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Vale Cultura será aceito em baile funk, diz Marta Suplicy

O benefício, dado aos trabalhadores que ganham até 5 salários mínimos, poderá ser usado em bailes funk, disse a ministra da cultura

Marta Suplicy: "vale-cultura poderá ser usado em bailes funk, desde que haja música ao vivo" (Valter Campanato/ABr)
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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2014 às 13h51.

São Paulo -A ministra da Cultura, Marta Suplicy , afirmou nesta terça-feira que o Vale Cultura, benefício de R$ 50 dado aos trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos para ser gasto com produtos culturais, também poderá ser usado em bailes funk.

"O vale-cultura poderá ser usado em bailes funk, desde que haja música ao vivo. As operadoras têm que credenciar os equipamentos culturais. Da nossa parte (o credenciamento de baile funk) não tem problema nenhum. É cultura", ressaltou a ministra em entrevista à Agência Efe.

Com potencial de investimento de R$ 25 bilhões, o benefício é distribuído atualmente para mais de 223 mil pessoas e tem sido usado principalmente na compra de livros, jornais e revistas.

Através deste programa, o Ministério da Cultura também espera fomentar o mercado cultural no país a médio e longo prazo, principalmente entre os setores que hoje sofrem com as distorções da Lei Rouanet.

"Nós achamos que, com o vale, as peças de teatro vão poder ousar mais, já que, até agora, o financiamento que nós tínhamos era via Lei Rouanet", destaca a ministra ao reconhecer os "desvios" que a lei apresenta atualmente.

"Desta forma, com o vale-cultura, eu acredito que o teatro vai poder inovar, ser mais vanguarda, poder ousar, porque vai ter um público e isso vai ser muito interessante", ressaltou a ministra cultura ao pontuar que se trata de um resultado para apresentar resultados "dentro de alguns anos".

Criada na década de 90, a lei Rouanet tem sido criticada por favorecer grandes produções devido ao retorno publicitário que as empresas alcançariam ao apoiar artistas já renomados, como a baiana Claudia Leitte, que cantou na abertura da Copa deste ano e já teve um de seus shows apoiados pela lei.

"Quando eu fui olhar os beneficiados pela Lei Rouanet não vi temáticas negras e criadores negros. Então, o nosso primeiro gesto foi criar um edital para criadores negros", revelou a ministra ao abordar um dos diversos editais criados pelo Governo Federal para fomentar a cultura local e periférica.

Entre eles está o "Conexão Cultura Brasil", programa de bolsas de intercâmbio que serão distribuídas a artistas e produtores culturais com ou sem formação acadêmica.

"O esforço todo foi na direção de dar oportunidade para aqueles que têm talento e não chega lá, não só porque não tem recurso para pagar uma universidade, uma passagem e se manter lá fora, mas também porque não tem nenhum diploma", ressaltou a ministra.

Neste aspecto, Marta Suplicy também falou sobre a importância do Mercosul para o governo e para o Ministério da Cultura, que aposta em uma maior integração cultural com os países do bloco.

"Nós damos um foco grande ao Mercosul porque o Brasil hoje tem uma relevância muito grande e somos muito demandados também. E nós temos tido presença em todos os festivais tidos como os mais importantes" disse Marta à Efe.

Somente neste ano, pelo menos dois grandes festivais de artes cênicas no continente contaram com participantes apoiados pelo Ministério da Cultura: O Festival de Teatro de Bogotá, realizado em abril, e o Festival Internacional de Artes Cênicas de Santiago a Mil, no Chile.

"Nós levamos seis peças de teatro para o festival de Bogotá e traduzimos 14 peças de teatro que foram encenadas lá por atores colombianos", destaca a ministra, cujo ministério ainda apoiará dois eventos: um de música, em Compostela, e outro de Arte Contemporânea, em Madrid, ambos na Espanha.

A iniciativa faz parte dos dois pilares que têm centrado as iniciativas do Ministério da Cultura: divulgação de aspectos desconhecidos da cultura brasileira em outros países e o fomento a iniciativas culturais populares.

"Quem decide o que as pessoas querem ver não somos nós do ministério e nem o governo, mas nós temos a obrigação de levar (aos outros países) aquilo que nós temos que fazer um esforço para conhecerem", destacou Marta ao citar o fomento de uma exposição sobre Cândido Portinari no Grand Palais de Paris.

