Rio Grande do Sul: não é sobre você, marcas ou influencers, é sobre o outro
Este mês, Kelly Pinheiro e Denis Zanini Lima deixam o marketing e a comunicação de lado para falar da tragédia no RS
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Publicado em 3 de junho de 2024 às 13h00.
Por Kelly Pinheiro e Denis Zanini Lima*
Hoje, pedimos licença para fugir do marketing e comunicação, temas que temos expertise, para falar um pouco sobre a tragédia do Rio Grande do Sul . Talvez alguns de vocês se perguntem o motivo de estarmos batendo nessa tecla agora, quase um mês depois das enchentes que assolaram o Estado. Mas, sem muitos segredos, a razão é exatamente essa: o tempo passado.
Ousamos dizer que o ineditismo de uma tragédia desse porte, principalmente na era digital, é o que move boa parte da população. Somos humanos e somos empáticos. Imagens de dor e necessidade coletiva moveram uma boa parte da população brasileira.
Mas então ocorre aquele fenômeno chamado de tempo, que faz com que essas mesmas imagens passem a se tornar um pouco mais comuns para as pessoas. Assim, após quase um mês, é normal que o engajamento da sociedade diminua com o passar do tempo, e é justamente quando as pessoas do Estado mais precisam do nosso apoio.
Agora, mais do que nunca, é essencial que mantenhamos nossa solidariedade e empatia vivas. Precisamos unir forças para continuar ajudando as comunidades afetadas, mostrando que nossa humanidade não se limita aos momentos de maior visibilidade, mas persiste durante todo o difícil processo de recuperação.
Engajamento nunca foi tão debatido e nem tão criticado
Todo profissional de marketing ou social media pode afirmar que as redes sociais durante a primeira semana da tragédia no Rio Grande do Sul poderiam ter se tornado um case digno de um estudo acadêmico. Com o aumento significativo no engajamento das principais plataformas, também vieram os aumentos de dedos apontados digitalmente e cobranças feitas para as pessoas erradas.
Muitos — influencers ou celebridades — que se prontificaram a ajudar, foram criticados por estarem "querendo aparecer demais". O que nos leva a questionar diversos pontos importantes, como: as pessoas realmente perderam de vista que o momento pedia uma ajuda humanitária de quem quer que fosse, independente de suas razões por trás, se é que, de fato, existiam?
É crucial entender que a visibilidade nas redes sociais pode ser uma ferramenta poderosa para mobilizar mais ajuda e inspirar outros a contribuírem, ser um impulsionador de exemplos positivos. Mostrar atos de solidariedade, longe de ser um ato de vaidade, pode gerar um efeito cascata de apoio e compaixão. Essas críticas e esses debates intensos perdem de vista o essencial: independentemente da exposição, essas pessoas estavam, de fato, ajudando.
Além disso, o papel dessas plataformas na promoção de iniciativas solidárias não pode ser subestimado. A corrente de divulgação de marcas gaúchas é um exemplo importante de como as redes podem ser usadas para promover o consumo de produtos locais e apoiar a economia regional, que precisa e deve voltar a crescer.
O Rio Grande do Sul precisa de visibilidade
Reiteramos que é fundamental que continuemos a utilizar as redes sociais como um meio para promover boas ações e inspirar outros, especialmente nesses momentos nos quais a tragédia passa a se tornar mais “cotidiana”, causando menos estranheza, menos impacto e chega a ser “só mais um acontecimento” na vida das pessoas.
Assim, principalmente agora, quando o engajamento começa a diminuir, é crucial mantermos nosso compromisso de ajudar e fazer a diferença na vida daqueles que mais precisam. Não é sobre você, nem sobre o influencer que você segue, ou a celebridade criticada que tem tentado limpar sua imagem, é sobre o outro. Independentemente das críticas, o foco deve ser sempre ajudar e fazer a diferença nos momentos que realmente importam. Faça porque é humano. Ajude porque é o certo. Cobre das entidades que precisam ser cobradas. Mas vamos juntos engajar o Rio Grande do Sul novamente.
* Kelly Pinheiro é jornalista e fundadora e sócio-diretora da Mclair Comunicação e Denis Zanini Lima é CEO da Ynusitado Marketing Digital Intelligence.
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