Polícia Federal: operação mira irregularidades na Eletronuclear (Pilar Olivares/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2020 às 06h40.
Última atualização em 25 de junho de 2020 às 07h29.
A Polícia Federal está nas ruas na manhã desta quinta-feira para uma nova operação mirando a Eletronuclear e contratos fraudulentos para a construção da Usina Nuclear de Angra 3, segundo a GloboNews. A operação faz parte da Lava Jato.
Chamada de Fiat Lux, a operação mira contratos fraudulentos e pagamentos de propina e é a quinta já realizada. A base é a colaboração premiada de dois lobistas ligados ao PMDB presos em 2017. Um dos principais alvos da operação de hoje seria um ex-ministro. Segundo a Globonews, é o ex-ministro Silas Rondeau, que ocupou o cargo de Ministro de Minas e Energia de 2005 a 2007, durante o governo Lula. Onze equipes da Polícia Federal estão cumprindo mandatos.
Hoje são cumpridos pela PF 17 mandados de busca e apreensão e 12 de prisão temporária nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo e no DF.
De acordo com o jornal O Globo, a Lava Jato pediu o sequestro dos bens dos envolvidos e de suas empresas, no valor de R$ 208 milhões. E, investigadores afirmam que a exigência de propina teve início logo após o Almirante Othon Pinheiro chegar à presidência da estatal. O MPF diz que parte do esquema envolve empresas sediadas no Canadá, França e Dinamarca.
A história da energia nuclear no Brasil é permeada de casos polêmicos que ultrapassam os limites da legalidade. O mais recente episódio envolve as prisões do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco. O avanço do setor nuclear no país se deu em meio a escândalos e crises econômicas, que geraram atrasos de décadas e orçamentos bem maiores do que os projetados inicialmente. Os problemas começaram antes da construção de Angra 1, iniciada nos anos 70. A primeira Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o tema foi instituída em 1956, no governo de Juscelino Kubitschek, sob suspeitas de exportação ilegal de minérios atômicos para os Estados Unidos.
Ainda assim, a ideia de aumentar a participação da energia atômica na matriz brasileira segue de pé e ganha força no governo de Jair Bolsonaro. O projeto de Angra 3 se arrasta há 35 anos. Ele nasceu de um dos arroubos nacionalistas dos tempos da ditadura no governo de Ernesto Geisel. Insatisfeito com a postura dos americanos, os fornecedores dos reatores de Angra 1, que se recusavam a transferir tecnologia, Geisel negociou um acordo com a então Alemanha Ocidental. Dele surgiram as usinas Angra 2 e Angra 3, esta uma obra iniciada em 1984. Dois anos depois, a crise econômica levou à paralisação dos trabalhos. Pesou também na decisão o fato de que a Alemanha vendeu ao Brasil uma tecnologia recém-desenvolvida, que se mostrou ineficiente. A construção da usina seria retomada apenas no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, para depois ser interrompida novamente em 2015, já sob os efeitos da Operação Lava-Jato.
Atualmente, cerca de 70% das obras da usina estão prontas. Desde que os trabalhos foram retomados em 2010, o Brasil gastou 9 bilhões de reais no projeto. Para terminá-lo, são necessários mais 17 bilhões de reais.
O Brasil é um dos 12 países no mundo capazes de enriquecer o urânio. É também dono da sétima maior reserva do mineral, estimada em mais de 300.000 toneladas, distribuídas pelos estados da Bahia, do Ceará, do Paraná e de Minas Gerais.
Mais informações em instantes.