"Isso ninguém iria patrocinar. Nós fomos atrás de abrir espaço no Grand Palais e de levar patrocínios brasileiros para chegarmos lá e mostrar nosso maior pintor. E foi um êxito enorme", concluiu a ministra.

*Atualizada às 13h50 do dia 09/09/2014

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São Paulo - "A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte". A clássica música dos Titãs indica que não só o salário que paga as contas no fim do mês é importante, mas o acesso à cultura também.  Algumas empresas levam essa ideia a sério e incentivam a sua equipe a frequentar programas culturais com ações que não ficam só no discurso. Conheça cinco delas:
  • 2. Itaú

    2 /5(Divulgação/Itaú)

  • Por mês, o Itaú sorteia, entre os funcionários, em média dez pares de ingressos para quatro espetáculos realizados no Auditório Ibirapuera, que está sob gestão do banco. Os interessados precisam se inscrever para concorrer aos bilhetes. A empresa também organiza visitas guiadas às obras de arte presentes em seu centro empresarial - que lembra até um museu - em São Paulo. O circuito dura cerca de uma hora. Além disso, para comemorar o Dia Nacional da Cultura (5 de novembro), durante os domingos do mês o banco promove apresentações de teatro, cinema, contação de histórias e exposições no clube da empresa, em São Paulo. No ano passado, funcionários do banco também tiveram um desconto especial em entradas para o Rock in Rio. Entre os eventos culturais patrocinados pela empresa, também há ingressos reservados para os funcionários e sorteados. Entre julho e dezembro do ano passado, foram cerca de 2,5 mil bilhetes para mais de 30 espetáculos sorteados. Nos "Espaços Itaú de Cinema", que somam 56 salas pelo Brasil, funcionários e clientes também têm desconto de 50%. Em novembro, há sessões exclusivas para a equipe de trabalhadores da empresa, por causa do Dia Nacional da Cultura. O Itaú tem aproximadamente 94 mil funcionários no Brasil.
  • 3. Accenture

    3 /5(Divulgação/Accenture)

    Por meio de sua rádio corporativa, a Accenture sorteia para os funcionários mais de 100 ingressos de cinema. No ano passado, foram 1.260 bilhetes.  A empresa também faz parcerias que concedem descontos em cinemas e teatros e também sorteia entradas para grandes shows nacionais e internacionais. Em 2013, foram mais de cem ingressos. Além disso, a companhia reserva convites de eventos culturais que a empresa patrocina para a sua equipe. Em 2013, foram 500 bilhetes. No Brasil, a companhia emprega 10 mil pessoas.
  • 4. Santander

    4 /5(Divulgação/Cristiano SantAnna/Santander)

    Os funcionários do Santander podem comprar ingressos para teatro e cinema com até 50% de desconto. Para quem trabalha na torre Santander, em São Paulo, é possível comprar as entradas pela metade do preço dentro da própria empresa. Isso vale para algumas peças teatrais e para todos os filmes exibidos no Cinemark e Playarte. No caso dos funcionários de outros unidades, o banco disponibiliza um fornecedor especial que envia os vouchers com desconto para todo o Brasil. Além disso, equipe e clientes do banco têm o mesmo desconto nos cinemas Cinepolis, se fizerem a compra dos bilhetes com o cartão Santander.   Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, há o Centro Cultural Santander. Lá, há três sessões diárias de cinema e um show por semana, além de exposições e workshops. Funcionários e clientes do banco têm acesso gratuito a toda a programação.
  • 5. Ticket

    5 /5(Divulgação)

    Qualquer trabalhador de empresas que adotam cartões da Ticket pode se cadastrar no clube de descontos "Benefício Club" e ter acesso a uma série de programas culturais por preços promocionais. Entre os funcionários da própria Ticket, especialmente, esse cadastro é muito estimulado. Só no ano passado, foram mais de 150 ofertas. Uma delas, foi a compra de um "cheque teatro" que, por 70 reais, dava direito a 12 peças de teatro e um par de bilhetes para o Cinemark. A empresa não consegue precisar quantos de seus funcionários estão cadastrados no clube de descontos. Ao todo, a companhia possui 680 funcionários no país.
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