5 hábitos diários que ajudam a escrever melhor
Tem dificuldade para escrever e-mails, relatórios e outros documentos? Veja hábitos simples (e fáceis de incorporar) que melhoram a redação profissional
Claudia Gasparini
Publicado em 1 de fevereiro de 2016 às 14h20.
São Paulo - “O escritor é um homem que, mais do que qualquer outro, tem dificuldade para escrever”, disse o alemão Thomas Mann, vencedor do prêmio Nobel de literatura de 1929.
A frase é um alento para aqueles que sofrem diante da página em branco. As palavras, afinal, exigem suor e empenho até dos artistas mais brilhantes.
Apesar disso, fatores como a influência da tecnologia têm trazido prejuízos adicionais para a escrita do cotidiano, afirma Diogo Arrais, professor de português no Damásio Educacional.
“Com a rapidez trazida pela internet, a maioria dos profissionais precisa se comunicar de uma forma praticamente imediata no trabalho", diz ele.
Com a pressa, sobram mensagens ambíguas e mal construídas - que, por sua vez, podem levar a erros operacionais, conflitos com colegas e até prejuízos financeiros para a empresa.
A influência da comunicação oral e a falta de familiaridade com a escrita também fazem com que muitos textos corporativos sejam infestados de problemas estruturais, diz Rosângela Cremaschi, professora de comunicação escrita na Faap.
"Ambiguidades, redundâncias, clichês, jargões, erros de sintaxe, pontuação incorreta e excesso de estrangeirismos são extremamente comuns", afirma ela.
A boa notícia é que todas essas “pragas” têm remédio. Veja a seguir cinco hábitos sugeridos pelos professores para melhorar a sua redação:
1. Adote um livro de cabeceira
Você certamente já ouviu que, para escrever bem, é preciso ler muito. Arrais corrobora o conselho e diz mais: escolha um livro do seu interesse e não passe um dia sem abri-lo, nem que seja para ler poucas páginas.
O ideal é priorizar obras de ficção. “Além de trazer repertório gramatical e vocabular, a literatura apresenta analogias e metáforas, o que ajuda a escrever melhor sobre qualquer assunto”, diz o professor do Damásio.
2. Use qualquer pretexto para escrever
Se você prestar atenção, verá que o cotidiano abre espaço para pequenas redações o tempo todo. "Escreva e-mails, recados, bilhetes, lembretes, cartas e até poemas", sugere Rosângela. O importante é usar todas as oportunidades possíveis para treinar a escrita.
Arrais vai além e propõe alimentar um blog ou até um perfil nas redes sociais com textos mais “autorais”. Nesse exercício, diz o professor, a prioridade não é tanto o conteúdo dos artigos, mas sim a atenção que você dedicará à sua forma.
3. Pense no leitor (e peça feedback)
Na pressa do dia a dia, é comum apertar o botão “enviar” do e-mail sem revisar o texto. Nada pode ser mais nocivo para a qualidade da comunicação, dizem os professores.
Se você quer aperfeiçoar a sua redação, é importante investir um minuto para reler o que você escreveu. Falta alguma informação? A mensagem está realmente clara? Segundo Arrais, é fundamental se imaginar no lugar do leitor ou até pedir comentários e críticas sobre o seu texto a colegas, familiares e amigos.
4. Desabilite o corretor ortográfico
Rosângela diz que não são poucos os profissionais que ficam reféns de corretores automáticos. "O problema é que esse tipo de instrumento é incapaz de compreender nossas ideias e nosso estilo de escrita”, afirma a professora da Faap. Em vez de ajudar, a tecnologia acaba confundindo e gerando insegurança.
Para ganhar confiança e independência, a dica é substituir a ferramenta por bons materiais de consulta, como um dicionário atualizado pelo novo acordo ortográfico e uma gramática confiável.
5. Investigue o que você (ainda) não sabe
Ao se deparar com uma dúvida de português, você costuma mudar a frase para evitar a construção que está causando insegurança? Esse tipo de fuga é muito frequente, mas desperdiça grandes chances de aprendizado, afirma Rosângela.
Quando você questiona a escrita de alguma palavra, o uso de determinada expressão ou a construção de uma frase, essa é a hora de consultar os materiais de referência mencionados no item anterior. Segundo a professora, a pior alternativa é ignorar o problema e, assim, perpetuar a dúvida.
"Interpretação de textos e semântica para concursos", de Marcelo Rosenthal, Lilian Furtado, Tiago Omena e Pedro Henrique (Editora Campus / Elsevier)