Produção e consumo sustentáveis: o caminho para a preservação
Executivo do Carrefour destaca o papel do varejo na construção de uma agenda ambiental mais responsável
Isabela Rovaroto
Publicado em 12 de novembro de 2020 às 10h27.
Última atualização em 12 de novembro de 2020 às 10h28.
A responsabilidade ambiental é um tema amplo, complexo e que, para ser efetivo, deve envolver uma articulação entre os setores público, privado e também ONGs, investidores e consumidores. Uma agenda positiva comum é de grande valor para criar um equilíbrio entre produção de alimentos e preservação da natureza. É preciso somar esforços e avançar na mesma direção, o quê diversas empresas, entidades setoriais, ONGs e bancos têm feito, ao anunciarem movimentos e campanhas cujo objetivo é promover o desenvolvimento sustentável necessário, para auxiliar no combate ao desmatamento dos principais biomas como a Amazônia, Pantanal e o cerrado brasileiro.
A pressão que a produção de alimentos exerce sobre a derrubada das florestas e a degradação da natureza não é nova, mas cresceu exponencialmente nos últimos tempos, fato que levou grandes companhias ao redor do mundo a se mobilizarem para melhorar suas participações nas cadeias produtivas, para garantir uma alimentação mais saudável e sustentável, e também para atender aos desafios que todos nós teremos nas próximas décadas, que é de garantir alimentos para uma população mundial crescente.
É fato que os sistemas de produção atuais necessitam ser revistos e desenvolvidos, de forma a atender às demandas atuais, sem comprometer as reservas de recursos para as próximas gerações, mas este debate, que era sempre restrito a grupos políticos, técnicos e especialistas, tornou-se visível e popular. Empresas, investidores e organizações da sociedade civil passaram a se relacionar e se reconhecer por seus propósitos, e o consumidor passou a integrar este debate e fazer escolhas de consumo que valorizem a preservação da natureza e a garantia de direitos sociais. O varejo passou a ser peça fundamental nesta engrenagem, saindo de uma posição passiva e limitada no processo de compra e venda de produtos para o investimento em ações práticas que apoiem as mudanças necessárias para uma transição alimentar saudável, democrática e responsável de produtos.
Cabe ao varejo apresentar produtos que tenham uma história positiva, estabelecendo uma conexão afetiva entre o campo e o consumidor, trazendo para as gôndolas alimentos que promovam a produção sustentável, que privilegiem espécies nativas, regionais, protegendo os biomas com desenvolvimento ambiental, social e econômico, simultaneamente à proteção com fiscalização e monitoramento. A ciência e a tecnologia são aliadas e devem ser empregadas, ampliando e estimulando a diversidade de produções nas propriedades rurais, para que os produtores não concentrem ou limitem suas operações em um único tipo de cultura produtiva, o que pode proporcionar maior diversificação de sua renda, menor impacto da volatilidade do preço dos produtos no mercado, ampliação de seu portfólio e manejo regenerativo dos recursos localizados em suas propriedades. O estímulo à produção de itens do bioma pode colaborar ainda para evitar a necessidade de ampliar áreas produtivas e aproveitar a área convertida, com mais eficiência e produtividade por metro quadrado, aumento da renda regional, desenvolvimento social de comunidades e maior engajamento para a proteção ambiental.
A chave para a mudança é aprendermos a respeitar o tempo da natureza, valorizando sua diversidade em nosso prato, resgatar e promover culturas de alimentos e gastronomia regionais, além de valorizar e preferir produtores, fornecedores, empresas e marcas que estão engajadas com compromissos ambientais e sociais. Precisamos falar sobre a alimentação, conversar entre amigos, família e com nossos filhos, pois o envolvimento de todos é imprescindível para protegermos nossos recursos. Ao escolher comprar um produto cultivado de forma sustentável em detrimento de outro convencional, quem vende e quem consome estão escolhendo também as histórias que querem patrocinar por trás de cada produto, e esta é uma responsabilidade de todos nós.
* Lucio Vicente é Head de Sustentabilidade do Grupo Carrefour Brasil
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