São Paulo - Experiências vividas na faculdade costumam ser marcantes: elas ajudam a esboçar valores, paixões e opiniões que levaremos para o resto da vida.
Apesar de toda essa riqueza, é comum a sensação de que os aprendizados adquiridos na graduação nem sempre estão em sincronia com as competências exigidas pelo mercado de trabalho .
Segundo Felipe Brunieri, gerente da consultoria Talenses, a maior lacuna aparece nas habilidades ligadas ao comportamento e à gestão das emoções. As chamadas "soft skills" costumam receber pouca atenção das universidades.
Para o headhunter, isso ocorre porque os cursos de graduação no Brasil ainda apresentam currículos bastante engessados. "Com algumas honrosas exceções, há muita ênfase na teoria e pouco diálogo com as situações do dia a dia", diz.
O resultado é que jovens competentes do ponto de vista técnico se descobrem pouco preparados para a realidade do trabalho numa empresa.
Lacunas
Claro que nem tudo é “culpa” da faculdade. O desenvolvimento de muitas competências - sobretudo das comportamentais - só vem com a maturidade e a experiência. Em termos simples: é preciso viver para aprender.
Mas isso não significa que você deva simplesmente esperar o tempo passar.
Para Daniela Ribeiro, gerente sênior da Robert Half, é preciso assumir uma certa postura mental durante e após a faculdade para conquistar as habilidades que ela não ensina.
"Seja no estágio ou no emprego, é importante buscar o máximo de consciência sobre o que se passa ao seu redor", explica. Isso significa estar atento aos detalhes do cotidiano, do estilo de liderança do seu chefe à forma como os seus colegas lidam com suas emoções.
Cultura e entretenimento também podem ajudar a complementar a sua formação. “Você pode fazer diversas conexões entre a vida profissional e narrativas presentes em livros, filmes e videogames, por exemplo”, afirma Jacqueline Resch, sócia-diretora da Resch Recursos Humanos. “O importante é estar aberto ao aprendizado constante”.
Mas quais são exatamente as lacunas a serem supridas? Veja a seguir 5 competências essenciais para a carreira que a maioria dos cursos universitários ainda não oferece ao aluno:
1. Inteligência emocional
Profissionais resilientes e capazes de administrar sentimentos próprios e alheios são disputados a tapa pelo mercado. Não é à toa, diz Jacqueline: inteligência emocional não é o forte da maioria das pessoas.
Ausente da maior parte das discussões acadêmicas, a gestão das emoções é essencial para manter a calma em processos seletivos, continuar produtivo durante crises econômicas e até ser promovido.
2. Visão de negócio
Brunieri diz que mesmo cursos ligados umbilicalmente ao mundo empresarial, como administração e contabilidade, raramente capacitam o aluno a enxergar os negócios como eles realmente são. "Mesmo quando cases são abordados em sala de aula, as discussões são extremamente teóricas", afirma.
Segundo o especialista, outras graduações, que formam profissionais para RH ou TI, por exemplo, oferecem ainda menos subsídios nesse sentido.
3. Liderança e trabalho em equipe
Você coordenou um grupo de estudos na faculdade? Fez muitos trabalhos em grupo? Segundo Daniela, o clima de amizade entre colegas de curso faz com que esses exercícios tenham pouca relação com a vida real.
"As empresas cobram 'olhar de dono', assertividade, capacidade de extrair o melhor de pessoas com diferentes perfis, habilidades pouco treinadas num contexto universitário”, completa Jacqueline.
4. Networking
“Ingrediente mágico” para ascender na carreira e sobreviver a demissões, a boa gestão da rede de contatos profissionais não costuma ser abordada na graduação. Para Brunieri, isso é grave.
“O networking começa justamente com os primeiros amigos da faculdade, mas não há muita consciência da importância disso nessa época”, explica. O headhunter também enxerga pouco ou nenhum debate em sala de aula sobre a importância do marketing pessoal para a carreira.
