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Se rigor fosse com todos, daria fila até Manaus, diz Santana

Se tivesse o mesmo rigor que está tendo comigo em relação a essas pessoas, seria uma fila que batia em Brasília e Manaus, disse Santana

O marqueteiro João Santana: o marketing político não é a causa da corrupção e das irregularidades eleitorais e ainda pediu "proporcionalidade" a Sérgio Moro (REUTERS/Rodrigo Paiva)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2016 às 18h55.

São Paulo - Um dos principais marqueteiros do Brasil e também com grande experiência no exterior, João Santana fez nesta quinta-feira, 21, um "desabafo" ao juiz Sérgio Moro e disse que 98% das campanhas no País, de todos os tamanhos, utilizam caixa dois e que milhões de brasileiros receberam dinheiro ilícito ao trabalhar nelas.

"Se tivesse o mesmo rigor que está tendo comigo em relação a essas pessoas, seria uma fila (de presos) que sai de mim aqui ininterruptamente, batia em Brasília e Manaus, podia ser fotografada de satélites", afirmou o marqueteiro que disse que o marketing político não é a causa da corrupção e das irregularidades eleitorais e ainda pediu "proporcionalidade" ao juiz da Lava Jato.

"Quero é que o senhor, que esse juízo, consiga resolver essa contradição de peso, esse desbalancear", afirmou o marqueteiro ao final de seu depoimento de quase uma hora.

Questionado se o episódio do mensalão - que prendeu a cúpula do PT e de outros partidos - não serviu para diminuir a "prática de mercado" do caixa dois, João Santana afirmou que a "ânsia de vencer" dos partidos acabou falando mais alto mesmo após o julgamento histórico.

"Ali já era um momento de reflexão, alguns tentaram, eu próprio tentei (acabar com o caixa dois), e havia pessoas dentro do próprio partido preocupadas com isso, mas a disputa política é uma guerra, a ânsia de vencer leva a esse comportamento", afirmou.

"Único"

Além de generalizar a prática de caixa dois, João Santana usou em seu depoimento vários argumentos para tentar se diferenciar dos outros, mostrar sua "inconformidade" com a prática, e afirmar que nunca trabalhou para governos ou estatais.

"Sou o único marqueteiro de destaque que não pleiteou conta em governo que não fez agência de propaganda paralela, e fui criticado duramente por isso", disse.

"No Brasil nunca tive contas com governo, com estatais, recusei sistematicamente. Se quisesse poderia ter tido", seguiu o marqueteiro que lembrou já ter convivido proximamente com cinco presidentes da República, sem dizer quais.

"Convivi com 5 presidentes da República com grau de razoável confiança, para não dizer intimidade, e nunca fiz nenhum pedido a eles de natureza pessoal e política, talvez até isso tenha ajudado minha relação de confiança com eles", afirmou.

Santana responde a duas ações penais na Lava Jato, acusado de receber US$ 4,5 milhões do operador de propinas na Petrobras Zwi Skornicki que seriam referentes à cota do PT no acerto de propinas no esquema de corrupção na Petrobrás. Na segunda denúncia ele é acusado de receber US$ 6,4 milhões no exterior e R$ 23 milhões no Brasil do "departamento de propinas" da Odebrecht.

Os repasses nesta segunda denúncia, contudo, não têm relação com a Petrobras.

O marqueteiro disse que os US$ 4,5 milhões recebidos por Zwi seriam referentes ao acerto de uma dívida de caixa 2 de campanha de Dilma em 2010, mas negou enfaticamente qualquer envolvimento com a corrupção na Petrobras. Em relação a segunda denúncia, Santana ainda não quis se manifestar.

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São Paulo - Um dos principais marqueteiros do Brasil e também com grande experiência no exterior, João Santana fez nesta quinta-feira, 21, um "desabafo" ao juiz Sérgio Moro e disse que 98% das campanhas no País, de todos os tamanhos, utilizam caixa dois e que milhões de brasileiros receberam dinheiro ilícito ao trabalhar nelas.

"Se tivesse o mesmo rigor que está tendo comigo em relação a essas pessoas, seria uma fila (de presos) que sai de mim aqui ininterruptamente, batia em Brasília e Manaus, podia ser fotografada de satélites", afirmou o marqueteiro que disse que o marketing político não é a causa da corrupção e das irregularidades eleitorais e ainda pediu "proporcionalidade" ao juiz da Lava Jato.

"Quero é que o senhor, que esse juízo, consiga resolver essa contradição de peso, esse desbalancear", afirmou o marqueteiro ao final de seu depoimento de quase uma hora.

Questionado se o episódio do mensalão - que prendeu a cúpula do PT e de outros partidos - não serviu para diminuir a "prática de mercado" do caixa dois, João Santana afirmou que a "ânsia de vencer" dos partidos acabou falando mais alto mesmo após o julgamento histórico.

"Ali já era um momento de reflexão, alguns tentaram, eu próprio tentei (acabar com o caixa dois), e havia pessoas dentro do próprio partido preocupadas com isso, mas a disputa política é uma guerra, a ânsia de vencer leva a esse comportamento", afirmou.

"Único"

Além de generalizar a prática de caixa dois, João Santana usou em seu depoimento vários argumentos para tentar se diferenciar dos outros, mostrar sua "inconformidade" com a prática, e afirmar que nunca trabalhou para governos ou estatais.

"Sou o único marqueteiro de destaque que não pleiteou conta em governo que não fez agência de propaganda paralela, e fui criticado duramente por isso", disse.

"No Brasil nunca tive contas com governo, com estatais, recusei sistematicamente. Se quisesse poderia ter tido", seguiu o marqueteiro que lembrou já ter convivido proximamente com cinco presidentes da República, sem dizer quais.

"Convivi com 5 presidentes da República com grau de razoável confiança, para não dizer intimidade, e nunca fiz nenhum pedido a eles de natureza pessoal e política, talvez até isso tenha ajudado minha relação de confiança com eles", afirmou.

Santana responde a duas ações penais na Lava Jato, acusado de receber US$ 4,5 milhões do operador de propinas na Petrobras Zwi Skornicki que seriam referentes à cota do PT no acerto de propinas no esquema de corrupção na Petrobrás. Na segunda denúncia ele é acusado de receber US$ 6,4 milhões no exterior e R$ 23 milhões no Brasil do "departamento de propinas" da Odebrecht.

Os repasses nesta segunda denúncia, contudo, não têm relação com a Petrobras.

O marqueteiro disse que os US$ 4,5 milhões recebidos por Zwi seriam referentes ao acerto de uma dívida de caixa 2 de campanha de Dilma em 2010, mas negou enfaticamente qualquer envolvimento com a corrupção na Petrobras. Em relação a segunda denúncia, Santana ainda não quis se manifestar.

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