Mourão diz que militar com cocaína "estava trabalhando como mula"
Vice-presidente diz que militar preso na Espanha não embarcaria no voo de Bolsonaro ao Japão e que as Forças Armadas não estão imunes ao "flagelo da droga"
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de junho de 2019 às 14h21.
Última atualização em 27 de junho de 2019 às 10h27.
Brasília - O presidente da República em exercício, Hamilton Mourão , disse na manhã desta quarta-feira, 26, que o sargento da Aeronáutica preso na terça-feira, 25, por transportar drogas na bagagem não embarcaria no voo do presidente Jair Bolsonaro ao Japão, mas que a tripulação estaria no avião de volta do chefe do Executivo. O chefe do Executivo viaja ao país asiático para participar da cúpula do G-20.
"Não (ao responder se ele embarcaria no avião da ida), o que acontece quando tem essas viagens, vai uma tripulação que fica no meio do caminho, então, quando o presidente voltasse do Japão, essa tripulação iria embarcar no avião dele. Então seria Sevilha-Brasil", disse Mourão, ao ser questionada pela imprensa.
O episódio, que criou desconforto ao Palácio do Planalto, levou o governo brasileiro a mudar a escala do presidente de Sevilha para Lisboa.
Mais cedo em entrevista à Rádio Gaúcha, Mourão disse que as Forças Armadas "não estão imunes a esse flagelo da droga". "Isso não é a primeira vez que acontece, seja na Marinha, seja no Exército, seja na Força Aérea. Agora a legislação vai cumprir o seu papel e esse elemento vai ser julgado por tráfico internacional de drogas e vai ter uma punição bem pesada", disse o vice de Bolsonaro.
Ao falar novamente com a imprensa, Mourão voltou a afirmar que a corporação não está imune a situações como essa. "Foi o que falei hoje, essa questão do tráfico de drogas atinge a sociedade como um todo, e as forças armadas não é um agrupamento que vieram de Marte, eles pertencem aqui a nossa população e estão sujeitas, a toda... seja para o consumo seja para o tráfico", disse o presidente em exercício.
A prisão do sargento ocorreu na escala na Espanha, durante o percurso para o Japão. O sargento preso embarcou em Brasília, no avião reserva da Presidência, o Embraer 190, do Grupo de Transportes Especiais, da Força Aérea, e que transportava três tripulações de militares para a missão presidencial. O militar preso não trabalha na Presidência da República, mas na FAB, e no avião exerce a função de comissário de bordo.
"Aquilo não é avião presidencial, inclusive para vocês saberem, o avião que o presidente decolou ontem, esse avião decola, faz pra ver se está tudo bem, desce e é lacrado. Só é aberto novamente quando presidente está para embarcar", disse Mourão.
Ele afirmou ainda que, "pela quantidade de droga" que o sargento estava levando, "ele não comprou na esquina e levou". "Ele estava trabalhando como mula e uma mula qualificada", comentou o presidente em exercício.