Quem são e como vivem os idosos do Brasil
Estudo inédito do Serasa Experian mostra o perfil de como vivem os idosos brasileiros; veja os principais achados
Valéria Bretas
Publicado em 12 de agosto de 2015 às 13h53.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h36.
São Paulo – A ampliação do acesso a serviços de saúde e de saneamento nos útlimos anos está encaminhando o Brasil para se configurar como um país com mais idosos do que crianças. A expectativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ) é de que, até 2055, o número de pessoas com mais de 60 anos supere o de brasileiros com até 29 anos.Mas como os idosos de hoje estão aproveitando a terceira idade ? Um estudo inédito do Mosaic Brasil, da Serasa Experian , publicado em primeira mão por EXAME.com, responde a essa pergunta.De acordo com o levantamento, metade dos idosos que residem no Brasil faz parte da classe média e usufrui de boas condições de vida. Outros levantamentos compilados por EXAME.com revelam que mais idosos estão aproveitando a velhice para voltar a estudar, investir em lazer ou voltar para o mercado de trabalho. Veja, nas fotos, alguns números que decifram quem são e como vivem os idosos do Brasil.
Hoje, o número de brasileiros idosos corresponde a 17% do total da população do Brasil - são quase 24 milhões de pessoas com mais de 61 anos. A cidade com o maior número de cidadãos com mais de 61 anos é Coqueiro Baixo, no Rio Grande do Sul. Por lá, 3 em cada 10 residentes têm mais de 60 anos – esse valor chega a ser quase três vezes maior do que a média nacional.Proporcionalmente, o Rio Grande do Sul também é o estado com o maior número de brasileiros nessa faixa etária, segundo dados do IBGE de 2013. Confira:
Estado | % de idosos na população |
---|---|
Rio Grande do Sul | 11,11% |
Rio de Janeiro | 11,04% |
Pernambuco | 9,44% |
Santa Catarina | 9,35% |
Ceará | 9,34% |
A expectativa de vida atual do brasileiro é de 74,9 anos. Mas, segundo projeção da ONU, a esperança de vida ao nascer no Brasil subirá para 81,2 anos até 2050. Com isso, o país alcançará países como China, Japão e Hong Kong, cuja média atual fica entre 81 e 82 anos.Segundo o IBGE, a esperança de vida continua aumentando por conta do constante avanço da medicina, aumento de renda, escolaridade e proporção de domicílios com saneamento adequado.
Fonte: IBGE e ONU
Ano | Expectativa de vida ao nascer (ano) |
---|---|
1980 | 62,6 |
1991 | 66,9 |
2000 | 69,8 |
2010 | 73,9 |
2014 | 74,9 |
2050 | 81,2 |
De acordo com o estudo da Serasa Experian, o grupo dos idosos que possui elevada escolaridade, vive em áreas nobres e desfruta de carros de luxo, entre outros pontos, representa 1 milhão de pessoas.O percentual que reside em regiões pobres chega mais que dobrar – 10,8% desse nicho possui baixa renda e vive em condições precárias.
De acordo com o levantamento do Serasa Experian, mais de 11% dos idosos habitam áreas rurais e vivem em função de atividades relacionadas ao agronegócio e do cultivo da terra.A renda deste grupo é inferior e o acesso à educação também é mais restrito nessas áreas em relação às zonas urbanas.
Mais de 12% do total de brasileiros com 61 anos ou mais vivem em grandes centros urbanos e trabalham com funções ligadas a atividades manuais.A baixa remuneração deste grupo, que também possui níveis baixos de escolaridade, se torna a principal dificuldade pelo alto custo de vida na cidade grande.
Segundo o Data Popular, o rendimento dos idosos no Brasil em 2013 atingiu 446 bilhões de reais em um ano, o que corresponde a 21% da massa de rendimento total do país.Quando se trata de desembolsar dinheiro, a disposição se revela grande. Quase metade da população idosa diz que prefere gastar mais com produtos que desejam do que com itens de necessidade básica da casa.De acordo com o Instituto, as empresas parecem ainda não estar preparadas ou interessadas nesse mercado consumidor, mesmo movimentando mais de 400 bilhões de reais anualmente.E a reclamação é forte: dos 632 entrevistados nas 27 capitais brasileiras, 45% dizem que há pouca oferta de produtos voltados para o público acima dos 70 anos.
Segundo levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), seis de cada dez idosos entrevistados afirmam que aproveitar a vida é prioridade - e quase metade não se preocupa em poupar dinheiro.Para 46% dos entrevistados, as atividades de lazer se tornaram mais frequentes com a chegada da terceira idade.Um dos principais gastos, por exemplo, é com viagens - cerca de um quinto investe mais em turismo hoje do que quando era jovem.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013, o número de idosos ativos no mercado de trabalho já soma 7,2% da população brasileira. Em quase uma década, a participação desse grupo aumentou 35,8%.Entre as atividades profissionais, a que a maior parte dos idosos exerce é a agrícola, seguida pelo comércio.
No ano passado, mais de 15,5 mil pessoas com mais de 60 anos se inscreveu no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O aumento é progressivo. Há cinco anos, o número de inscritos era 70% menor.
Segundo o Ministério da Saúde, doenças do aparelho circulatório foi a principal causa de internação de idosos na rede pública e hospitais conveniados ao SUS, em 2014.Confira os principais motivos de internação e causas de morte, segundo o Ministério:
Causas de Internações de Idosos | |
---|---|
1º | Doenças do aparelho circulatório (24,5%) |
2º | Doenças do aparelho respiratório (14,90%) |
3º | Doenças do aparelho digestivo (10,45%) |
4º | Neoplasias (10,38%) |
5º | Pneumonias (8,58%) |
Causas de Morte de Idosos | |
---|---|
1º | Doenças do aparelho circulatório (34,7%) |
2º | Neoplasias (17,24%) |
3º | Doenças do aparelho respiratório (14,51%) |
4º | Doenças cerebrovasculares (10,57%) |
5º | Doenças Isquêmicas do Coração (10,43%) |
Para 77% dos brasileiros, o maior temor sobre a velhice são os problemas de saúde. Além disso, a preocupação financeira figura como a pior parte do processo de envelhecimento. Depois, vem aparência física, nível de responsabilidade e energia.Os dados são de pesquisa da QualiBest a pedido da Pfizer.
No relatório de qualidade de vida para idosos do Global Age Watch 2014, o Brasil ocupa a 58º em um ranking de 96 países. Para chegar nesse resultado, a pesquisa levou em consideração fatores como expectativa de vida, bem-estar psicológico, renda, transporte e segurança.Porém, em matéria de segurança de renda, o país aparece em 14º lugar. A cobertura de aposentadorias é um dos principais motivos para isso - cerca de 86,3% da população acima dos 60 anos tem uma renda fixa.
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