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Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro ganha "Oscar" dos túneis

Uma das inovações foi a utilização do Tatuzão híbrido, um sistema inédito que permite a escavação em solo arenoso e em áreas densamente povoadas

Metrô: o terreno dos túneis incluía uma longa extensão de areia de praia cercada por dois trechos de rocha altamente abrasiva (Mario Tama/Getty Images)

Metrô: o terreno dos túneis incluía uma longa extensão de areia de praia cercada por dois trechos de rocha altamente abrasiva (Mario Tama/Getty Images)

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EFE

Publicado em 17 de novembro de 2016 às 17h02.

São Paulo - A inovação tecnológica realizada pelos engenheiros da obra da linha 4 do metrô carioca venceu nesta semana o ITA Tunnelling Awards 2016, maior prêmio da área túneis do mundo e que foi anunciado em Cingapura.

Os vencedores são engenheiros da Odebrecht, líder do Consórcio responsável pela obra, que foi a única realizada no Brasil que disputou o prêmio em 2016.

Foram apresentados dezenas de projetos e, na final, ficaram propostas de cinco países.

O Prêmio é o reconhecimento mundial do trabalho dos engenheiros Júlio Pierri, Alexandre Mahfuz, Carlos Henrique Turolla, além dos consultores Marc Comulada e Ulrich Maidl, que fizeram várias pesquisas no laboratório da obra para adaptar o tatuzão híbrido para escavação em rocha e areia em uma área densamente povoada como é a Zona Sul do Rio.

O ITA Awards premiou a inovação tecnologia da obra com o inédito sistema de escavação utilizado. Para construir 5,2 quilômetros de túnel da Linha 4 do Metrô no subsolo de Ipanema e Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, a engenharia brasileira precisou desenvolver novos métodos que permitissem a execução das obras com menor impacto possível na superfície e sem desapropriar imóveis.

Uma das inovações foi a utilização do Tatuzão híbrido, um sistema inédito que permite a escavação em solo arenoso e em áreas densamente povoadas.

Com a utilização do Tatuzão híbrido (Tunnel Boring Machine EPB - Earth Pressure Balanced) foi possível cruzar uma geologia complexa com eficiência e segurança.

O terreno dos túneis incluía uma longa extensão de areia de praia cercada por dois trechos de rocha altamente abrasiva. A máquina foi fabricada sob medida para o solo carioca pela alemã Herrenknecht.

Ela contou com um diferencial inédito que foi o sistema adicional específico para preparação do solo, como conta Julio Pierri, engenheiro da Construtora Norberto Odebrecht, responsável pela área de engenharia do projeto da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro.

"Usamos pela primeira vez no mundo um EPB em solo arenoso em uma região com muitos prédios e com grande circulação de pessoas e veículos. Antes, o equipamento só havia sido utilizado outras duas vezes nesse tipo de solo, mas em trechos curtos e em áreas pouco ou nada povoadas. Para realizar nosso trabalho, criamos um sistema interno para injetar diversos tipos de material para preparar o solo durante a escavação. Um deles foi uma espuma com polímero especial, feita sob medida para o subsolo da Zona Sul do Rio. Isso ampliou a capacidade da máquina em operar na areia, dando maior segurança", explicou.

No desenvolvimento dessa nova técnica de escavação, Julio Pierri trabalhou ao lado dos engenheiros Alexandre Mahfuz e Carlos Henrique Turolla, também da Construtora Norberto Odebrecht, com apoio da consultora MTC.

"O desafio era imenso. Tínhamos que construir o túnel debaixo do leito das ruas, sem passar por baixo de nenhum prédio e com o menor risco possível. Alguns edifícios estavam a apenas 12 metros do túnel. Não tínhamos como usar o Tatuzão Slurry porque era muito arriscado pela possibilidade de provocar abalos severos no solo e pela maior complexidade da operação. O EPB também não tinha um sistema de condicionamento de solo adequado às necessidades do projeto. Por isso, a saída foi desenvolver um modelo de equipamento específico para aquela região, que chamamos de TBM EPB Híbrido", complementa Mahfuz.

O EPB híbrido possibilitou trabalhar com controle da pressão na frente da máquina e minimizar a possibilidade de abalo na superfície ou nas edificações do entorno, além de proporcionar uma considerável redução no volume de materiais usados na preparação do solo e no consumo de energia.

A aplicação desta tecnologia permitiu ainda reduzir o apoio à operação do equipamento, o que era extremamente necessário nesta região completamente urbanizada da cidade.

Considerada o maior legado em mobilidade que a cidade do Rio de Janeiro ganhou com os Jogos Olímpicos, a Linha 4 do Metrô foi a maior obra de infraestrutura urbana realizada nos últimos anos na América Latina.

Construída em seis anos, dentro da média mundial para sua alta complexidade técnica, a nova linha metroviária cumpriu as normas internacionais mais rigorosas para a construção e operação de metrôs no mundo.

O projeto utilizou tecnologias de ponta nacional e internacional para atravessar bairros densamente povoados, com menor impacto à superfície e aos moradores do entorno.

O projeto representa a execução, de uma só vez, de toda a malha de metrô subterrâneo construída na cidade nos últimos 30 anos.

Com a nova linha, cariocas e visitantes passam a ter uma alternativa de transporte rápido, moderno, eficiente e sustentável.

A Linha 4 deve transportar 300 mil pessoas por dia, retirando das ruas cerca de 2 mil veículos por hora/pico em cada sentido do eixo Barra-Zona Sul.

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