Brasil

STF tem dois votos para viabilizar retomada da Ferrogrão, mas Dino pede vista

Alexandre de Moraes defender validar lei que fez alteração em parque nacional e que levou a interrupção projeto

Ministro Flávio Dino pede vista em processo de retomada da Ferrogrão (Rosinei Coutinho/STF/Flickr)

Ministro Flávio Dino pede vista em processo de retomada da Ferrogrão (Rosinei Coutinho/STF/Flickr)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 8 de outubro de 2025 às 17h20.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira para considerar constitucional a lei que destinou parte do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, ao projeto Ferrogrão, ferrovia que visa ligar o estado a Mato Grosso. Uma decisão nesse sentido ajudaria a destravar a obra, que vive um impasse jurídico.

O ministro Luís Roberto Barroso acompanhou Moraes, estabelecendo um placar de dois votos a zero, mas Flávio Dino pediu vista e interrompeu o julgamento.

O projeto da Ferrogrão foi questionado no STF pelo PSOL porque cortava uma área de reserva federal. O partido alegou que essa alteração não poderia ter sido feita por uma medida provisória (MP). Em 2021, Moraes, que é o relator, suspendeu a lei que resultou da MP.

Moraes rejeitou ação do PSOL

Na sessão desta quarta, Moraes votou para considerar a lei constitucional, rejeitando a ação do PSOL. O relator argumentou que a MP, editada pelo ex-presidente Michel Temer, não reduziu a vegetação, porque houve uma compensação. A supressão, de acordo com o ministro, foi feita pelo Congresso, que teria a competência para isso.

— A medida provisória, efetivamente, não suprimiu ela compensou de forma benéfica. A lei pode realizar a supressão.

Moraes considerou que não há "agressão ao meio ambiente" porque o impacto à vegetação seria "ínfimo", de 862 hectares, o equivalente a 0,054% do total do parque:

— Não há uma agressão ao meio ambiente. Aqui está dentro do que a Constituição permite, estimula, comi um desenvolvimento sustentável. É 0,054% da área (total). Desse 0,054%, 60% já estava sem vegetação em virtude da BR. Ou seja, é, algo bem ínfimo no tocante aos benefícios que trará, não só com a redução da emissão de CO², como a diminuição do número de acidentes rodoviários, mas também com o progresso dessa região.

Barroso concordou com Moraes, mas sugeriu que seja concedida autorização à Presidência para restabelecer, por decreto, a área afetada. A sugestão foi aceita pelo relator.

— Eu faria o acréscimo de (incluir) facultado ao Poder Executivo, por decreto, compensar a área diminuída, até o máximo que estava previsto na medida provisória.

Dino pede vista

Flávio Dino, no entanto, pediu vista porque quer entender melhor o novo traçado sugerido para a Ferrogrão.

— Na dúvida, prefiro pedir vista, com todo respeito aos votos do ministro Alexandre, do ministro Barroso, adiantando que isso não significa que eu sou contra a Ferrogrão, nem favor da Ferrogrão. Eu apenas quero entender, como vamos falar de um novo traçado, como é esse novo traçado, as compensações eventuais.

Listada como uma das obras da nova fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Ferrogrão tem 933 quilômetros de extensão e vai ligar as cidades de Sinop (MT), um dos maiores produtores de grãos, e Itaituba (PA), cidade portuária às margens do Rio Tapajós.

Em documentação encaminhada ao STF, o Ministério dos Transportes afirmou que uma mudança no traçado tirou a ferrovia dos limites do parque do Jamanxim e que a Ferrogrão não passa por terras indígenas. Ainda segundo a pasta, a estimativa é que um “um desperdício anual de R$ 7,9 bilhões pode ser evitado” a partir dos ganhos logísticos.

O Ministério dos Transportes defende a obra como uma forma de reduzir a dependência da rodovia BR-163 para o escoamento de grãos. Já o PSOL, autor da ação, alerta para o risco de danos ambientais e defende a necessidade de uma avaliação mais criteriosa.

Acompanhe tudo sobre:Supremo Tribunal Federal (STF)Meio ambiente

Mais de Brasil

Caso Marielle: Moraes solicita data para julgamento dos acusados

Exame toxicológico será obrigatório para 1ª CNH após derrubada de vetos

Aumento real foi zero, diz secretária de SP sobre reajuste da Sabesp

Congresso derruba veto a PL que isenta Embrapa de taxas para pesquisas