Usina térmica: algumas térmicas não conseguem produzir na sua capacidade máxima por motivos como falta de combustível (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2014 às 08h42.
São Paulo - Apesar da participação da geração térmica ter crescido nos últimos anos, são as usinas hidrelétricas que garantem o abastecimento do País, mesmo neste momento de maior stress no nível dos reservatórios.
Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) combinados com informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as hidrelétricas representam 67,7% da matriz nacional, mas têm gerado 75% da energia do País.
As térmicas representam 28,7%, mas produzem 21,5%.
Em dezembro do ano passado e janeiro deste ano, quando o armazenamento já estava em nível complicado, a energia hidráulica representava 80% da produção nacional e as térmicas, algo em torno de 13%.
Na avaliação de Roberto Pereira DAraújo, diretor do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico (Ilumina), esse tipo de situação é decorrente do fato de o país ter contratado térmicas caras, com preços que chegam a R$ 1.100 o MWh, que só podem operar em momentos de crise como o atual.
Mas, mesmo agora, algumas térmicas não conseguem produzir na sua capacidade máxima, por uma série de questões, como falta de combustível ou outras restrições operativas.
"Se as térmicas não geram, alguém tem de gerar no lugar delas. Nesse caso, quem faz isso são as hidrelétricas e as nucleares, o que significa esvaziar os reservatórios", diz DAraújo.
Armazenamento
Pelos cálculos dele, da década de 70 para cá, a capacidade de armazenamento do País despencou. No passado, os reservatórios garantiam dois anos de consumo.
Hoje não conseguem suportar mais de cinco meses. Na avaliação de DAraújo, a atual situação poderia ter sido amenizada se as térmicas tivessem sido acionadas antes.
"Somente em outubro de 2012, de uma hora pra outra, decidiram ligar todas as térmicas. Porque não fizeram isso antes para acumular água nos reservatórios."
Para outros especialistas, no entanto, os problemas verificados hoje são decorrentes tanto dos atrasos nas obras como na política de construir usinas a fio dágua, sem reservatórios, como as hidrelétricas do Madeira (Jirau e Santo Antônio) e Belo Monte.
O diretor da CMU Comercializadora, Walter Froes, por exemplo, é um dos defensores da retomada das hidrelétricas com represas.
Mas dificilmente esse tipo de usina voltará a ser construída no Brasil por causa das pressões de ONGs e ambientalistas.
Mesmo nas hidrelétricas sem reservatório, governo e empreendedores têm uma enorme dificuldade para conseguir liberar as licenças ambientais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.