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Mais ricos são favoráveis a descriminalizar aborto; mais pobres são contra

Mesmo que seja majoritário o pensamento do brasileiro em relação à criminalização do aborto, a população concorda com a atual legislação, que permite em algumas exceções, mostra EXAME/IDEIA

Aborto: lei brasileira prevê procedimento em alguns casos. (Sofiia Petrova/Getty Images)
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Gilson Garrett Jr

Publicado em 23 de abril de 2022 às 09h00.

A maior parte dos brasileiros, 55%, é contrária à descriminalização do aborto, segundo dados da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA. Ao colocar uma lupa por classe econômica, entre os mais ricos é majoritário o entendimento daqueles que acham que o aborto não deveria ser crime, com 64% dos pertencentes das classes A e B pensando neste sentido.

Na outra ponta, entre os mais pobres, são maioria os que entendem que interromper uma gravidez deveria continuar no Código Penal, para 75% das pessoas das classes D e E.

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Os números fazem parte da sondagem que ouviu 1.500 pessoas entre os dias 15 e 20 de abril. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-02495/2022. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Clique aqui para ler o relatório da pesquisa.

-(Arte/Exame)

No recorte por faixa de renda, os dados são similares. Entre aqueles que ganham até um salário mínimo, 75% são contrários à descriminalização do aborto. A situação se inverte entre os que ganham acima de 6 salários, com 57% entendendo que o aborto não deveria ser considerado um ato passível de punição.

Entre os gêneros, apesar dos homens serem mais favoráveis à descriminalização em relação às mulheres (55% a 52%), mais da metade considera que a pessoa que faz um aborto deveria sofrer algum tipo de punição.

Mesmo que seja majoritário o pensamento do brasileiro em relação à criminalização do aborto, a população concorda com a atual legislação, que permite em algumas exceções, como em casos como estupro, risco à vida da gestante e quando o feto é anencéfalo (não possui cérebro).

 

-(Arte/Exame)

Faltam dados nacionais recentes

Uma das pesquisas mais recentes sobre o aborto no Brasil foi feita em 2016 pelo Anis Instituto de Bioética e pela Universidade de Brasília (UnB). A falta de estudos mais atualizados dificulta estabelecer e criar políticas públicas para cumprir a legislação atual.

O estudo apontou que 20% das mulheres brasileiras terão feito ao menos um aborto ilegal ao final da vida reprodutiva, ou seja, uma em cada cinco mulheres aos 40 anos terá abortado ao menos uma vez. De acordo com os dados, em 2015, 417 mil mulheres nas áreas urbanas do Brasil interromperam a gravidez, número que sobe para 503 mil se for incluída a zona rural.

A mulher que aborta tem entre 18 e 39 anos, é alfabetizada, de área urbana e de todas as classes socioeconômicas, sendo que a maior parte (48%) completou o ensino fundamental e 26% tinham ensino superior. Do total, 67% já tinham filhos. A pesquisa aponta ainda que a religião professada não é impeditivo para o ato, pois 56% dos casos registrados foram praticados por católicas e 25% por protestantes ou evangélicas.

A publicação do Ministério da Saúde" 20 anos de Pesquisa Sobre Aborto do Brasil", de 2009, também traça um perfil de quem interrompe a gravidez no país. Segundo a pesquisa, as mulheres que abortam com um remédio mais popular são predominantemente na faixa entre 20 e 29 anos, em união estável, com até oito anos de estudo, trabalhadoras, católicas, com pelo menos um filho e usuárias de métodos contraceptivos.

(Com Agência Brasil)

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