Número de novos alunos no ensino superior cai 6,1%
Número de matrículas no ensino superior de graduação chegou a 8 milhões em 2015 no Brasil, segundo Censo da Educação Superior
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2016 às 15h23.
São Paulo - O número de matrículas de novos alunos do ensino superior brasileiro caiu 6,1% em 2015, segundo dados do Censo da Educação Superior, divulgados nesta quinta-feira (6) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
Além da diminuição do número de ingressantes, o país também registrou um baixo crescimento no total de matrículas (que leva em conta calouros e veteranos) na graduação. Em 2015, o total de alunos matriculados cresceu apenas 2,5%, alcançando o número de 8 milhões ante 7,8 milhões em 2014.
O crescimento foi impulsionado apenas pela rede privada, que teve uma pequena alta de 3,5% no total de matrículas, saindo de 5,8 milhões em 2014 para 6 milhões em 2015.
No entanto, as taxas da rede pública são ainda mais preocupantes: o número total de matrículas teve uma queda de 0,5%, saindo de 1,96 milhões em 2014 para 1,95 milhões em 2015.
Novas matrículas
Após um aumento em 2013 e 2014, o total de ingressantes apresentou em 2015 uma queda de 6,1%, quando mais de 2,9 milhões de calouros ingressaram em cursos de educação superior de graduação. Desse total, 81,7% deles estavam em instituições privadas.
O número de ingressos caiu tanto na modalidade presencial quanto na modalidade a distância. Na modalidade presencial, o decréscimo foi de 6,6% entre 2014 e 2015 (de 2,38 milhões para 2,22 milhões) enquanto na modalidade a distância a queda foi de 4,6% no mesmo período (de 727 mil para 694 mil).
Concluintes
Já o número de concluintes teve um aumento de 11,9% em 2015, quando 1,15 milhão de alunos concluíram a graduação ante 1 milhão em 2014.
Na rede pública, o total de concluintes também registrou um recuo de 0,8% enquanto na rede privada a variação de aumento foi de 15,9%.
O Inep divulgou, neste censo, o acompanhamento da trajetória dos alunos que ingressaram em 2010 no ensino superior, levando em conta dados de permanência e de conclusão até 2015. Os dados são alarmantes: dos alunos que entraram na graduação em 2010, 11% desistiram já no primeiro ano. Até 2014, quase metade desistiu dos cursos que haviam optado em 2010.
O Diretor de Estatísticas Educacionais do Ministério da Educação (MEC), Carlos Eduardo Moreno Sampaio, afirmou em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (6) que, em comparação com o cenário internacional, o principal problema do Brasil é o baixo número de alunos concluintes, ou seja, aqueles que chegam ao fim dos cursos. “Nos países da OCDE, a estatística de ingressantes é muito parecida com a de concluintes. Já no Brasil, o número de concluintes é em torno da metade [de ingressantes]”, explicou.
Veja a evolução das matrículas na graduação desde 1980:
Ano | Total de matrículas | Rede pública | Rede Privada |
---|---|---|---|
1980 | 1.377.286 | 492.232 | 885.054 |
1981 | 1.386.792 | 535.810 | 850.982 |
1982 | 1.407.987 | 548.388 | 859.599 |
1983 | 1.438.992 | 576.689 | 862.303 |
1984 | 1.399.539 | 571.879 | 827.660 |
1985 | 1.367.609 | 556.680 | 810.929 |
1986 | 1.418.196 | 577.632 | 840.564 |
1987 | 1.470.555 | 584.965 | 885.590 |
1988 | 1.503.555 | 585.351 | 918.204 |
1989 | 1.518.904 | 584.414 | 934.490 |
1990 | 1.540.080 | 578.625 | 961.455 |
1991 | 1.565.056 | 605.736 | 959.320 |
1992 | 1.535.788 | 629.662 | 906.126 |
1993 | 1.594.668 | 653.516 | 941.152 |
1994 | 1.661.034 | 690.450 | 970.584 |
1995 | 1.759.703 | 700.540 | 1.059.163 |
1996 | 1.868.529 | 735.427 | 1.133.102 |
1997 | 1.945.615 | 759.182 | 1.186.433 |
1998 | 2.125.958 | 804.729 | 1.321.229 |
1999 | 2.369.945 | 832.022 | 1.537.923 |
2000 | 2.695.927 | 888.708 | 1.807.219 |
2001 | 3.036.113 | 944.584 | 2.091.529 |
2002 | 3.520.627 | 1.085.977 | 2.434.650 |
2003 | 3.936.933 | 1.176.174 | 2.760.759 |
2004 | 4.223.344 | 1.214.317 | 3.009.027 |
2005 | 4.567.798 | 1.246.704 | 3.321.094 |
2006 | 4.883.852 | 1.251.365 | 3.632.487 |
2007 | 5.250.147 | 1.335.177 | 3.914.970 |
2008 | 5.808.017 | 1.552.953 | 4.255.064 |
2009 | 5.954.021 | 1.523.864 | 4.430.157 |
2010 | 6.379.299 | 1.643.298 | 4.736.001 |
2011 | 6.739.689 | 1.773.315 | 4.966.374 |
2012 | 7.037.688 | 1.897.376 | 5.140.312 |
2013 | 7.305.977 | 1.932.527 | 5.373.450 |
2014 | 7.828.013 | 1.961.002 | 5.867.011 |
2015 | 8.027.297 | 1.952.145 | 6.075.152 |
Reforma do ensino médio
Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (6), o Ministro da Educação, Mendonça Filho, classificou como “preocupante” o cenário de acesso e conclusão dos cursos de ensino superior no país.
