Retorno de Queiroga revela uma CPI a caminho do esgotamento
CPIs podem se desmoralizar se não cumprirem a ameaça prometida no início
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2021 às 21h25.
Por Márcio de Freitas*
A volta do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao banco da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia é daqueles casos que, pela lógica, não terminará enquanto novos elementos forem surgindo no curso da apuração. Todo novo questionamento que os senadores levantarem acabará por retornar ao atual responsável pela política de combate à covid-19.
Como o mítico Sísifo leva todo dia uma imensa pedra até o cume da montanha, de onde ela imediatamente rola morro abaixo, Queiroga terá sempre sobre ele uma avalanche de dúvidas sobre a evolução da doença entre brasileiros.
Mas o retorno do ministro foi rápido demais, com pouco mais de um mês de intervalo após o primeiro depoimento. Com um prazo de 90 dias previsto para apurar as responsabilidades pelo elevado número de mortos da pandemia no Brasil, a CPI emite sinal de esgotamento ou de caminhar para um fim só com base em depoimentos.
Descobertas, nem uma. Nem mesmo o vídeo de internet com aconselhamentos alternativos ao presidente Jair Bolsonaro surgiu da investigação do Senado. Foi trabalho jornalístico de um site de notícias. E desde o início todos sabem que as postagens nas redes sociais contém uma linha cronológica rica sobre o comportamento deste governo na pandemia.
A CPI caminha para um beco sem saída, se não mudar. Hoje, não responde com fatos novos à questão a que se propôs, nem mostra capacidade de levantar dados robustos e informações inéditas ao debate político.
CPIs podem ser ameaçadoras se conseguirem fatos contra governos, mas também podem se desmoralizar se não cumprirem a ameaça prometida no começo. É esse o momento em que a CPI se encontra: a encruzilhada.
*Márcio de Freitasé analista político da FSB Comunicação
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