Bússola

Um conteúdo Bússola

Em 4 anos, Vittude ultrapassa 3,5 mi impactados e mira breakeven com soluções em saúde mental B2B

Pareceira de empresas como Grupo Boticário, Sodexo e Ipiranga, companhia prepara o mercado para novas exigências legais e o avanço em práticas de saúde mental no trabalho

Tatiana, CEO e fundadora da Vittude (Vittude/Divulgação)

Tatiana, CEO e fundadora da Vittude (Vittude/Divulgação)

Aquiles Rodrigues
Aquiles Rodrigues

Repórter Bússola

Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 15h29.

Última atualização em 19 de dezembro de 2024 às 15h35.

A partir de maio de 2025, os programas de gerenciamento de risco das empresas brasileiras deverão incluir também os riscos psicossociais. A mudança, incluída na atualização da Norma Regulamentadora Nº1 (NR-1), é uma resposta ao aumento de casos de absenteísmo, alta rotatividade e afastamento provocados por questões de saúde mental.

Em outras palavras, a NR-1 reconhece que riscos ocupacionais não são mais apenas físicos, mas também mentais. Estimativas, como a da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, colocam as perdas na casa dos R$ 400 bilhões ao ano. Este cenário está provocando o surgimento de um novo modelo de negócios baseado na oferta de soluções de saúde mental para empresas.

“Entramos em uma fase de expansão ou até de nascimento deste mercado. A partir de agora a NR-1 é clara: você vai ter que medir, vai ter que ter plano de ação ou vai ter que ter medida de controle para corrigir”, destaca Tatiana Pimenta, fundadora e CEO da Vittude, empresa que desenvolve soluções de saúde mental no mercado B2B.

Atendendo a grandes organizações como Grupo Boticário, Sodexo, Arcos Dourados, Zamp E Ipiranga, a empresa acaba de chegar na marca dos 3,5 milhões de beneficiados e está na dianteira deste movimento, prevendo breakeven em janeiro de 2025.

Antes a empresa oferecia um marketplace B2C, facilitador de consultas com psicólogos. A pivotagem começou em 2018 e se consolidou em 2020. De lá para cá, a Vittude captou mais de R$ 40 milhões de fundos como Crescera Capital, Redpoint Ventures, Scale Up Ventures e Superjobs.vc.

Um modelo de negócios completo

O modelo de negócios que atraiu os fundos de investimentos foi proposto por Tatiana, que viu de longe a oportunidade de negócio. Ele consiste na oferta de soluções divididas em quatro pilares: Diagnóstico, Educação, Clínica e Inteligência.

Os diagnósticos são contratados por projeto, feitos uma vez por ano. Com eles, a empresa oferece censos de saúde mental, que possibilitam o mapeamento de riscos – uma exigência da NR-1 –, o desenvolvimento de planos de ação e medidas de controle para garantir que o ambiente de trabalho dos clientes não adoeça os colaboradores

Na Inteligência, a empresa oferece a assinatura do Vittude Insights, solução escalável que funciona como software de análise e gestão de dados. Ele compila as informações dos censos,as imputadas por colaboradores e psicólogos, e informações de plataformas externas.

“Vamos supor que o cliente fez um mapeamento do estado dos colaboradores e descobriu que 15% estão em risco severo. Desses, 5% estão usando o plano de saúde, outros 5% estão usando a Vittude e 5% estão sem apoio. Conseguimos apontar isso para o cliente e assim reduzimos as taxas de absenteísmo, ganhando em rentabilidade”, detalha Tatiana. 

Por demanda, a Vittude oferece, no pilar de Educação, a criação de projetos para desenvolvimento de cultura organizacional e promoção do cuidado com a saúde mental. 

“Aqui entra nosso papel de mapear se é institucional ou se está apenas em algumas áreas. Fazemos um planejamento de educação para os times que estão críticos, e aí propomos formações com cursos como o nosso ‘Cuidando de Quem Cuida’, que é para líderes aprenderem a ter empatia, comunicação não violenta e outras habilidades”, a executiva explica. 

No pilar de Clínica, permanece o marketplace facilitador de consultas com psicólogos. Os clientes contratam sessões de terapia e psiquiatria para os colaboradores cuja necessidade é identificada pelo diagnóstico da Vittude

Qual é o retorno do investimento na saúde mental dos colaboradores?

Segundo Tatiana, este mercado ganhou impulso após a pandemia de Covid-19. Durante ela, as empresas investiram o ônus das operações em saúde mental, mas depois o incentivo desapareceu, as iniciativas pararam e a maioria dos negócios tiveram situação agravada. 

Para ela, o investimento não é só uma questão de conformidade com a lei, mas sim uma estratégia de impacto direto na perenidade dos negócios

“A gente tem clientes nossos que têm ROI de 6 a 7 vezes. Um case interessante é o da Thomson Reuters que no primeiro ano reduziu 60% do custo de absenteísmo. Sempre ancoramos os projetos nos indicadores como produtividade, sinistralidade e turnover. Medimos o antes, entregamos o depois e podemos ver resultados diretos nas operações”, destaca Tatiana.  

Em 2025, a lucratividade vai aumentar junto com a procura

A Vittude gerou caixa nos últimos três meses, e após o breakeven previsto em janeiro a empresa vai colocar em ação seus planos para ampliar a lucratividade. Tatiana vê possibilidade de M&As, com a eventual compra de outro player e aposta na procura cada vez mais alta por soluções de saúde mental. 

“Apenas 4% das empresas brasileiras possuem maturidade suficiente para estruturar programas de saúde mental estratégicos. Nosso papel é apoiar as organizações nessa jornada. Implementar a saúde mental como prioridade vai além da obrigação legal; é uma postura de responsabilidade social que valoriza as pessoas e fortalece os negócios”, conclui.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube 

Acompanhe tudo sobre:saude-mentalplanos-de-negocios

Mais de Bússola

Creators: 7 tendências que podem mudar o jogo para os CMOs em 2025

Marina Fraga: como conciliar a maternidade com os negócios?

FSB Holding anuncia novo sócio-diretor e mudanças em sua área de novos negócios

Fabricio Polido: os principais pontos do marco legal da IA