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Rio recebe alerta severo de chuvas intensas: 'Pancada forte pela cidade toda', diz prefeito

Segundo o Centro de Operações Rio (COR), houve registros de 31 bolsões d'água na cidade, da Zona Oeste, Norte, Sul a Ilha do Governador

Até o momento, não há informações sobre vítimas (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 21 de janeiro de 2024 às 09h20.

Durante a madrugada de sábado para domingo, a cidade do Rio entrou em estágio 3 de mobilização devido à forte chuva. Segundo o Centro de Operações Rio (COR), houve registros de 31 bolsões d'água na cidade, da Zona Oeste, Norte, Sul a Ilha do Governador, sendo que 24 continuam abertos. Dois deslizamentos foram notificados, assim como alagamentos e quedas de árvore. Até o momento, não há informações sobre vítimas.

Pessoas presas no Morro da Urca

O show da cantora Pitty no Morro da Urca, onde fica o Parque Bondinho Pão de Açúcar, foi interrompido devido à chuva da madrugada de domingo. Parte do telhado da estrutura caiu durante a ventania e o público ficou preso no local até o fim do temporal. A cantora explicou que o encerramento foi por "questões de segurança". Às 2h50, o Centro de Operações Rio emitiu alerta de que a cidade estava em estágio 3 de mobilização, com registros de alagamentos, bolsões d'água, quedas de árvores e acionamento de sirenes em boa parte do município.

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Pitty chegou ao Morro da Urca por volta da meia-noite, quando gravou vídeos no Instagram enfatizando que aquele era o seu primeiro show do ano. A cantora era convidada do evento Rock no Morro, dedicado ao rock nacional, que acontece no Pão de Açúcar. Com a chuva forte, o público ficou preso no ponto turístico e parte do telhado chegou a se soltar, como mostra vídeo.

Procurada, a empresa Parque Bondinho Pão de Açúcar não respondeu sobre o cancelamento do show.

O que fazer para se proteger?

Este janeiro tem sido marcado por fortes tempestades alimentadas pelo calor extremo. A combinação do El Niño com mudanças climáticas tem intensificado os temporais, normalmente já frequentes no verão. O rastro de destruição e as vítimas, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste nos últimos dez dias, evidenciaram a necessidade de redobrar o cuidado e buscar informações sobre como proceder em situação de risco.

— Muita gente é pega de surpresa na rua e fica sem saber o que fazer quando a água sobe depressa. O melhor é não se expor à tempestade e procurar abrigo — afirma a especialista em análise de risco e diretora substituta do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Regina Alvalá. — Um temporal nem precisa ser extremo para matar e causar grandes danos dependendo da área atingida.

A água não precisa ser profunda para matar e veículos, mesmo ônibus e caminhões, não são seguros em enchentes. Além disso, raios podem cair mesmo que não esteja chovendo forte.

Nos últimos dias, o número de vítimas de afogamentos na rua chama atenção. Somente na noite de sexta-feira foram três no estado de São Paulo. No fim de semana passado, seis dos 12 mortos em municípios da Baixada Fluminense e na capital do estado do Rio foram vítimas de afogamento.

Na noite de sexta, em Sorocaba (SP), uma mulher de 74 anos morreu, quando o carro em que estava foi arrastado pela água e ela não conseguiu sair. Já em Limeira (SP), mãe e filha, de 35 e 70 anos, morreram ao tentar impedir que a enxurrada levasse o carro da família. Elas foram derrubadas e se afogaram sob o carro. Vizinhos que tentaram socorrê-las também foram arrastados pela correnteza, mas foram resgatados.

Sob chuva forte, em minutos, uma rua pode se transformar em rio. E a água corrente na rua com apenas 15 centímetros de profundidade, isto é, pouco acima do tornozelo, já pode derrubar uma pessoa.

Cuidados no carro

Veículos tampouco são seguros. O melhor é procurar uma área mais elevada e deixar o carro. Caso contrário, pessoas e carro podem ser arrastados rapidamente, com risco de afogamento e morte. Especialistas dizem que 15 centímetros de água são suficientes para atingir o fundo da maioria dos carros de passeio, fazendo o motorista perder o controle, e 30 centímetros de profundidade já fazem a maioria dos carros flutuar.

Correnteza com cerca de meio metro de profundidade pode arrastar a maioria dos veículos, inclusive SUVs e caminhonetes. Ônibus e caminhões com pneus grandes são especialmente perigosos porque eles funcionam com boias e aumentam a flutuabilidade.

Número elevado de raios

Na tarde de ontem, oito banhistas foram atingidos por um raio em Praia Grande (SP). Uma mulher de 60 anos morreu.

Estudioso há 25 anos de descargas elétricas atmosféricas, Kleber Naccarato, da Divisão de Sensores e Satélites Ambientais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), explica que embora não haja ainda dados consolidados, tudo leva a crer que este janeiro teve um número significativamente elevado de raios, como os observados nas tempestades dos últimos dias no estado de São Paulo. O motivo é o calor extremo, combustível para fortes temporais.

— A orientação é sempre procurar abrigo. Deixar praias e lugares abertos na aproximação de uma tempestade. O perigo é real — diz Naccarato.

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