Os 7 estados brasileiros com maior violência contra mulher
Pesquisa conhecida como "Mapa da Violência" mostra estados do Brasil onde há maior número de homicídio de mulheres, entenda por que
Da Redação
Publicado em 27 de julho de 2012 às 06h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h20.
São Paulo – O Brasil é um dos países do mundo com a maior taxa de homicídios femininos, segundo o estudo Mapa da Violência, realizado pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari. É o sétimo país com a maior taxa, para ser exato. Estamos atrás apenas de El Salvador,Trinidad e Tobago, Guatemala, Rússia, Colômbia e Belize. Dentre os estados brasileiros, o Espírito Santo é aquele onde acontecem mais homicídios de mulheres. E os números impressionam: o estado supera duas vezes a média nacional. São 9,4 homicídios em cada 100 mil mulheres, um número quase quatro vezes maior do que o do Piauí, estado que representa o menor índice do país.
No relatório realizado pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz, do Instituto Sangari, alguns dados chamam atenção: no caso de homicídio de homens e mulheres, armas de fogo são as mais utilizadas. A segunda arma mais comum é o objeto cortante ou penetrante, mas eles são mais usados em mulheres (26%) do que em homens (15,5%). No estado do Alagoas, o segundo mais violento para mulheres, a taxa é de 8,3 homicídios em cada 100 mil mulheres.
Segundo o professor Waiselfisz, os estados com os piores números buscam justificar a violência. "Esses são os estados nos quais a vítima se torna culpada. Na verdade, a culpa é da segurança pública. É um absurdo, mas eu já vi secretários de segurança aconselhendo mulheres a 'não se vestir como prostitutas'", diz. No Paraná, a taxa é de 6,3 homicídios em cada 100 mil mulheres.
Segundo o relatório, outra grande diferença entre os assassinatos de homens e mulheres está no local onde eles acontecem. Enquanto apenas 14,7% dos homens sofre de morte violenta em casa, 40% dos homicídios de mulheres acontecem no local onde elas moram. Na Paraíba, os números também impressionam: são 6 homicídios em cada 100 mil mulheres.
Para o professor, "A tolerância do Estado acompanha e promove a violência contra a mulher". Ou seja, falta ação dos estados para que os números de homicídios contra mulheres e violência doméstica diminuam. "Tem que ser feita a transição do privado para o público: acabar com a mentalidade de que o que acontece em casa é particular, que ninguém tem a ver com isso", completa Waiselfisz. No estado do Mato Grosso do Sul, são 6 homicídios em cada 100 mil mulheres.
Nem a capital do país escapou da lista das unidades federativas com maior número de assassinato de mulheres. O Distrito Federal tem 5,8 homicídios em cada 100 mil mulheres. Em seguida, o estado da Bahia aparece em oitavo lugar, com 5,6 homicídios em cada 100 mil mulheres. Os maiores centros urbanos brasileiros, em contra partida, estão entre os menos violentos: o Rio de Janeiro está em 25º lugar dentre as 27 unidades federativas (3,2 homicídios em cada 100 mil mulheres) e São Paulo aparece em penúltimo lugar na lista (3,1 homicídios em cada 100 mil mulheres). O estado brasileiro com a menor taxa é o Piauí, que tem 2,6 homicídios em cada 100 mil mulheres. "No Piauí, há um empenho e uma forte política de intolerância da violência", explica o professor. "A maior parte dos casos de violência contra mulher vem de um parente dela. É uma questão 'cultural' que não pode ser tolerada", completa.
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