5. Línguas
Única competência não-comportamental desta lista, o domínio de idiomas não costuma constar do currículo da maior parte dos cursos universitários.
O resultado disso, avalia Daniela, é um imenso déficit em inglês - e até em português. “Quase nenhum curso de graduação dá ênfase ao uso da língua e muita gente acaba entrando no mercado com graves deficiências nesse quesito”, diz a recrutadora.
- 1. Leituras que valem por um diploma
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São Paulo - “As lições destes
livros têm mais valor prático e de aplicação imediata do que anos de discursos teóricos e apresentações maçantes pelas universidades do mundo”, diz o fundador e presidente da consultoria dbBS Business Solutions, Deni Belotti. E a frase parte de um partidário ferrenho dos estudos acadêmicos formais, como ele mesmo se define. “Sempre fui um defensor e praticante compulsivo da formação acadêmica de alto nível e, dentro do possível, realizada de uma maneira coordenada com a carreira”, diz. No entanto, a velocidade das mudanças e o protagonismo atual de ambientes criativos e dinâmicos no contexto dos negócios têm colocado, de acordo com Belotti, em dúvida a eficácia - mensurável, diz - de
cursos de extensão, como pós-graduações e
MBA s, que se proliferam com o passar dos anos. Assim, é sob este cenário que o especialista recomenda a leitura destes sete clássicos sobre gestão. Confira, nas fotos, quais são.
2. “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas” 2 /9(Reprodução)
“Cerca de 15% do sucesso financeiro de alguém se deve ao conhecimento técnico e 85% à personalidade e à habilidade de liderar pessoas”, escreveu Dale Carnegie no livro. “O autor foi mágico em fazer o público gostar dele. Além de vender dezenas de milhões de cópias de seu livro em todo o mundo, ele abriu as portas de seus programas educacionais, os quais prometiam sucesso profissional e felicidade”, diz Belotti que leu o livro dezenas de vezes. O que o livro ensina: como sair de uma rotina mental estagnada, conceber novas ideias e novas visões, além de auxiliar a manter um modelo mental positivo de forma a despertar entusiasmo e inspiração naqueles que estão à sua volta, segundo Belotti. Autor: Dale Carnegie.
Ano: 1936.
3. “O Gerente Minuto” 3 /9(Reprodução)
“No livro, os aspirantes a bons administradores são avisados a “visar um empregado fazendo a coisa certa” e a reforçar seu bom comportamento com um minuto de elogios. Más ações devem ser igualmente apontadas e punidas com um minuto de represálias”, diz Belotti. O que o livro ensina: o que significa ser um bom gerente. “Se há uma definição melhor e mais simples sobre isso, eu ainda não encontrei”, diz. O livro, segundo o consultor, contém mais sabedoria a respeito de negócios do que uma dúzia de bibliotecas completas de estudos acadêmicos. Autores: Kenneth Blanchard e Spencer Johnson.
Ano: 1982.
4. “Gerenciando o Lado Humano da Empresa” 4 /9(Reprodução)
O autor, Douglas McGregor, revolucionou os recursos humanos pensando em duas formas que gestores enxergam empregados. “A Teoria X assume que trabalhadores são inerentemente preguiçosos A Teoria Y assume que eles são motivados por si mesmos”, diz Belotti. O consultor explica que, ao questionar a Teoria Y, o autor inclina-se à ideia de que a gestão deve fazer com que o ambiente de trabalho dê condições para que as pessoas queiram desempenhar bem suas atividades. O que o livro ensina: “Ao contrário da maioria dos livros técnicos, nos quais modelos de gestão empresarial são apresentados como fórmulas mágicas, esta obra coloca os modelos em segundo plano e ressalta o sujeito e os conflitos decorrentes das relações interpessoais nas instituições”, diz Deni Belotti. Exemplos concretos, estudos de casos e até conceitos filosóficos propostos por Italo Calvino - como a leveza, a rapidez, a exatidão, a multiplicidade e a consistência – estão na obra. “Tudo com uma linguagem simples e direta”, diz o consultor. Autor: Douglas McGregor.
