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3 razões para apostar no MBA online e 3 para desconfiar

Para reitor da escola de negócios Kenan - Flagler na Carolina do Norte, tecnologia coloca MBA online e presencial no mesmo patamar. Mas o mercado acredita nisso?

MBA online é uma tendência educacional, defende o reitor da Kenan–Flagler Business School da Universidade da Carolina do Norte, James Dean (GettyImages)

Camila Pati

Publicado em 17 de setembro de 2012 às 13h44.

São Paulo – Ter um MBA no currículo exige um projeto financeiro antecipado e disponibilidade de tempo para frequentar as aulas. Se a escola fica em outro país e a ideia é fazer um MBA full time, vale lembrar que serão dois anos ou mais morando fora do Brasil – e muitas vezes, sem a possibilidade de trabalhar. Ou seja, isso certamente demanda mais planejamento .

Por essas razões, profissionais qualificados para frequentar o curso acabam abandonando a ideia antes de pensar em fazer as contas de gastos com as mensalidades e a temporada internacional. É de olho neste grupo de pessoas que muitas escolas de negócios estão apostando na oferta dos programas de MBA online.

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“Há muita competição entre as escolas, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa e no Brasil. As instituições estão procurando novos segmentos e o MBA online é uma maneira de suprir a demanda de mercados ainda mal atendidos”, diz James Dean, reitor da  Kenan -Flagler Business School da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, nos Estados Unidos, que tem o programa há pouco mais um ano.

O curso online é uma tendência educacional, segundo o reitor da Kenan - Flagler. Mas é fato que esta modalidade também enfrenta algumas barreiras para deslanchar. Confira 3 razões pelas quais o MBA online pode conquistar o mercado de vez e 3 motivos que ainda atrapalham seu sucesso.

MBA online é tendência porque....

1Tecnologia permite que o curso tenha qualidade

Essa é a principal razão, na opinião do reitor James Dean, da UNC Kenan - Flagler. “Há 10 ou 5 anos, a tecnologia não era suficiente para criar um curso online atrativo”, diz. A rapidez das conexões de internet e a sofisticação da produção de vídeos e outros conteúdos foram essenciais para que o curso se tornasse realidade, segundo ele.

Ele explica que os estudantes do MBA online participam de aulas ao vivo. “Na tela do computador ele vê e ouve seu professor, e também todos os colegas, como em uma classe presencial. Essa transmissão de vídeo simultâneos de 50 pessoas, por exemplo, não era possível alguns anos atrás”, diz.


As aulas gravadas também passam por um processo de sofisticação de produção. “Nossos alunos são da geração que criou o Youtube, um vídeo de uma pessoa sozinha falando seria entediante e não iria funcionar”, diz James. De acordo com ele, o material gravado segue o estilo de um documentário, com uso de várias câmeras e entrevistas.

2A demanda sempre existiu

O público do online não é o mesmo do curso presencial. Dean explica que o MBA online não está tirando alunos da modalidade full-time.“Muitos de nossos estudantes dizem nunca ter pensado que teriam a oportunidade de fazer um MBA mesmo sendo qualificados para isso”, diz.

Atualmente, diz Dean, há 250 alunos na modalidade online e 580 no programa presencial de MBA da UNC Kenan – Flagler. Segundo o reitor, a expectativa é que em 2013 o número de inscrições do MBA online salte para 600. “Ganhamos uma média de 50 alunos a cada trimestre”, diz.

3Estudar pela internet é natural para os alunos

Para quem está na faixa dos 28, 30 anos, a interação online deixou de ser novidade faz tempo. “Nossos alunos cresceram em um ambiente com este tipo de tecnologia”, diz Dean.

Por esta razão, a ideia de fazer um curso em ambiente online é até natural para quem está habituado com email, Facebook, Twitter, YouTube, Skype, e todo esse universo da comunicação via web.“Se a tecnologia estivesse disponível, mas os estudantes não se sentissem confortáveis com ela, um MBA online não iria funcionar”, diz Dean.


3 razões para desconfiar

1Preconceito do mercado

“Não há muitos alunos formados, o preconceito vem daí, não existe um conceito formado”, diz o coach educacional Renato Casagrande.
Ele explica que o aluno de um curso online ainda sofre de um estigma. “Ouço executivos falando que não contratam formados por cursos a distância por passar a ideia de um profissional preguiçoso”, diz ele.

Tanto Casagrande quanto Dean acreditam que é uma questão de tempo. “A percepção do mercado está mudando a cada dia nos Estados Unidos e acho no Brasil isso vai acontecer também”, diz o reitor da Kenan Flagler. “Vai precisar de um tempo para os egressos comprovarem ao mercado que são capazes”, diz Casagrande.

O pouco tempo de existência do curso da Kenan Flagler, aliás, foi o que fez com que a escola ficasse de fora do ranking feito pelo MBA Connect, em parceria com a QS Intelligence Unit, com os melhores cursos de MBA online no mundo. “Não tínhamos turma formada, por isso, não estávamos aptos a participar”, explica o reitor.

2Cultura da falta de disciplina

A autodisciplina é fundamental para que a educação a distância funcione. “Infelizmente no Brasil ainda há essa cultura de que as pessoas precisam ser controladas para produzir”, diz Casagrande.

De acordo com ele, se o aluno não tiver maturidade e disciplina, tende a desistir do curso. “O grande desafio é motivar os alunos. Se ele não se dedicar, não vai aprender. E o que conta é o desempenho individual”, diz Casagrande.


3Networking mais fraco

A criação de uma rede de contatos é um dos pontos chave para quem escolhe fazer um MBA. Por isso, a falta de interação, segundo Casagrande, é um dos principais problemas.

“Por mais que se façam chats, e-mails, não é a mesma coisa e se você for analisar os percentuais de utilização dessas ferramentas ainda são baixos”, diz o coach educacional.

A Kenan-Flagler soluciona este problema organizando encontros e viagens com alunos do MBA online a cada trimestre. “Esses encontros são muito importantes para a questão do networking”.

No entanto, ele também lembra que, se o público alvo do MBA online está acostumado à interagir online, com o networking não é diferente.“Ao acessar o portal, alunos podem ver quem está online e conversar. Nossa plataforma tem uma interface muito semelhante à do Facebook, por exemplo, e é muito mais intensa do LinkedIn”, diz.

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