Mourão busca solução pacífica para Maduro ir embora da Venezuela
Vice-presidente disse que o Brasil não cogita "em hipótese alguma" permitir que EUA usem território para intervenção no país em crise
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 17h18.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2019 às 17h21.
São Paulo - O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão , defendeu nesta segunda-feira, 25,uma solução pacífica para a crise na Venezuela e afirmou que é preciso "buscar caminhos" para o presidente Nicolás Maduro "ir embora" do país, juntamente com membros mais próximos de seu governo, e com isso ter início uma transição rumo à democracia. As afirmações foram feitas em entrevista para a Globonews em Bogotá, na Colômbia, onde foi participar da reunião do Grupo de Lima para discutir a situação venezuelana.
Mourão foi questionando na entrevista se o Brasil abriria seu território para tropas americanas entrarem na Venezuela, caso ocorra um conflito armado. O vice-presidente rechaçou a possibilidade, destacando que precisa de aprovação do Congresso e que a maior parte do governo é contra tal medida. "O Brasil não considera isso em hipótese alguma."
"O Brasil vai buscar de todas as formas que não haja conflito", disse Mourão, destacando que o Planalto buscará trabalhar em cima de pressão diplomática e política, como o não reconhecimento do regime de Maduro e o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino.
"Seria ruim trazer clima da guerra fria para dentro do continente", disse Mourão ao ser questionado sobre "atores estranhos" novos na região, como a Rússia. "São os outros países, as grandes potências, que têm interesse na Venezuela", disse ele.
Mourão afirmou em sua conta no Twitter que o Brasil tem um importante papel a desempenhar para que a paz e a segurança dos países do continente americano sejam mantidas.
"Considerada nossa estatura político-estratégica na região, a tarefa não é somente liderar uma iniciativa de preservação da paz e da segurança nas Américas, mas oferecer o valioso exemplo de uma ação conjunta, equilibrada, prudente e consistente para superar a crise na Venezuela", escreveu Mourão.
Mais cedo, também pelo Twitter, o vice-presidente havia dito que trabalhará para uma solução pacífica da crise venezuelana, mantendo a "linha de não intervenção". Mourão afirmou que o País agirá em conjunto com outras nações para pressionar a Venezuela pelas vias diplomática e econômica. "Sem aventuras", destacou.
Ainda na entrevista, Mourão foi questionado sobre um paralelo em relação ao diálogo entre Donald Trump e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-um, que se encontram esta semana, e a Venezuela. "O diálogo EUA e Coreia do Norte está muito centrado na questão nuclear, uma vez que a Coreia é uma potência nuclear", disse ele, ressaltando que tem dúvidas se Maduro teria interesse em falar com Trump e vice-versa.
Sobre o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também presente na entrevista, afirmou que é um "grande líder" e está mobilizando o povo venezuelano para uma "transição democrática". "Antes não existia essa alternativa a Maduro", afirmou o chanceler brasileiro.