Ano: 1960.
5. “A Era da Irracionalidade” 5 /9(Thinkstock)
“Este livro teve poderosa influência no que mais tarde viria a ser chamado de pensar fora da caixa”, diz Deni Belotti. É que o então professor visitante na Escola de Negócios de Londres descreveu as mudanças que se faziam necessárias a partir das transformações sociais. “Novas tecnologias e o decréscimo nas posições da carga horária integral, além de outras mudanças, requeriam o abandono das regras estabelecidas e tentativas com novas maneiras de trabalho”, diz Belotti. O que o livro ensina: o livro aborda a ideia da organização sistêmica como elemento capaz de gerar aprendizado e, consequentemente, autodesenvolvimento. A ideia do autor é que as empresas sejam lugar de aprendizado em que pessoas possam crescer à medida que trabalham. Autor: Charles Handy.
Ano: 1989.
6. “Inteligência Emocional” 6 /9(Reprodução)
O que está em jogo quando pessoas que QI alto tropeçam e aqueles com QI modesto surpreendem? Esta é a pergunta que o autor propõe para trazer à tona qualidades como autocontrole, persistência e motivação, bases da inteligência emocional. “Sem elas, escreve Goleman, carreiras seriam desnecessariamente jogadas no lixo”, diz Belotti. No livro, o autor explica ainda que a inteligência emocional pode ser desenvolvida. O que o livro ensina: “Uma teoria revolucionária que redefine os conceitos de inteligência”, diz Belotti. A partir de exemplos de casos do cotidiano o livro mostra a importância de saber lidar com as emoções, quesito essencial para o desenvolvimento da inteligência de qualquer indivíduo. Autor: Daniel Goleman
Ano: 1995
7. “Marketing de Guerrilha” 7 /9(Thinkstock)
O termo guerrilha refere-se às táticas de mobilidade e ocultação utilizadas por pequenos exércitos para vencer tropas maiores e com maior poder bélico, diz Belotti. O sucesso da guerrilha está na mobilidade e no efeito surpresa que rendem ataques quase sempre pelos flancos ou pela retaguarda, seguidos de retirada estratégica para locais de difícil acesso. Transposto para o contexto de negócios, o conceito de marketing de guerrilha, criado pelo publicitário Jay Conrad Levinson, remodelou a maneira de pensar em pequenas companhias em relação a como se promover. “Antes, companhias muitas vezes usavam enormes e caras ações de marketing. Para as companhias menores que desejavam competir Levinson defendeu a ideia da preponderância do cérebro sobre os músculos”, diz Belotti. O marketing de guerrilha foi a base para construção dos princípios de buzz marketing, segmentação de mercado, mídias não convencionais, criatividade e mídia espontânea. O que o livro ensina: “uma estratégia composta de diversas ferramentas que permitem ter os seus dispositivos reconfigurados no tempo e espaço, de acordo com a realidade, os recursos e as intenções do anunciante”, diz Belotti. Autor: Jay Conrad Levinson.
Ano: 1984.
8. “O Maior Vendedor do Mundo” 8 /9(Thinkstock)
O livro conta a história de Hafid, um humilde guardador de camelos que fica muito rico. “É um guia clássico da filosofia do vendedor”, diz Belotti. O autor mostra que satisfação e bem-estar são resultantes do (re)encontro com sua verdadeira essência. A partir daí, os benefícios de ordem material se transformam em consequência lógica. O que o livro ensina: “Se você não pode vender suas ideias, seu produto ou seus serviços, você nunca será bem sucedido nos negócios. Você não pode ser bem sucedido nos negócios se não for bem-sucedido na vida”, diz Belotti. Autor: Og Mandino.
Ano: 1968.
9. Por falar em livros.... 9 /9(Thinkstock)