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Hugo Tadeu: Futuro das coisas

Muito tem sido publicado sobre educação e a necessidade de uma revolução nos métodos de ensino

Foco no presente e gestão do futuro (Jay Yuno/Getty Images)

Foco no presente e gestão do futuro (Jay Yuno/Getty Images)

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Publicado em 18 de agosto de 2022 às 18h15.

Por Hugo Tadeu

As expectativas humanas em alguns aspectos são curiosas. Alguns anos atrás, vivia-se o tempo da revolução tecnológica, considerando o advento de computadores com uma supercapacidade para o processamento de dados, inteligência artificial ultrapassando a capacidade humana em racionar e startups gerando uma ruptura nos modelos de negócios tradicionais.

Como resultado atual, diversas empresas de tecnologia têm revisitado suas promessas sobre os seus novos computadores, bem como diversas startups estão vendo  seu valor financeiro derreter após uma mudança na taxa de juros em todo o planeta.

Estaríamos vivendo uma euforia e sem os devidos fundamentos técnicos? O futuro não está no futuro, mas na capacidade presente em executá-lo. Para tanto, acreditar em promessas, sem a devida capacidade de realização, no mínimo, pode gerar frustração.

Alguns anos atrás, não era surpresa ver uma empresa de tecnologia surgir em alguma garagem e com o discurso afinado sobre mudanças significativas em sua prestação de serviços. Para as empresas tradicionais, o risco era iminente, com preocupações nas alturas sobre o desconhecido que estava a caminho.

Curioso perceber que as organizações bem estabelecidas e que conseguiram analisar o mercado de forma adequada, buscando os seus fundamentos e fortalecer seu caixa, estão investindo pesadamente na criação de fundos corporativos de inovação e comprando aquelas pequenas empresas, outrora concorrentes.

Um dos setores mais interessantes é o educacional. Muito tem sido publicado sobre a necessidade de uma revolução nos métodos de ensino - do básico à universidade. Surgem novas escolas focadas em tecnologias de ponta, prometendo uma revolução na formação do aluno. Muitas destas escolas têm a participação de fundos de investimentos globais, cujo foco é o retorno financeiro. O discurso sempre é o ataque às escolas tradicionais, supostamente arcaicas e pautadas nos resultados de avaliações padronizadas.

Ao mesmo tempo, é interessante perceber que muitas das escolas um dia “novas”, hoje, buscam ganhos de escala, sinergias com outros grupos tradicionais e entendem que a devida qualificação dos professores é o principal ativo.

Talvez, seja hora de focar menos no futuro e buscar uma perspectiva concreta para as organizações no presente, independente do setor. Ou seja, as organizações que serão destaque nos próximos anos deveriam ter uma agenda clara para a devida formulação estratégica, traduzindo-a na gestão de portfólio de projetos, capacidade para execução, agilidade de entrega com a devida ambiência para testar novos negócios, cultura inovadora e indicadores de resultados efetivos.

Mais do que imaginar o longo prazo, seria fundamental ter negócios sustentáveis, viáveis e rentáveis, com ampla capacidade de investimentos e criação de novos modelos de negócios. Isto talvez explique porque os maiores fundos de investimento globais sempre optam por alocar seus recursos em organizações bem gerenciadas, com boa geração de caixa, margens e elevada expectativa de sobrevivência futura.

Pensar mais em gestão, acabaria por ser mais efetivo do que somente compreender o futuro pelas vias tecnológicas. Ou seja, menos acaba por ser mais, como diz o ditado popular. Vale a reflexão, quando o assunto for a próxima moda corporativa.

*Hugo Tadeu é diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC e Senior Advisor da Deloitte

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