Justiça manda soltar assessores do ministro do Turismo em caso de laranjas
Detidos em prisão temporária, dois ex-assessores e assessor de Marcelo Álvaro Antônio são investigados em suposto esquema de candidaturas laranjas no PSL
Beatriz Correia
Publicado em 1 de julho de 2019 às 19h27.
Última atualização em 1 de julho de 2019 às 21h26.
A Justiça de Minas Gerais decidiu soltar, nesta segunda-feira (1), um assessor especial e dois ex-auxiliares do ministro do turismo, Marcelo Álvaro Antônio . Os três estavam em prisão temporária desde a última quinta-feira (27), quando foram detidos na Operação Sufrágio da Polícia Federal .
Eles são investigados por suspeita de envolvimento em esquema de candidaturas laranjas do PSL de Minas Gerais nas eleições de 2018. Os três também foram indiciados pela PF por falsidade ideológica, uso indevido de verba e associação criminosa.
Um pedido de soltura feito pela defesa de Mateus Von Rondon, Roberto Soares e Haissander de Paula foi negado na última sexta-feira. Nesta segunda, o juiz decidiu não renovar a prisão temporária dos investigados, que era válida por cinco dias.
A Polícia Federal também indiciou pelos mesmos crimes, quatro candidatas suspeitas de participarem do suposto esquema. As ex-candidatas indiciadas são Naftali de Oliveira Neres, Débora Gomes da Silveira, Camila Fernandes Rosa e Lilian Bernardino de Almeida. O total de votos recebido pelas quatro foi próximo de 2.100.
O inquérito será enviado ao Ministério Público, onde pode, ou não, virar denúncia. As penas máximas para os três crimes são de 9 anos e três meses de prisão.
Laranjas no PSL
O esquema foi denunciado pela Folha de S.Paulo. Conforme as investigações da Polícia Federal, o partido, que à época tinha como presidente em Minas Gerais o atual ministro do Turismo, utilizou candidatas em disputas de fachada para acessar recursos de fundo eleitoral exclusivo para mulheres.
Marcelo Álvaro Antônio nega qualquer participação no esquema. Nas investigações, ficou comprovado, entre outros pontos, que uma gráfica utilizada no suposto esquema já não funcionava dois anos antes das eleições. A Polícia Federal apurou ainda que a empresa pertencia a um irmão de Roberto Soares.
Segundo a Polícia Federal, a relação custo por voto entre as mulheres que teriam sido usadas como laranjas no esquema era maior que a registrada entre candidatos que venceram as eleições. O custo médio entre os que venceram era de R$ 10 por voto, enquanto o das candidatas do PSL era de R$ 300.
O Ministério Público de Minas Gerais também investiga o suposto esquema de desvio de recursos do fundo eleitoral.