Ele defendeu a reforma do ensino médio, proposta pelo governo Temer, para melhorar o ingresso dos alunos à graduação. “Algo preocupante é que temos o mesmo universo de alunos no ensino médio e no ensino superior. Temos que melhorar o ensino médio para aumentar o acesso ao ensino superior”, afirmou Filho.
Vale lembrar que a reforma do ensino médio tem sido criticada por diversos especialistas especialmente porque foi promovida por meio de uma Medida Provisória, sem discussão com entidades e a sociedade.
Sem verbas
As instituições privadas de ensino superior estão há quatro meses sem receber os recursos do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) e os contratos ainda não foram renovados pelo governo Michel Temer.
O Congresso já adiou por diversas vezes a aprovação do projeto de lei de crédito suplementar que dá recursos extras de R$ 702 milhões ao programa.
O ministro afirmou que vai conversar com a equipe de governo do presidente para avaliar que medidas serão tomadas para a obtenção desse crédito. Ele não descartou a possibilidade de uma nova medida provisória para liberar a verba.
“Os jovens não serão prejudicados [para obter o Fies]. Vamos honrar retroativamente os contratos e a renovacao de contratos”, disse Filho.
Ele afirmou ainda que o governo deve pedir ajuda da base aliada no Congresso para acelerar a votação.
São Paulo - O número de matrículas de novos alunos do ensino superior brasileiro caiu 6,1% em 2015, segundo dados do Censo da Educação Superior, divulgados nesta quinta-feira (6) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
Além da diminuição do número de ingressantes, o país também registrou um baixo crescimento no total de matrículas (que leva em conta calouros e veteranos) na graduação. Em 2015, o total de alunos matriculados cresceu apenas 2,5%, alcançando o número de 8 milhões ante 7,8 milhões em 2014.
O crescimento foi impulsionado apenas pela rede privada, que teve uma pequena alta de 3,5% no total de matrículas, saindo de 5,8 milhões em 2014 para 6 milhões em 2015.
No entanto, as taxas da rede pública são ainda mais preocupantes: o número total de matrículas teve uma queda de 0,5%, saindo de 1,96 milhões em 2014 para 1,95 milhões em 2015.
Novas matrículas
Após um aumento em 2013 e 2014, o total de ingressantes apresentou em 2015 uma queda de 6,1%, quando mais de 2,9 milhões de calouros ingressaram em cursos de educação superior de graduação. Desse total, 81,7% deles estavam em instituições privadas.
O número de ingressos caiu tanto na modalidade presencial quanto na modalidade a distância. Na modalidade presencial, o decréscimo foi de 6,6% entre 2014 e 2015 (de 2,38 milhões para 2,22 milhões) enquanto na modalidade a distância a queda foi de 4,6% no mesmo período (de 727 mil para 694 mil).
Concluintes
Já o número de concluintes teve um aumento de 11,9% em 2015, quando 1,15 milhão de alunos concluíram a graduação ante 1 milhão em 2014.
Na rede pública, o total de concluintes também registrou um recuo de 0,8% enquanto na rede privada a variação de aumento foi de 15,9%.
O Inep divulgou, neste censo, o acompanhamento da trajetória dos alunos que ingressaram em 2010 no ensino superior, levando em conta dados de permanência e de conclusão até 2015. Os dados são alarmantes: dos alunos que entraram na graduação em 2010, 11% desistiram já no primeiro ano. Até 2014, quase metade desistiu dos cursos que haviam optado em 2010.
