Em meio à perspectiva de recessão para o próximo ano e de mais ondas de demissão em empresas de tecnologia, o poder de barganha dos profissionais poderá sumir — e, com ele, o home office (Alistair Berg/Getty Images)
Bússola
Publicado em 4 de março de 2022 às 17h51.
Última atualização em 4 de março de 2022 às 18h14.
Por Fábio Rodrigues*
Recentemente, uma das principais consultorias de recursos humanos do mundo, a Gartner, apontou que já em 2019 as empresas estavam investindo cada vez mais em tecnologia projetada para monitorar e rastrear o comportamento de seus funcionários. Segundo os dados, extraídos de mais de 200 grandes corporações, mais de 50% já estavam usando algum tipo de técnica de monitoramento e a expectativa era que até 2020 esse número aumentasse e cerca de 80% das empresas estivessem monitorando o dia a dia de suas equipes para gerar fontes de dados e melhorar performances.
Contudo, a chegada da pandemia acelerou esse processo. Hoje grande parte das empresas, principalmente indústrias que atuam em atividades de chão de fábrica, a adoção da prática de monitoramento de funcionários tem sido cada vez mais comum. Mas não apenas nesse setor. A prática é usada em diferentes áreas. A razão, bem como apontou a pesquisa, é uma só: trazer mais eficiência para as atividades. E diferente do que muitas pessoas pensam, o monitoramento, quando feito de maneira adequada e ética, só traz benefícios para todos os lados.
O monitoramento de funcionários não é previsto por nenhum tipo de legislação. Ou seja, não há nada que regulamente ou proíba esse tipo de prática. Assim, é um consenso que o empregador está autorizado a adotar alguns procedimentos para monitorar os colaboradores. No entanto, também é fundamental que esses meios não infrinjam nenhum princípio constitucional. Seja qual for o procedimento adotado pelo gestor para monitorar funcionários, ele não pode violar a privacidade dos profissionais, devendo prevenir a imagem, honra e intimidade desses indivíduos.
Para as empresas que contratam a solução, o foco está em olhar para como o processo do trabalho vem sendo executado e não para controle das pessoas. O objetivo não está em medir o tempo do café, de almoço ou pausas, por exemplo. O foco está no tempo que é desenvolvida uma determinada tarefa, quais as dificuldades e desafios enfrentados e aí através de dados faz-se uma análise crítica para propor soluções. A solução é usada para apoiar o operador e não para ser uma “caça às bruxas”. E essa deve ser a mentalidade das empresas para que de fato o monitoramento funcione.
Vale ressaltar que a solução de monitoramento através da tecnologia também é muito importante para o colaborador, pois é fundamental que ele tenha mais clareza de onde pode acertar e o que ele tem feito de positivo para a companhia. Isso é possível porque o operador também tem acesso ao tempo que está levando para desenvolver determinada tarefa, onde está sendo mais eficiente ou onde está tendo mais desafios, por exemplo. E quando esse funcionário desenvolve um trabalho de excelência também fica mais aparente para seus gestores e ele pode exigir melhores condições de trabalho pelo retorno que está dando e até melhor remuneração. E como ponto adicional e não menos importante, a segurança no ambiente de trabalho.
Para ver onde estão as falhas e acertos de funcionários é preciso olhar de perto o trabalho que vem sendo realizado, bem como a eficiência no cumprimento de tarefas. Sendo assim, fica clara a ideia de que o monitoramento da produtividade deve ser tratado como um dos elementos mais importantes dentro de uma companhia. E vale lembrar que trabalhar com metas é fundamental para mensurar a produtividade da equipe.
Para auxiliar nesse controle, a tecnologia é fundamental, pois permite acompanhamento em tempo real da rotina de trabalho. No caso de uso de celulares ou pins é possível enviar alertas e notificações que comprovam a conclusão de tarefas.
Além do controle do gestor, a experiência do colaborador também é beneficiada. Existem diversas maneiras para aplicar a solução. Seja por meio de smartphone com uso de aplicativos que passam instruções claras e precisas das atividades, também por meio de programas no computador que devem ser alimentados a cada atividade, entre outras ferramentas.
Por fim, vale destacar que quando os funcionários começarem a ver que esses dados estão sendo usados para criar uma experiência mais saudável e melhor, o resultado será benéfico para todos.
*Fábio Rodrigues é CEO da HR Tech Novidá
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