário médio para quem tem mestrado/doutorado | R$ 7.866,47 |
Quanto ganham a mais profissionais fluentes em inglês | 40% |
Nível hierárquico | Coordenação |
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Salário médio para quem tem grau superior incompleto | R$ 3.648,22 |
Salário médio para quem tem grau superior completo | R$ 4.333.35 |
Salário médio para quem tem pós/MBA | R$ 5.267,06 |
Salário médio para quem tem mestrado/doutorado | R$ 5.260,69 |
Quanto ganham a mais profissionais fluentes em inglês | 62% |
Nível hierárquico | Supervisão |
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Salário médio para quem tem grau superior incompleto | R$ 2.570,85 |
Salário médio para quem tem grau superior completo | R$ 2.891,97 |
Salário médio para quem tem pós/MBA | R$ 3.925,79 |
Salário médio para quem tem mestrado/doutorado | R$ 5.172,58 |
Quanto ganham a mais profissionais fluentes em inglês | 51% |
Nível hierárquico | Júnior/Pleno/Sênior |
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Salário médio para quem tem grau superior incompleto | R$ 2.074,20 |
Salário médio para quem tem grau superior incompleto | R$ 2.838,42 |
Salário médio para quem tem pós/MBA | R$ 3.577,58 |
Salário médio para quem tem mestrado/doutorado | R$ 3.578,37 |
Quanto ganham a mais profissionais fluentes em inglês | 20% |
Nível hierárquico | Assistente/Auxiliar/Operacionais |
---|---|
Salário médio para quem tem grau superior incompleto | R$ 1.306,09 |
Salário médio para quem tem grau superior completo | R$ 1.451,97 |
Salário médio para quem tem pós/MBA | |
Salário médio para quem tem mestrado/doutorado | |
Quanto ganham a mais profissionais fluentes em inglês | 19% |