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Unidos da Lava Jato: da investigação para o Carnaval 2016

"Japonês da Federal", Eduardo Cunha e Delcídio do Amaral são apostas de fábrica de máscaras

Linha de produção: Delcídio do Amaral e "Japonês da Federal" são as apostas deste ano para o Carnaval 2016 (Pilar Olivares/Reuters)

Rita Azevedo

Publicado em 21 de janeiro de 2016 às 05h00.

São Paulo – Durante todo o ano, Olga Valles divide com o filho a tarefa de acompanhar o noticiário político. É nas páginas de jornais e revistas que a dona da fábrica de máscaras Condal encontra a inspiração para os personagens que irão alegrar foliões no Carnaval.

“Escolho os que ficaram famosos em escândalos ou políticos que fizeram algo muito bom”, disse Olga em entrevista a EXAME.com. “O difícil é que neste último ano não teve um que se encaixou na parte boa”.

Para o Carnaval de 2016, os escolhidos foram algumas figuras envolvidas na operação Lava Jato : o ex-senador Delcídio do Amaral (PT-MS), o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Newton Ishii, agente da Polícia Federal que ficou conhecido como “japonês da Federal” por sempre escoltar presos políticos.

A expectativa de Olga é que sejam vendidas, ao menos, seis mil peças com o rosto do “japonês”. Delcídio e Cunha, juntos, outras quatro mil. Apesar de ser um velho conhecido no Rio de Janeiro, onde fica a sede da fábrica, o presidente da Câmara só virou máscara neste ano. “Antes ele não era tão falado”, diz a dona da empresa.

O juiz federal Sérgio Moro , responsável pela operação, curiosamente não ganhou uma máscara para chamar de sua. “O juiz se esforça para preservar sua imagem e aparece pouco na mídia. Não quis colocá-lo nas ruas”, justifica Olga, que, no ano passado, recebeu uma ligação de advogados do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

“Eles pediram para a máscara não ser produzida. Foi a primeira vez que isso aconteceu. Já teve casos de políticos que usaram as próprias máscaras e me mandaram fotos”, conta.

A produção dos acessórios carnavalescos com a imagem de políticos começou logo após o fim da Ditadura Militar . A ideia de levar os personagens para a folia partiu do marido de Olga, o espanhol Armando Valles, que morreu em 2007, e deixou a empresa nas mãos da esposa e do filho. “Ulisses Guimarães foi um dos primeiros e daí não paramos mais”, conta Olga.

No catálogo da empresa aparecem figuras como o ex-deputado Enéas Carneiro, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (um dos maiores sucessos de venda) e, claro, a presidente Dilma Rousseff, que, atualmente, está em sua terceira versão — com os cabelos curtos e brinco de pérolas.

Várias faces: empresa já fabricou três "versões" da presidente Dilma (Divulgação)

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São Paulo – Durante todo o ano, Olga Valles divide com o filho a tarefa de acompanhar o noticiário político. É nas páginas de jornais e revistas que a dona da fábrica de máscaras Condal encontra a inspiração para os personagens que irão alegrar foliões no Carnaval.

“Escolho os que ficaram famosos em escândalos ou políticos que fizeram algo muito bom”, disse Olga em entrevista a EXAME.com. “O difícil é que neste último ano não teve um que se encaixou na parte boa”.

Para o Carnaval de 2016, os escolhidos foram algumas figuras envolvidas na operação Lava Jato : o ex-senador Delcídio do Amaral (PT-MS), o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Newton Ishii, agente da Polícia Federal que ficou conhecido como “japonês da Federal” por sempre escoltar presos políticos.

A expectativa de Olga é que sejam vendidas, ao menos, seis mil peças com o rosto do “japonês”. Delcídio e Cunha, juntos, outras quatro mil. Apesar de ser um velho conhecido no Rio de Janeiro, onde fica a sede da fábrica, o presidente da Câmara só virou máscara neste ano. “Antes ele não era tão falado”, diz a dona da empresa.

O juiz federal Sérgio Moro , responsável pela operação, curiosamente não ganhou uma máscara para chamar de sua. “O juiz se esforça para preservar sua imagem e aparece pouco na mídia. Não quis colocá-lo nas ruas”, justifica Olga, que, no ano passado, recebeu uma ligação de advogados do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

“Eles pediram para a máscara não ser produzida. Foi a primeira vez que isso aconteceu. Já teve casos de políticos que usaram as próprias máscaras e me mandaram fotos”, conta.

A produção dos acessórios carnavalescos com a imagem de políticos começou logo após o fim da Ditadura Militar . A ideia de levar os personagens para a folia partiu do marido de Olga, o espanhol Armando Valles, que morreu em 2007, e deixou a empresa nas mãos da esposa e do filho. “Ulisses Guimarães foi um dos primeiros e daí não paramos mais”, conta Olga.

No catálogo da empresa aparecem figuras como o ex-deputado Enéas Carneiro, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (um dos maiores sucessos de venda) e, claro, a presidente Dilma Rousseff, que, atualmente, está em sua terceira versão — com os cabelos curtos e brinco de pérolas.

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