O Diretor de Estatísticas Educacionais do Ministério da Educação (MEC), Carlos Eduardo Moreno Sampaio, afirmou em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (6) que, em comparação com o cenário internacional, o principal problema do Brasil é o baixo número de alunos concluintes, ou seja, aqueles que chegam ao fim dos cursos. “Nos países da OCDE, a estatística de ingressantes é muito parecida com a de concluintes. Já no Brasil, o número de concluintes é em torno da metade [de ingressantes]”, explicou.
Veja a evolução das matrículas na graduação desde 1980:
Ano | Total de matrículas | Rede pública | Rede Privada |
---|---|---|---|
1980 | 1.377.286 | 492.232 | 885.054 |
1981 | 1.386.792 | 535.810 | 850.982 |
1982 | 1.407.987 | 548.388 | 859.599 |
1983 | 1.438.992 | 576.689 | 862.303 |
1984 | 1.399.539 | 571.879 | 827.660 |
1985 | 1.367.609 | 556.680 | 810.929 |
1986 | 1.418.196 | 577.632 | 840.564 |
1987 | 1.470.555 | 584.965 | 885.590 |
1988 | 1.503.555 | 585.351 | 918.204 |
1989 | 1.518.904 | 584.414 | 934.490 |
1990 | 1.540.080 | 578.625 | 961.455 |
1991 | 1.565.056 | 605.736 | 959.320 |
1992 | 1.535.788 | 629.662 | 906.126 |
1993 | 1.594.668 | 653.516 | 941.152 |
1994 | 1.661.034 | 690.450 | 970.584 |
1995 | 1.759.703 | 700.540 | 1.059.163 |
1996 | 1.868.529 | 735.427 | 1.133.102 |
1997 | 1.945.615 | 759.182 | 1.186.433 |
1998 | 2.125.958 | 804.729 | 1.321.229 |
1999 | 2.369.945 | 832.022 | 1.537.923 |
2000 | 2.695.927 | 888.708 | 1.807.219 |
2001 | 3.036.113 | 944.584 | 2.091.529 |
2002 | 3.520.627 | 1.085.977 | 2.434.650 |
2003 | 3.936.933 | 1.176.174 | 2.760.759 |
2004 | 4.223.344 | 1.214.317 | 3.009.027 |
2005 | 4.567.798 | 1.246.704 | 3.321.094 |
2006 | 4.883.852 | 1.251.365 | 3.632.487 |
2007 | 5.250.147 | 1.335.177 | 3.914.970 |
2008 | 5.808.017 | 1.552.953 | 4.255.064 |
2009 | 5.954.021 | 1.523.864 | 4.430.157 |
2010 | 6.379.299 | 1.643.298 | 4.736.001 |
2011 | 6.739.689 | 1.773.315 | 4.966.374 |
2012 | 7.037.688 | 1.897.376 | 5.140.312 |
2013 | 7.305.977 | 1.932.527 | 5.373.450 |
2014 | 7.828.013 | 1.961.002 | 5.867.011 |
2015 | 8.027.297 | 1.952.145 | 6.075.152 |
Reforma do ensino médio
Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (6), o Ministro da Educação, Mendonça Filho, classificou como “preocupante” o cenário de acesso e conclusão dos cursos de ensino superior no país.
Ele defendeu a reforma do ensino médio, proposta pelo governo Temer, para melhorar o ingresso dos alunos à graduação. “Algo preocupante é que temos o mesmo universo de alunos no ensino médio e no ensino superior. Temos que melhorar o ensino médio para aumentar o acesso ao ensino superior”, afirmou Filho.
Vale lembrar que a reforma do ensino médio tem sido criticada por diversos especialistas especialmente porque foi promovida por meio de uma Medida Provisória, sem discussão com entidades e a sociedade.
Sem verbas
As instituições privadas de ensino superior estão há quatro meses sem receber os recursos do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) e os contratos ainda não foram renovados pelo governo Michel Temer.
O Congresso já adiou por diversas vezes a aprovação do projeto de lei de crédito suplementar que dá recursos extras de R$ 702 milhões ao programa.
O ministro afirmou que vai conversar com a equipe de governo do presidente para avaliar que medidas serão tomadas para a obtenção desse crédito. Ele não descartou a possibilidade de uma nova medida provisória para liberar a verba.
“Os jovens não serão prejudicados [para obter o Fies]. Vamos honrar retroativamente os contratos e a renovacao de contratos”, disse Filho.
Ele afirmou ainda que o governo deve pedir ajuda da base aliada no Congresso para acelerar a votação.